Capítulo 11 - A caminho da Colônia Provisória

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Estamos chegando? – Julianna estava impaciente.

– Mais um pouquinho – Zogham não queria mentir novamente, já extrapolara sua cota de deslizes.

– Quanto tempo? – e analisando os símbolos e as imagens do painel, ela apontou para um que tinha a imagem de uma flor. – Para que serve este aqui?

– Não toque em nada! – Zogham segurou a mão de Julianna.

– Ei! – ela puxou a mão com força e fez uma careta. – Eu não ia tocar, só estava apontando para ele! – Julianna insistiu na pergunta. – E você ainda não me disse quanto tempo.

– Esta flor conduz ao jardim suspenso. E pare de perguntar quanto tempo. Não dá para fazer relação entre o tempo da Terra e o tempo daqui! – ele falou em tom de bronca, como um pai falando com um filho.

– Por que não? – ela continuou a insistir como uma criança teimosa.

– Sem perguntas – ele respondeu firme.

Julianna fez outra careta e repetiu a frase de Zogham tentando imitá-lo.

– Sem perguntas. Que saco!

– Você não deveria falar assim – ele disse mantendo o tom de repreensão.

– Por quê? Se eu me comportar mal vou para o Inferno? – ela falou com deboche.

– Você está se comportando como criança – ele não sabia mais o que fazer para diminuir a ansiedade dela.

– E você vai fazer o quê? Vai me...

– Chegamos! – Zogham deu um suspiro aliviado, ele não estava gostando do rumo que aquela conversa estava tomando.

– Finalmente! – ela comemorou.

A cabine multidirecional se abriu e diante deles surgiu um corredor tubular, onde uma esteira de luz foi acionada. Zogham segurou a mão de Julianna e ambos se deixaram conduzir pela esteira. Ela olhava em volta curiosa, mas nada tinha para ser visto. O corredor era metálico, frio e impessoal, mas ficou admirada com a luz sob seus pés, parecia que estava flutuando. Já estavam se aproximando do final dele quando uma porta começou a se abrir lentamente. Do outro lado, havia uma sala ampla, com pé-direito alto e decoração austera. Grandes quadros com molduras douradas ocupavam toda a parede da esquerda, cada um tinha a imagem de alguém. No entanto, ao olhar mais atentamente, Julianna percebeu que nem todos pareciam humanos. Ela parou por um instante tentando compreender um dos rostos que, a seu ver, poderia ser comparado ao de um lobisomem, quando Zogham comentou:

– São todos ex-diretores da Colônia Provisória. Menos aquele ali – e apontou para o primeiro quadro, que ficava no centro da parede ao alto, acima de todos os outros. Era uma face muito clara, que parecia feita de pura luz, olhos pequenos e pretos, sem nariz e com lábios muito finos. – Ele foi o fundador da colônia, um Sublime.

– Um o quê? – de novo uma palavra que ela não compreendia. – Vocês têm funções muito estranhas por aqui. Meu pai é um Energizador, e agora isso, um Sublime!

Zogham explicou pacientemente.

– Um Sublime é a fusão de dois seres unidos pelo mais puro e sincero amor. Duas almas que se complementam e se unem para sempre.

Julianna ficou pensativa, admirando o quadro e processando a explicação.

– Ah, para ser sincera, eu me lembro desse termo, também tinha um livro sobre isso na loja onde eu comprei o guia de viagem – Julianna se lembrara do livro com o "profeta" na capa.

Mas a atenção dela logo foi desviada para o teto, de onde pendia um enorme candelabro com centenas de lâmpadas. Zogham a puxou pela mão e, à medida que caminhavam, ela viu que se aproximavam de uma mulher jovem, que estava atrás de uma mesa de madeira com muitos detalhes entalhados, assim como a cadeira na qual estava sentada. Ela aparentava a mesma idade de Julianna e era bem exótica, com um nariz muito fino e orelhas extremamente pequenas. Tinha um perfume suave, agradável, que exalava por todo o ambiente. Ela se levantou e ao colocar as mãos sobre a mesa, Julianna percebeu que seus dedos eram mais longos do que deveriam, assim como seu pescoço, do qual pendia uma corrente prateada com um crachá. Nele estava escrito "Adália Kuanna – Recepcionista". Com um sorriso brando, que deixou à mostra dentes ligeiramente brilhantes e simetricamente retos, sem caninos, ela se dirigiu a eles:

O Portal de Anaya - Livro 1 - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora