a garota mais incrível da cidade

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-London, já deu com essa música, né linda? -disse Italy fechando o computador na minha frente.

-Não, não, essa música me encoraja, me faz sentir mais confiante, é a música que estava ouvindo no dia em que ele apareceu na lanchonete. Você viu que no clipe, a camareira que tinha uma vida super chata, vive tudo isso com o cara que ela se apaixona? Queria que fosse assim comigo. -confessei.

-Como assim, do que você tá falando? -perguntou ela revirando os olhos. -Eu só sei que você já deu replay nisso umas 15 vezes, e eu estou tentando ler minha fanfic em paz enquanto você fica aí criando a sua na cabeça.

-Ué, tem a sala...

-London! -exclamou ela, impaciente.

-Tá bom, me desculpa, mas é que é complicado, bem complicado na verdade. É uma longa história.

-Eu tenho todo o tempo do mundo, se é que você ainda não percebeu. -respondeu ela, curiosa.

-Ok então, resumindo: eu gosto muito de um garoto, de um jeito que eu nem achava que fosse possível de se gostar de alguém. Mas a minha pior inimiga também gosta dele, e ela é maravilhosa, não como pessoa, nem de personalidade, de personalidade é uma desgraça só, mas ela é linda, é líder de torcida, é popular, e eu simplesmente não posso com ela. Só que eu preciso que ele me convide pra ir ao baile, não só pra provar a essa garota que eu consigo, mas porque eu realmente quero ir com ele, eu não suportaria a ideia de vê-lo com outra garota nesse mundo além de mim. Mas ele é muito desligado e nem é por mal, mas tenho medo de que ela vá lá e ataque antes mesmo de eu tentar alguma coisa, o poder de persuasão dela é inquestionável. -expliquei, contando em partes.

-E então o que você está fazendo aí sentada na frente desse computador assistindo esse clipe pela milésima vez? Pelo amor de Deus London, você tem que agir garota, se acha que não tem chance, vai ter muito menos desse jeito, reage irmã! -incentivou ela, empolgada.

-Eu sei, eu sei...Mas essa é a vida real, não é fácil como você lê nas suas fanfics ou nos finais de dorama. E pode deixar, eu não vou desistir disso, só preciso pensar em algo. -desabafei. -Eu quero tanto isso que você nem imagina, mas agora nós temos que ir pra lanchonete que já tá na nossa hora. -afirmei, me levantando para ir trocar de roupa.

Depois dessa conversa eu fiquei me perguntando: do que adianta ter vontade se eu não tenho coragem? Preciso ser mais ousada, me arriscar mais, tentar mais. O medo de quebrar a cara é grande, mas o de partir o coração é maior.

Eu precisava realmente agir, eu não queria perder pra Savannah, mas a questão não era perder pra ela, a questão era que eu não queria perder o Matth. Eu já gostava tanto dele, de verdade, ele estava em 99% dos meus pensamentos, conquistando cada vez mais espaço dentro do meu coração, ele era tão especial pra mim, especial de um modo que seria impossível vê-lo com outras garotas, doeria demais para eu aguentar, só de pensar em possibilidades como essas eu já sentia até vontade de chorar.

Mas voltando a vida real, Italy ainda não conhecia praticamente nada na lanchonete, no máximo ela sabia informar onde ficava o banheiro, por isso ela apenas ficou do meu lado no balcão, me acompanhando enquanto eu ia anotar os pedidos e manda-los pra cozinha, tentando aprender alguma coisa útil para poder ajudar também. Meu pai havia me pedido pra ter paciência com ela, mas nem tinha necessidade, ela era legal demais pra que eu sequer sentisse vontade de chamar sua atenção.

E estávamos lá numa boa, conversando enquanto o movimento permanecia fraco como qualquer noite de quarta-feira. Permanecemos sentadas, como boas amigas fofocando sobre a vida, até que eu dei uma rápida olhada para a porta se abrindo, como fazia com qualquer cliente e... Meu coração, isso só podia ser mentira, devia ser pegadinha, ilusão de ótica. Eu estava vendo uma miragem, isso é uma miragem, só podia ser!

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