Capítulo 21 - O Conselho Universal

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O Conselho Universal

Na parede de pedra da sala de Mestre Carama, o relógio marcava 1711 de 21 de xali. Em poucas horas começaria a reunião do Conselho Universal e era necessário verificar a segurança do Portal mais uma vez. O teor da reunião era absolutamente sigiloso, pois trataria do nascimento do novo Governador de Wicnion. Todos os voluntários já haviam sido convocados e estavam, atualmente, recebendo as orientações e o treinamento adequado durante o sono. A maioria deles não se recordava do fato de que renasceria em Wicnion e, por isso, não poderia participar da construção genética do corpo físico que habitaria, cabendo exclusivamente aos laboratórios do Portal de Anaya essa tarefa. No entanto, havia um grupo de voluntários que desempenharia papel relevante na retomada de Wicnion e que, portanto, atuaria ativamente em cada etapa do processo a partir da reunião do Conselho.

Todos os convocados haviam sido consultados sobre o interesse em participar da missão e somente os que concordaram com ela é que foram designados como voluntários. Por questão de segurança, a conversa com Mestre Carama foi bloqueada em suas mentes, para evitar vazamento de informação. Era muito importante que Gabhar, o atual Governador de Wicnion, não desconfiasse de nada. Os voluntários nasceriam nas diversas aldeias do planeta e deveriam alimentar os corações de esperança anunciando a chegada daquele que iniciaria a transformação de Wicnion espalhando paz e harmonia por onde passassem.

Devido à diferença vibracional, os espíritos que habitavam Slaggelann e Thartarius não eram capazes de ver os visitantes da Colônia Wicniana que andavam por essas camadas estudando seus hábitos e costumes. Porém, os que vinham da colônia não podiam permanecer nesses locais por muito tempo sem que isso os afetasse energeticamente. Excursões a essas camadas sempre terminavam em longos tratamentos com um Energizador. Mestre Carama sabia que os cientistas do Castelo de Chabon estavam desenvolvendo um aparato que os permitisse enxergar em qualquer frequência e que assim que essa tecnologia estivesse disponível, eles inspirariam os cientistas de Wicnion a desenvolvê-la no mundo físico também. Esse era um motivo mais do que relevante para que o renascimento dos voluntários ocorresse o mais breve possível.

Os habitantes de Slaggelann não buscavam o renascimento. Consideravam-se privilegiados por não habitarem Thartarius e por não terem que se submeter a um corpo físico. A maioria vivia de pequenos serviços prestados, quase sempre envolvendo vingança contra algum indivíduo de Wicnion. Eram invocados pelos carnudos, forma como chamavam os que ainda estavam vivos, mas essas ações representavam riscos para ambos os lados. Aqueles que dominavam a manipulação de energia eram capazes de manter sob seu domínio os espíritos chamados a executar algum trabalho, transformando-os em espectros sem vontade própria. Por outro lado, os que invocavam sem dominar a prática, se sujeitavam aos caprichos dos malfeitores de Slaggelann e, dificilmente, conseguiam se libertar do contrato firmado. Em ambos os casos, o jugo continuava mesmo depois que o opressor ou oprimido, dependendo do caso, atravessava a fronteira da morte.

Wicnion possuía mais de vinte bilhões de habitantes distribuídos em milhares de aldeias, pequenos reinos e dois impérios maiores, os únicos que possuíam cidades estruturadas. No início, cada aldeia adorava ao seu próprio deus mas, à medida que a linhagem dos lobos e dos fenecos foi se espalhando e dominando outras espécies, eles impuseram a adoração a Gabhar, Rei de Thartarius e Governador de Wicnion. Qualquer aldeia que fosse pega adorando outros deuses ou à Fonte Original era dizimada e seus habitantes levados como escravos para as minas de aurita. Mesmo assim, quatro aldeias mantinham a resistência, negando-se a abrir mão de sua cultura, continuando a adorar seus deuses e renegando Gabhar. Eram os humanos, os gwenos, as fadas e os dragões. Esses povos estabeleceram-se em áreas de difícil acesso e recorriam à natureza para ajudá-los a manter suas aldeias camufladas, tornando-as esconderijos seguros para seus descendentes.

O Portal de Anaya - Livro 1 - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora