Estou deitada na minha confortável e adorada cama, quando um ruido começa a formar-se perto dos meus ouvidos e os raios leves do sol irritam-me as pálpebras dos olhos. É necessários que leve as mãos até a cara para esfregar os olhos antes de os abrir por fim, mesmo que com pouca vontade. O ruido que ouço é apenas o alarme do meu telemóvel a cumprir o seu dever, enquanto eu tenho de realizar o meu que é acordar e desliga-lo.
Os cobertores são tão confortáveis que custa-me a sair debaixo deles, especialmente quando tenho uma t-shirt vestida e umas calças de pijama pelo joelho, que pouco ou nada me agasalham. Quando ontem á noite me deitei, não prestei atenção nenhuma ao vestuário, tal como não tenho prestado atenção a nada ultimamente. O Alec e a Izzy evitam colocar questões acerca do assunto, pois percebem que não estou à vontade, e o Jace está quase sempre enclausurado ou no quarto ou na sala de treino. O meu único apoio por agora tem sido a Briana, sem excluir as raras vezes com que me encontro com o Raphael e que, por acaso, não têm sido muitas por várias razões. Ele tem de manter o clã organizado e unido para qualquer ato do Valentine cometa contra eles, e eu ainda tenho de superar a verdadeira morte dos meus pais.
Já se passou uma semana desde que ocorreu a nossa luta contra o Valentine no hospital de Renwick mas a ferida ainda não se tinha cicatrizado, pelo contrário, continuava bem aberta e a sangrar, ao contrário dos meus ferimentos físicos, dois dos quais eu mesma tinha feito quando cheguei a casa e parti o espelho da casa de banho e tantos outros objetos que se podiam partir no meu quarto. Quando os outros chegaram e viram que tinha as mãos a sangrar e já as tinha esfregado na cara e também pela roupa que trazia vestida, tiveram que traçar-me uma runa de cura e outra de sono, enquanto me arrumavam o mais que podiam os restos inúteis do caus que eu tinha causado por aqui.
É verdade que agora já me encontro melhor, menos nervosa e depressiva como estava nos três primeiros dias, mas com o esforço da minha família adotiva, acabei por cair em mim e nas atitudes ridículas que estava a fazer. Nada que eu fizesse agora os iria trazer de volta e eu sei que onde quer que eles estejam, estão num sitio melhor do quando estavam presos a uma maldição. Ou pelo menos, é isso que me forço a pensar de cada vez que as forças me deixam.
- Por que é que eu hoje não fico na cama? – Falo alto, para que isso me ajude a pensar melhor. – Nem tenho nada para fazer.
Já estou outra vez a cobrir-me com os cobertores quando sinto a minha pulseira, a que o Raphael me deu antes de eu embarcar na minha ultima aventura e com a qual eu sempre durmo desde então, a piscar num tom prateado brilhante, lançando pequenos reflexos ondulantes azuis. Ele tinha-me explicado que quando isso acontecia, significa que um de nós ativou a ligação entre elas, logo, estamos a lançar um sinal de que queremos nos encontrar.
Observo, maravilhada a pulseira, vendo os seus reflexos a transformarem-se constantemente, até agarrar no telemóvel, que ainda repousa na minha mesa-de-cabeceira. Disco o número do Raphael, que passou à Briana depois da minha crise, para o caso de acontecer mais alguma coisa comigo, e espero que ele atenda a ligação. Ao fim de três toques, ouço por fim a voz rouca dele.
- Boa tarde, amore.
- Olá. – Ele parece estar cheio de energia mas eu ainda não consigo ficar contagiada por ela. – Aconteceu alguma coisa?
É me possível ouvir o som de buzinas e motores dos carros vagueando pelas ruas logo, fico preocupada com o que ele poderá andar a fazer, uma vez, e como toda a gente sabe, os vampiros não suportam a luz do sol e são severamente feridos se ficarem expostos a ela e, se for em quantidade demasiada, podem acabar morrendo.
- Nada de mais. Não te preocupes. – Diz ele, começando a rir do outro lado. – Queria saber, não há problemas em te ir buscar ao instituto para irmos dar uma volta, certo?
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Cidade Dos Ossos - Vista Por Outros Olhos
FantasyAcreditam no mundo com demónios e anjos? Acreditando ou não, Lauren vive num mundo como esse juntamente com os seus amigos, Jace, Izzy e Alec. No entanto durante uma missão, a rotina dos quatro alterasse completamente. Segundo Livro "Cidade Escura":...