Capítulo 19 - A sala negra

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A sala negra

Ao tomar conhecimento de que o exército dos lobos não havia conseguido capturar uma única fada, a Rainha Zerda decidiu que retornaria ao seu reino, rejeitando definitivamente o pedido de casamento do Rei Rufus. Gritava pelos corredores do castelo alardeando a incompetência do General Signatus. Surrava os escravos exigindo que seus pertences fossem acomodados de volta nos baús e o transporte preparado para seu imediato retorno. O rei, incomodado com o comportamento histérico da rainha, tentava acalmá-la, no entanto, tudo o que conseguia era deixá-la ainda mais furiosa.

- Minha amada, controle-se, vamos conversar. – o rei disse na tentativa de convencê-la a ficar.

- Eu não vou me controlar e não fique repetindo isso atrás de mim! Sinto-me traída pela segunda vez. – ela esbravejou.

- Isso não é verdade! – ele tentou justificar-se – Na primeira vez, a pobre infeliz caiu de exaustão e eu só lhe decepei as asas porque... – mas o rei não continuou a frase, arrependendo-se do que havia dito.

- O senhor está insinuando que a culpa da mediocridade daquele ser é minha? – a rainha lançou ao rei um olhar de fuzilamento. – Eu vim aqui para ser ofendida?

- Não foi isso que eu quis dizer minha querida. – o rei tentou se desculpar.

- Mas foi exatamente o que disse!

- Deve haver alguma maneira para eu me redimir, provisoriamente, até que possamos investir novo ataque contra as fadas. Já lhe disse que não esperávamos uma aliança entre fadas e dragões. – o rei disse isso quase que para si mesmo, parando e refletindo sobre o assunto.

A Rainha sentou-se e manteve-se em silêncio por alguns instantes, admirando a própria imagem diante do espelho.

- O senhor tem razão. Infelizmente terei que concordar com o que disse. Uma aliança entre dragões e fadas é algo totalmente inexplicável. Os dragões sempre foram reservados, alguns até saem do bando, mas tornam-se mercenários solitários, não fazem alianças. – a Rainha Zerda arranhou a ponta da unha em forma de garra no espelho, gerando um som estridente e incômodo.

O rei se encolheu ligeiramente por causa do som, mas logo se recompôs.

- Eu lhe ofereci dez soldados para que possa fazer com eles o que quiser.

- Eu não quero soldados para torturar ou matar, eu quero fadas! – a rainha fez um bico de pirraça e olhou para o rei através do seu reflexo no espelho. – O senhor me prometeu como presente nupcial!

- Minha amada, eu hei de cumprir a promessa que fiz, só lhe peço um pouco mais de tempo. Agora, teremos que montar outra estratégia! – ele se aproximou da rainha por trás e colocou suas mãos sobre os ombros dela. Ambos olharam-se pelo reflexo no espelho. – Aceite os soldados por enquanto.

- Não! Prefiro aguardar que cumpra sua promessa. – e com os olhos cerrados enquanto o encarava, a rainha retirou as mãos do rei de seus ombros. – E como pensa em fazer isso, agora que as fadas se refugiaram com os dragões? Ninguém consegue entrar na aldeia deles!

- Os gigantes são nossos aliados e temos alguns dragões que se bandearam para o nosso lado!

- Ah, gigantes? O que lhes sobra em tamanho lhes falta em cérebro! – a rainha bufou – e dragões traidores perdem o acesso à aldeia.

- Há também nossos cientistas que estão trabalhando nisso. Nenhum povo é mais avançado tecnologicamente em Wicnion do que os lobos! – o rei disse vaidoso.

- Besteira! Nem toda a tecnologia é capaz de superar o conhecimento dos dragões em manipular energia!

O rei preparava-se para contra argumentar quando um de seus conselheiros entrou no quarto com o olhar aflito, fazendo-lhe uma rápida reverência.

O Portal de Anaya - Livro 1 - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora