A Taça Mortal

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O som do meu telemóvel, dentro da mochila que ficou ao meu lado na cama, acorda-me do meu sonho. Sonho em que eu me encontrava novamente reunida com os meus pais e ficávamos na sala, os três, enroscados num cobertor, com pipocas a acompanhar, e a assistir um filme. Mas quando o ruido do toque começa a zumbir nos meus ouvidos, fico logo mal-humorada por perceber que tudo não passava de um sonho e que eu nunca terei a oportunidade de fazer isso alguma vez na vida.

Esfrego os olhos e espreguiço-me com muita preguiça, para só depois, começar a minha busca pelo telemóvel na minha mochila e consigo finalmente encontra-lo, mesmo com os olhos sonolentos, atendendo logo a seguir a quem me está a ligar, não vendo sequer o nome no visor.

- Bom dia... -Digo, enquanto bocejo e começo a enrolar a bainha da minha sweatshirt, com que acabei por adormecer ontem á noite, nos meus dedos.

- "Lou, onde é que estás!?" – O grito da Briana não melhora muito o meu humor matinal e quase lhe respondo azedamente. – "Não dormiste em casa e desapareceste logo pela manha de ontem. Onde foste?"

- Se falares mais baixo e mais devagar, eu consigo explicar-te isso mais facilmente, não achas? – Respondo, saindo da cama, indo em direção da casa de banho privada dos meus pais.

Ligo a luz e procuro nas gavetas deles, uma escova de dentes e uma pasta dentífrica para tal. Acabo por encontrar uma que ainda se encontra na validade, e nem me dou ao trabalho de pensar em como tal é possível.

- "Ui, mau humor matinal." – Diz ela, a rir-se do outro lado da linha e provocando-me um suspiro pesado e impaciente. – "Olha só para saberes, nós já sabemos onde está a Taça."

Abro os olhos, surpreendida e fico completamente sem palavras com tal revelação. Em menos de uma noite, a nossa equipa conseguiu descobrir a localização da Taça e logo no dia em que decidi tirar uma pequena folga.

- Consegues-me explicar isso melhor? – Peço, sentando-me na beira da banheira para que se por acaso ficar sem força nas pernas devido a mais alguma informação nova e Mega importante, não me magoe. – Utiliza mais expressões e frases mais detalhadas.

Ouço vozes masculinas do outro lado da linha a falarem com a Briana e esta a pedir mais uns minutos.

- "Não te consigo explicar detalhadamente mas ao que parece a Clary descobriu onde como a mãe dela escondeu a Taça ontem á noite." – Explica ela sem grande emoção e com um tom impaciente na voz que faz com os cabelos da minha nuca se arrepiam completamente. – "Nós estamos a ir para lá agora mas eu sinto que algo de mau vai acontecer. Não é como as tuas visões, é mais como um pressentimento incerto."

Temo as palavras dela, porque não é só a Wayland que também se está sentir ameaçada por algo. Eu também estou a ter uma sensação estranha, como se a boca do meu estomago esteja a encolher-se, assim como este. O pensamento aterrorizante de que alguém se pode vir a magoar atinge-me o peito num abrir e fechar de olhos e sou forçada a expulsar o ar que tinha acabado de respirar.

- Briana, vocês vão para lá agora "agora"? – Pergunto impaciente.

- "O que é que te acabei de dizer? É claro que sim!" – Resmunga ela do outro lado, não tendo piedade dos meus tímpanos. – "É melhor eu ir porque os rapazes já me estão a chamar á muito tempo. Despacha-te a chegar. Estamos a ir para a casa da Clary."

- Não! Espera! Bri... - Ouço o bip do outro lado da chamada e percebo que não vou conseguir falar com nenhum dos mus parceiros a partir de agora. Isso coloca-me mais em pânico.

Sinto que os devo impedir de ir àquele apartamento pois há lá algo que o vais magoar seriamente se não estiverem prevenidos e decidirem-se aventurar sem qualquer tipo de cuidado.

Cidade Dos Ossos - Vista Por Outros OlhosOnde histórias criam vida. Descubra agora