Capítulo 23 - O Ergonius

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O Ergonius

Depois de ter se projetado em sonho para Zogham e feito amor com ele, Julianna estava sendo duramente repreendida pelo Diretor Ras Yerodin. Apesar de toda suavidade em sua voz, era possível perceber que ele não ficara nada satisfeito com o que ela fizera. Ele também repreendeu sua co-Orientadora Myrthila Granjem por deixá-la tão à vontade nos estudos, sem lhe direcionar o foco do aprendizado. Julianna sentia-se extremamente frustrada e decepcionada consigo mesma. Era como se tudo que aprendera, até então, não tivesse mais significado, uma vez que se comportara como uma adolescente impulsiva e estava sendo chamada a atenção como uma criança tola.

Enquanto ouvia o Diretor falar, ela não era capaz de olhar para a sra. Granjem, pois sentia-se muito envergonhada por ter traído sua confiança, colocando-a naquela situação tão vexatória.

Mesmo assim, para sua surpresa, após o longo sermão, o Diretor concluiu que Julianna havia avançado muito em conhecimento e que lhe faltava apenas maturidade para lidar com toda aquela informação absorvida em tão pouco tempo. Parabenizou Myrthila Granjem pelo excelente trabalho de orientação, apesar de tudo, e Julianna, pelo empenho e progresso no aprendizado. Por isso, determinou que ambas fossem em excursão com um grupo de estudos a um planeta nível 4, de densidade similar à da Colônia Provisória e que ficassem seis meses por lá.

Ao ouvir isso, Julianna olhou para a sra. Granjem que estava sorrindo para ela e ambas se abraçaram animadas com a notícia. Na Colônia, ela aprendeu que a coroação de qualquer estudo é o trabalho de campo. Isso significava ter a oportunidade de vivenciar algumas experiências sem estar presa a um corpo físico. Julianna agradeceu repetidamente à sra. Granjem, quando o Diretor pigarreou alto.

- Eu ainda não concluí a minha fala.

No mesmo instante, Julianna recuperou a compostura e desculpou-se com o Diretor, pedindo-lhe que continuasse.

- Acho que você não precisará mais disso. – e estendeu uma das mãos em direção à Julianna.

Sem acreditar no que via, a pulseira vermelha começou a desaparecer diante de seus olhos. Atônita, ela se dirigiu ao Diretor contendo a emoção.

- O senhor ainda vai falar alguma coisa?

- Sim. – o Diretor disse serenamente. – Depois do trabalho de campo, vamos reavaliar o seu aprendizado e direcioná-la a algum orbe condizente com a sua capacidade para que você passe por nova experiência física.

Ela não ficou muito entusiasmada com a notícia, mas sabia que mais cedo ou mais tarde isso teria que acontecer.

- Tão cedo assim?

- Você ainda está presa às sensações físicas Julianna, por isso, precisa vivenciá-las de verdade.

Sem ter como argumentar no momento, ela não questionou a decisão do Diretor.

- Está bem. – respondeu resignadamente e olhando para o punho liberto da pulseira, perguntou com um sorriso. – O senhor tem mais alguma recomendação?

- Não Julianna, eu já disse tudo o que precisava ser dito. Espero que tenha compreendido. – ele concluiu sem julgar a ansiedade dela.

Então, ela não conseguiu mais conter sua felicidade em ter se livrado daquela pulseira que considerava horrorosa. Pela primeira vez desde que chegara ao Portal, sentia-se parte dele e, esquecendo qualquer protocolo que por acaso existisse, atirou-se nos braços do Diretor Ras Yerodin, beijando seu rosto continuamente e depois suas mãos e rodopiando pela sala, dançando como se tivesse feito um gol em uma partida final de futebol.

- Eu não quero atrapalhar este momento de comemoração, mas ainda temos um assunto a tratar. – Myrthila Granjem estava com sua fisionomia séria de volta. A velhinha parecia mais enrugada do que o normal.

O Portal de Anaya - Livro 1 - A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora