Capítulo 20 - Na aldeia dos dragões

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Na aldeia dos dragões

Durante dois dias e duas noites, fadas e dragões caminharam praticamente em silêncio. As poucas paradas que faziam era para beberem um pouco de água e comerem algum fruto silvestre, no caso das fadas, ou capturar alguma presa, no caso dos dragões.

Nunca, em Wicnion, se ouvira falar de um dragão e uma fada ocupando o mesmo espaço. O silêncio apenas tornava claro o constrangimento de ambas as espécies com aquela situação. As fadas haviam sido socorridas pelos dragões, que não entendiam direito o porquê de as terem ajudado.

- Eu não posso mais continuar... – uma das fadas disse caindo por terra.

E mal se escutou o baque do seu corpo contra o chão, suas companheiras a cercaram, tentando ajudá-la a se levantar.

- Desculpem-me, sigam sem mim. Não quero atrasá-los, nem colocá-los em risco.

- Vocês a ouviram! – disse um dos dragões. – Vamos em frente! Quanto mais rápido chegarmos à aldeia, maior será nossa chance de evitarmos uma emboscada.

Os dragões continuaram andando, mas as fadas não saíram do lugar. Moghes, o líder dos dragões, voou por sobre os demais e aterrissou a frente do grupo, fechando-lhes a passagem.

- Esperem! Deixem-me conversar com a Sacerdotisa antes de seguirmos.

Houve um burburinho e algumas cabeças foram sacudidas negativamente soltando baforadas quentes.

- Por que temos que ajudá-las? Elas são seres insignificantes! – um dos dragões bradou. – O que ganhamos ajudando-as?

- Sim, ele está certo! Ajudá-las nos expõe ao rei! Agora, seremos perseguidos, pois ele sabe que interfirimos! – disse irritado outro dragão.

Moghes soltou um forte brado.

- Calem-se! Já lhes disse que foi um pedido do deus Dracon! Ele assumiu sua forma de dragão e disse que era importante que as ajudássemos! Além do mais, quem vocês acham que enviou os gigantes para nos cercarem? – e antes de se retirar, Moghes deu uma última ordem. – Agora, esperem aqui! Conversarei com a Sacerdotisa das fadas e logo seguiremos caminho.

Moghes olhou para Prie que acenou-lhe com a cabeça. Ambos se afastaram do grupo de forma que pudessem conversar sem serem ouvidos. Fadas de um lado, dragões do outro. Feridos dos dois lados.

- O que quer conversar comigo? – a Sacerdotisa perguntou.

- Não sei exatamente. – Moghes respondeu com sinceridade. – Talvez eu queira apenas ganhar tempo.

A diferença de tamanho entre as duas criaturas era enorme. Por isso, o cansaço das fadas era maior. Os dragões seguiam andando, enquanto as fadas seguiam voando rente a eles, esforçando-se para acompanhá-los.

- Diga-me, o que aconteceu exatamente para que os dragões viessem nos ajudar? – Prie colocou-se sobre uma pedra grande para poder olhar Moghes nos olhos.

- Há seis dias eu acordei com a imagem do deus Dracon diante de mim. Levantei-me rapidamente para reverenciá-lo, mas ele interrompeu-me dizendo que não havia tempo para isso.

Prie sentou-se para ouvi-lo, também sentia-se cansada fisicamente.

- E o que ele disse?

- Ele pediu que eu o observasse bem e, então, reparei que sua forma de guerreiro estava se transformando em dragão. Em seguida, ele falou: “Veja, sou dragão igual a vocês”. Na hora, não entendi bem o porquê dele ter feito isso.

- Você já o tinha visto assim? – Prie perguntou atenciosa.

- Não. Nunca o tinha visto como dragão.

O Portal de Anaya - Livro 1 - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora