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Dan


Acordo com uma claridade que teima em entrar pela fresta da cortina com black-out do meu quarto, mas não me importo e levanto sem reclamar, embora ainda fosse cedo demais. 

Era 06:34 da manhã e Liv deveria estar chegando em Jacksonville em menos de duas horas, ela vem passar o natal com os seus avós maternos e o ano novo comigo,meus pais e avós, para depois irmos para Boston. Mesmo assim faria questão de ir vê-la chegar no aeroporto. Sim, estou ansioso e não posso evitar.

Meus pais ainda dormem, o que me resta é descer para a cozinha e preparar o nosso café. Vanda a nossa governanta, desde que me entendo por gente,não gosta quando eu me intrometo em seu trabalho, mas ela ainda está dormindo também então aproveitarei para distrair minha ansiedade.

  — O que está fazendo menino?— Vanda acordou meia hora depois e me pegou com a mão na massa... mas antes dela tentar brigar, lanço meu melhor sorriso, e lhe dou um abraço bem apertado, fazendo-a ceder. 

— Você menino, é muito esperto... sabe muito bem como conseguir o que quer!— Ela diz sorrindo. Vanda era quase uma mãe, -baixinha, fofinha dos cabelos encaracolados curtos e olhos negros-, foi contratada desde nossa volta de Boston, e como geralmente eu preferia ficar sozinho, - não tinha amigos por opção mesmo-, ela era minha companhia quando mamãe começou a trabalhar com meu pai.

— Vandinha, você que não resiste ao meu sorriso. Que culpa tenho eu?— Falo ainda cuidando do bacon e dos ovos na frigideira. 

— Estou deixando você na minha cozinha, só porque é seus últimos dias aqui, meu menino!— Ela diz prendendo o choro. 

Desligo o fogo e a abraço de novo. 

— Um dia a gente cresce Vandinha, mas vou sentir muito a sua falta também, e voltarei sempre que possível. — Digo estalando um beijo em sua bochecha

— Dan? Já está acordado meu filho? Como é que eu ainda estou surpresa? — Minha mãe diz sorrindo ao entrar na cozinha.

Ela cumprimenta Vanda e logo me dá um beijo carinhoso do qual não sou capaz de fugir. Minha mãe é meu bálsamo, se ela não me apoiasse tanto, não me incentivasse tanto, jamais a deixaria para ir para Boston. 

— É tão bom vê-lo assim Daniel! Seus olhos brilham meu amor, eu sei bem que sensação é essa que está sentindo. Então sinta mesmo filho! — Ela diz e meu pai logo entra na cozinha.

— Bom dia filho, bom dia Vanda!— E abraça minha mãe carinhosamente. 

Admiro meu pai, apesar de trabalhar muito, ainda assim sempre colocou minha mãe e eu em primeiro lugar. Sempre teve solução para qualquer problema que tivesse que enfrentar. A única vez que o vi impotente e arrasado, foi quando Liv foi embora de nossas vidas. Ele parecia tão feliz quanto eu no dia de hoje.

— Bom dia pai! — Digo me sentando a mesa, pois Vanda assumiu seu posto nos servindo o café que eu preparei.

— Vejo que não sou o único ansioso aqui!—Meu pai diz sorrindo pra mim. Eu dou um sorriso de lado e meneio a cabeça concordando.

— Dan, você precisa se divertir em Boston, sei que está indo para estudar, e para trabalhar na filial da empresa, mas você só tem 18 anos meu filho, faça amigos, namore, aproveite sua idade. Ok? — Meu pai discursa e eu concordo, porém fico pensando que ele mesmo não fez isso já que com a minha idade já estava casado com minha mãe e eu já existia. Mas, nunca os vi tristes ou amargurados por isso, muito pelo contrário, eles se amam muito, e parece que esse amor só cresce a cada dia. A cumplicidade deles é incrível. Os admiro demais.

  — Concordo com seu pai meu bem, você é livre para fazer suas escolhas meu amor... queremos que seja feliz em cada decisão, e que planeje seu futuro sim, porém curtindo muito o seu presente, faça amigos e tente preservá-los, isto é um dos bens mais preciosos que temos na nossa vida, e queremos que você tenha também.— Minha mãe diz por fim.

— Farei isso tudo, mas junto com Liv! Neste momento é isso que importa pra mim, minha faculdade, meu trabalho e minha irmã. O resto é lucro.— Digo com um sorriso no rosto. 

— Ok, garoto... agora vá se arrumar que temos que ir para o aeroporto. — Meu pai diz levantando-se e subindo as escadas em seguida.

Tento fazer o mesmo mas minha mãe, me segura pelo braço querendo dizer algo a mais. 

— Filho...— Ela pausa mas logo prossegue.— Você ficou muito tempo longe de Liv, ela não é mais menina, assim como você também não é mais um moleque.— Franzo o cenho, não estava entendendo a linha de raciocínio de minha querida mãe. Como ela parece perceber minha confusão ela me explica rapidamente.— Estou dizendo que vocês dois podem ter mudado sem perceber, e podem se estranhar no começo... mas... só...— Minha mãe gagueja.— Só lhe dê espaço, se assim for necessário. Tudo bem? 

Ainda com o cenho franzido. Balanço a cabeça concordando, apesar de minha mãe não ter sido clara, como costuma ser. Deixo passar despercebido pois estou focado em encontrar Liv agora. Recebo outro beijo carinhoso dela, devolvo na mesma proporção e  corro escada acima.

Em menos de 15 minutos estamos meu pai e eu ambos ansiosos à caminho do aeroporto. Minha mãe não veio por pedido do meu pai, os avós de Liv, não a tratam bem e ele não suporta isso, embora minha mãe nem ligue. O importante é que Liv a adora, e é recíproco o sentimento da minha mãe por ela.

Chegamos no local do desembarque e já esperavam por ela os avós Sr Ruben e Sra Tarsila, seus tios Yuri e Úrsula com seus cônjuges e filhos, ou seja, a família toda por parte de mãe. Eles pouco falavam conosco, apenas cumprimentos por educação. Mas era notável o quanto Sra Tarsila detestava meu pai, e creio que por ter escolhido minha mãe ao invés de Selena, mãe de Liv. Meu pai, só a ignorava. 

O avião pousou e ecoou o auto-falante sobre o desembarque. Olhei firmemente buscando encontrar aqueles cabelos ruivos... 6 meses sem vê-la, a tortura ia finalmente acabar! Enquanto penso nisso a vejo vir em nossa direção mais sorridente do que nunca. Sei que o momento não é exclusivo e por isso me limito a simplesmente sorrir, enquanto ela abraça seus familiares, deixando meu pai e eu por último.

Quando ela está abraçando meu pai a vejo chorar, chorar de alívio. E quando minha vez chega, consigo sentir que minha vida acabou de começar, seu abraço reconfortante me alivia a alma. Sem falar nada fico abraçado com ela, por um longo tempo. 

Minha pequena ruiva!



Ai ai ai... que delícia vai ser contar esta "história"... 

eu estou muito entusiasmada... 

e espero que vocês consigam sentir a essência dos personagens... 

vamos lá... preciso de estrelinhas e comentários para minha inspiração... 

preciso saber se estão gostando, preciso de um feedback

sem isso será impossível prosseguir... 

Dan e Liv... aguardam por vcs... 

próximo cap é da Liv... postarei as sextas...

beijocas da gra... 

HerdeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora