Então fomos procurá-la, e finalmente a encontramos como sempre enfiada na biblioteca, com algum romance trágico cobrindo seu rosto, o que não era novidade. Nos sentamos ao seu lado, que se assustou com a abordagem, e Abby foi logo de cara abrindo o jogo, fazendo questão de contar toda a história, inclusive a parte recente da discussão com Savannah, da qual Dakota também tinha asco.
E eu estava lá do lado delas apenas com meu corpo, porque minha mente estava totalmente longe dali, pensando, lembrando, refletindo, e com uma vontade enorme de sumir da face da terra pra não ter que passar algo assim outra vez. Por mais que eu tivesse o semblante de alguém que não costumava se importar, eu sentia muito intensamente, raiva, tristeza, alegria, quando eu sentia cada um desses, era sempre em dobro.
-London, olha aqui pra sua amiga e presta bem atenção no que eu vou te falar. -alertou Dakota, surgindo com uma ideia.
-Ok, tô pronta, pode falar. -respondi.
-Nenhuma Savannah Messer é melhor do que você, e eu estou generalizando aqui, porque você sabe que ninguém é melhor do que ninguém, ainda mais se tratando dela. Mas voltando ao que interessa, você pode ter "perdido" uma batalha contra ela, mas a guerra não meu amor, a gente ainda pode virar esse jogo a nosso favor, acredite, ainda mais com o que estou maquinando aqui...
-Ah, fala logo Dakota, no que é que você está pensando? -perguntou Abby, curiosamente impaciente.
-Precisamos de um bom motivo para aproximar você dele, certo? -questionou ela.
-Certo. -respondi -Precisa ser um ótimo motivo, nada que o faça perceber meus sentimentos logo de cara, pra não assusta-lo e acabar o afastando por precipitação. Isso sería péssimo.
-Então eu estava pensando, que nada melhor do que... -pausou para um suspense dramático. -O Connor!
-O Connor? Mas o que ele tem a ver com a história? -perguntei.
-Mas isso é tão óbvio London: ele e o Matth são melhores amigos, e o Connor tem uma quedinha incubada por você desde aquele jogo que fizemos no sexto ano. Daí é só juntar 2 mais 2 e pronto, você vai ter a sua ponte até o Matthew! Me diz se eu não sou um gênio? -perguntou ela se orgulhando de seu plano após expor ele para a gente.
Na minha mente aquilo fazia sim algum sentido, mas também me parecia um risco, uma loucura completa. O Connor era um idiota, e eu estava fugindo dele de todas as formas desde a primavera, quando nos aproximamos pela última vez por conta de grupos de um trabalho, e ele conseguiu estragar tudo. Eu não tinha motivos para me sentir mal por brincar com ele depois do que ele me fez, mas eu estava com pé atrás.
-Mas, isso me parece maldade Dakota, eu não posso usar uma pessoa desse jeito, mesmo que essa pessoa seja o Connor. -afirmei.
-Então vai lá, deixa a Savannah passar na sua frente mais uma vez e esfregar o seu novo namorado na sua cara. Aí você vai perder sem nem se quer ter lutado pelo seu verdadeiro amor, é isso mesmo que você quer? Perder o garoto por quem você é apaixonada, logo para a sua inimiga declarada de infância?
-London, não tem nada de mal nisso, vale a pena tentar se for pela sua felicidade. Pode sim parecer loucura, mas é a opção mais realista se for parar pra pensar. -concordou Abby, tentando me convencer.
Minha cabeça já estava girando com toda aquela história, depois do baque que foi a conversa no banheiro, e eu realmente precisa parar um pouco e ficar sozinha para pensar se eu chegaria a esse ponto, se eu seria capaz de algo assim, de tomar medidas tão desesperadas...por amor.
-Gente calma, eu acho que preciso ir pra casa, eu não estou nada bem e além do mais eu quero pensar melhor nessa sua ideia maluca de usar o Connor de marionete. É muiga coisa pra minha cabeça em uma só manhã.
-Vai amiga, vai pra sua casa, respira, relaxa e pensa, pensa bem, mas pensa mesmo. Pensa em cada humilhação que a Savannah já te fez passar, e pensa também nas brincadeiras de mal gosto do Connor, no que ele fez ano passado pra se vingar, só porque você não o correspondia, pensa que você não vai estar fazendo nada mais nem menos do que já te fizeram, e eles já fizeram bem pior. -tentou Dakota novamente.
-E-eu preciso ir, preciso ficar sozinha pra digerir tudo isso. -disse virando-me de costas e saindo de lá praticamente correndo.
Abri a porta da biblioteca bruscamente sem nenhum foco, às pressas, e acabei sendo puxada de volta pela mão, por ninguém mais, ninguém menos que ele.
-Ô ô ô, London, tá tudo bem? -perguntou ele assim que parei em sua frente, olhando com preocupação nos meus olhos, tão profundamente que eu podia sentir minhas pernas ficando bambas.
Fraquejei naquele momento e senti uma enorme vontade de abraçá-lo e dizer que não, que não estava nada bem, e que era tudo por culpa dele. Mas não foi isso que eu fiz, porque não tinha coragem o suficiente. então disse apenas:
-Está tudo bem sim Matth, obrigada por perguntar. - respondi soltando minha mão da sua com dor no coração, e fui andando pelo corredor, morrendo de vontade de voltar atrás a cada passo que eu dava para frente.
O que me deu forças para conseguir chegar em casa, foi ter virado de costas em um dado momento, e ver que ele ainda estava ali parado, me observando. E um singelo sorriso foi dado, quando nossos olhares se cruzaram, mesmo há metros de distância.
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A garota mais incrível da cidade
Romance1° Livro da série "Garotas incríveis" Sinopse: London Clark é uma adolescente de 16 anos que vive uma vida sem emoções. Ela tem apenas duas amigas, é invisível na escola e trabalha de garçonete na lanchonete de seu pai. Mas quando ela pensa que es...