O passeio, ou não

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- Lauren, o que me estás a esconder? – Os olhos verdes dela já começavam a lançar faísca como se o prado que estava dentro deles, se tivesse a reduzir a erva seca através da raiva que a Briana acumulava.

- Eu não te estou a esconder nada. – Tento ganhar tempo para escolher as palavras certas. – Só não me deste tempo para te explicar.

A loira coloca as mãos na cintura enquanto espera uma explicação e enquanto eu dou voltas á cabeça tentando arranjar um meio de ela não entrar em colapso mental ao saber o que irmão tem andado a fazer e a sentir nestes últimos dias.

Sobra sempre para mim. Bolas, Jace! Amaldiçoou-me mentalmente e solto um suspiro.

- Briana, vamos para dentro. Se ficarem aqui vais ficar com cãibras. – Pego-lhe numa das mochilas e começo a andar para o interior da igreja mas a Briana agarra na outra alça da mochila.

A cara dela parece estar mais calma pois o verde dos seus olhos parece ter voltado ao normal mas isso é apenas um disfarce. Sei que ela ainda tem raiva por eu estar a demorar tanto a responder-lhe.

- Vais contar-me tudo. – Noto que a voz dela está um pouco trêmula e entendo que devo tê-la feito ficar preocupada com o irmão sem razão aparente e que preciso de corrigir o meu erro.

Quando entramos, o Alec sai do elevador e faz a mesma cerimónia de boas-vindas que a Izzy fez a Briana. Isso dá me tempo para com o olhar, indicar ao Alec que precisava de ajuda. Ele apenas franziu o sobrolho mas veio atrás de mim e da loira.

Chegamos ao quarto dela e eu poso as coisas em cima da cama para que ela fique á vontade para arrumar, acontece que quando estou prestes a virar as costas e ir-me embora com o Lightwood mais velho, ouço alguém a pigarrear atrás de mim.

- Lauren...- É, estou feita.

Volto-me para ela e encontro-a com os braços cruzados e a bater a sola da bota no chão de madeira, provocando um ruído um tanto irritante.

- Briana só te peço uma coisa, não descarregues a tua raiva em nós aconteça o que acontecer. – Digo, procurando acalmar o nervosismo que ela sente e que transborda a olhos vistos. – Acontece que o assunto que te vamos falar não vai ser do teu agrado.

Ela senta-se, parecendo um pouco mais acalma, preparando-se também para o pior.

- Ora bem. Hum, o teu irmão há poucos dias teve uma missão em que foi matar um demónio de Eidolon á discoteca do Pandemonium e graças a isso eles foram descobertos por uma rapariga.

- Espera aí! Estás a querer dizer que uma mundi viu-nos? – O Alec acena que sim. – Pelo Anjo, meu Deus.

A expressão dela diz tudo: choque, frustração e talvez um pouco de receio pelo que virá a seguir. A Briana faz sinal para que continue e eu olho para o Alec, esperando um pouco de apoio. Algo que não recebo porque ele parece demasiado ocupado a relembrar todos esses eventos que estão a afetar todos nós neste momento. Enfim, tive de ganhar força confiando nas minhas runas.

- A história como deves calcular não fica por aí. A rapariga foi mais tarde atacada e o teu irmão teve de a trazer para cá. Hoje ela acordou e ele teve de a levar a casa dela por que suspeitam de que ela seja uma caçadora como nós.

A expressão atónica dela era apenas como mais um algoritmo numa equação: mundi Caçadora das Sombras + Jace + Briana, igual a Briana irritada + casal apaixonado.

Ele deve ter lido a equação, que eu tinha feito mentalmente, na minha testa porque, de um momento um momento para o outro, as bochechas dela ficaram quase tão vermelhas como o batom que usava.

Cidade Dos Ossos - Vista Por Outros OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora