Capítulo 24 - A origem

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A origem

No início Ele era um só e toda a existência estava contida Nele e nada havia fora Dele. Ele não vagava no espaço porque o espaço ainda não existia. Ele não sabia o que era e nem porque era. Sua existência era tudo o que sabia porque sempre existiu. Não havia o antes e, por isso, não imaginava que pudesse haver o depois. Pensava e não pensava. Vivia e não vivia. Não se mexia, porque estava preso em si mesmo. Não havia palavras, porque elas não eram necessárias. Ele apenas sentia, sem dar nome ao que sentia. E assim Ele era desde sempre. Não havia passado, nem presente, nem futuro, pois o tempo não existia, nem mesmo relativamente.

Em meio ao tudo que era, surgiu um incômodo. Já não bastava viver em si mesmo. Os sentimentos entraram em conflito e Ele descobriu que, apesar de ser único, Ele também era muitos e os muitos que o habitavam começaram a sentir diferente entre si. Logo, veio a desarmonia. E quando não pôde mais conter os pensamentos que buscavam o que havia fora de si, Ele os expeliu, uma parte Dele se desprendeu. E nunca houve nada similar e jamais haverá outra vez. Ele entrou em equilíbrio novamente. E os pensamentos fora Dele perderam parte do conhecimento que tinham. Juntos, eles eram Ele e sabiam tudo. Separados, o que sabiam não era suficiente. Mesmo assim, não queriam voltar, não agora. Ele também não os queria de volta, não agora.

Os pensamentos não sabiam onde estavam, mas sabiam que podiam existir fora Dele, embora conectados a Ele. Por seu intermédio, os pensamentos se encontraram, mas como não sentiam as mesmas coisas, não se harmonizavam. No entanto, havia um único sentimento que lhes era comum, queriam criar algo fora Dele, acreditando que poderiam voltar a Ele se não desse certo. Dividiram-se em grupos e demarcaram o infinito. Porém, exceto pelos limites que os separavam, nada mais havia, mas quando cada grupo de pensamentos se posicionou, a criação realmente começou!

Os universos surgiram, cada um com uma estrutura diferente. Em um deles, os pensamentos concentraram toda a energia não pensante que havia se desprendido Dele e em torno dela idealizaram uma forma. Quando chegaram a um consenso, houve uma grande explosão. Os pensamentos olharam em volta e gostaram do que viram, mas ainda não estavam satisfeitos. A explosão dispersou parte da energia e eles não sabiam o que fazer com ela. Decidiram criar um lugar onde pudessem estudar várias formas de usar esta energia, nasceu o Portal de Anaya, pois Ele está conosco. E Ele os inspirava, pois ainda havia muitos dentro Dele.

E de tudo que já haviam criado, nada era mais belo do que Wicnion. E Ele lhes disse “Vocês já não podem voltar para dentro de mim, pois o que saiu de mim foi por Amor e isso agora lhes falta. Há muita energia pensante vagando ainda pelo Universo que criaram. Recolham o máximo que puderem e as coloquem em Wicnion. Deixem que vivam a aventura que anseiam viver e quando reaprenderem a amar, tragam-nas de volta. Elas são parte de vocês e vocês são parte de mim, mas vocês não são maiores do que elas e nem Eu sou menor sem vocês. O que voltar para mim e não for bom, eu irei expelir de volta e assim será o movimento de fluxo e refluxo até que não haja mais nenhuma energia fora de mim novamente.”

Era Nele que buscavam a inspiração para dar forma ao que era amorfo.

Os pensamentos se autodenominaram Espíritos Primários. À energia que se desprendeu Dele depois, e às quais deram forma e o sopro da vida, chamaram criaturas.

Os Espíritos Primários o chamaram Fonte Original, mas algumas criaturas, o chamam Deus.

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O Portal de Anaya - Livro 1 - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora