A minha cabeça volta a ficar mergulhada em pensamento e decisões que devo tomar ou não, tal e qual como uma montanha russa. Saber que qualquer passo em falso e tudo aquilo por que lutamos e conhecemos até aos dias de hoje pode ser destruído devido aos interesses maléficos de um homem completamente passado do cérebro, não me acalma em nada. Sinto falta do ar fresco, que me ajuda a raciocinar e acalmar mas não devo abandonar os meus amigos, especialmente o Jace que se encontra ferido.
Acabo por me decidir a ir verificar se está tudo bem com a única família que me resta e acabo por ver o Jace e a Clary nos seus respetivos humores habituais. Ao ver essa imagem á minha frente, acabo por ficar de certo modo aliviada por ainda haver alguma coisa remanescente do passado no presente de todos nós.
Não dou muita atenção ao Simon, pois não me vejo na responsabilidade de tal coisa, mas sou educada de modo a perguntar ao geral se está tudo bem com eles:
- O Jace parecia querer uma enfermeira de graça mas recusou a oferta á última da hora. – Replica o Simon, com um sorriso divertido e desconfiado nos lábios. – Vocês são sempre assim quando se trata de pessoas feridas? É que isto é muito melhor que o hospital.
- Acredita, meu caro Simon, estás a ser demasiado mimado, até mesmo para um mundi envolvido no nosso mundo. – Respondo, num tom um pouco áspero mas ao qual me esforço por não lhe dar esse aspeto, uma vez que estou cansada de qualquer que seja a luta. – Aliás, os mundis não têm sequer direito a saber o que nós somos por muitas razões. Uma delas: porque ficariam demasiado gananciosos e tentariam usufruir do mesmo poder que nos foi dado pelos nossos antecessores; e a outra, é que a curiosidade pode matar o gato, neste caso o rato.
Ele não gosta da minha última frase, vejo-o pelo modo como me dirige uma expressão colérica mas logo acaba por baixar a cabeça. Por uma vez nesta semana, sinto-me realmente vitoriosa mas, por outro lado, começo a sentir uma sensação desconfortável no peito. Talvez por saber que fui longe demais.
De facto, o Simon só anda connosco por causa da Clary e, ainda não sei ao certo, se por causa da Isabelle. O modo como ele se preocupa com a Clary, ou tenta receber a atenção dela, é o que o faz agir por impulso e por isso é que se mete em problemas nos quais ele não tem quaisquer hipóteses de sair inteiro, senão vivo, sendo que eles são parte do nosso dever no mundo.
- Já percebi que não agi corretamente. – O moreno sussurra isso tão baixo que quase nem o consigo ouvir. – Peço desculpa. A todos vocês.
Começo realmente a sentir pena do estado em que o Simon se encontra.
A Clary, que está agora a acabar de traçar uma runa de iratze, também o olha preocupada e chego a pensar que ele está apenas a fazer-se de coitadinho para que ela fique preocupada com ele e lhe dê mimos, mas percebo logo que não é disso que se trata. O Simon está mesmo arrependido das parvoíces que têm feito ao longo do tempo que tem estado connosco.
Aproximo-me dele e estendo-lhe o meu braço direito, com a minha mão esticada. Ele e a Clary observam-me surpresos, mas estou decidida a não dar a parte fraca da situação. Mesmo que tenhamos uma rivalidade entre nós devido ás diferenças dos nossos pontos de vista e também da nossa personalidade, sei que, enquanto tivermos a Clary do nosso lado, o Simon vai manter-se fiel ao grupo. Como já me enganei uma vez a fazer um acordo, sei que este não me trará consequências.
- Pacto de tréguas, por enquanto. – Explico, enquanto fixo, decidida, os olhos castanhos do mundano. – Já estou saturada de confusões e, uma vez que estás já demasiado envolvido nesta trapalhada, proponho tréguas entre as nossas rivalidades.
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Cidade Dos Ossos - Vista Por Outros Olhos
FantasíaAcreditam no mundo com demónios e anjos? Acreditando ou não, Lauren vive num mundo como esse juntamente com os seus amigos, Jace, Izzy e Alec. No entanto durante uma missão, a rotina dos quatro alterasse completamente. Segundo Livro "Cidade Escura":...