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Dan


Estou no palco do Theatre District, diante de centenas de pessoas, participantes do show e familiares dos mesmos, todos os meus funcionários, amigos e incentivadores, meus pais, meu avô e ela... Liv. Saber que ela estava ali era o suficiente para prosseguir. 

As luzes ofuscam minhas vistas, o microfone libera um chiado e eu chamo a atenção de todos, eles estão dispersos, ninguém me ouve, começo a suar do nervoso, minhas mãos tremem, procuro Liv novamente para que nela eu encontre a paz que tanto busco e não a vejo, olho para cada canto do teatro, e a encontro em uma das portas de saída, seus olhos estão desesperados olhando para mim, estendendo a mão, implorando que eu a alcance, está sendo puxada por um indivíduo que não consigo enxergar por conta da luz que ofusca meus olhos... antes dela sumir na escuridão... consigo ler seus lábios... SOCORRO!


Ofegante pulo da minha cama, saio do meu quarto e invado o quarto de Liv. Ela dorme tranquilamente, imaculadamente em sua cama... uma brisa suave entra pela janela aberta balançando a cortina refletindo a luz do luar em seu rosto. Ao olhar para o despertador em seu criado mudo vejo que ainda são 3hs da manhã de domingo. Solto o ar dos pulmões e me aproximo dela. Assim que sento na sua cama ela desperta e me olha parcialmente assustada, mas por outro lado percebo um alívio ao me ver. Não consigo conter um sorriso. Ela me acompanha.

 Está tudo bem? Ela pergunta com a voz embargada do sono. 

 Sim... não queria te acordar! Ela me encara meio desconfiada como querendo dizer "e por que está aqui então?" Eu tive um pesadelo, e quando dei por mim já estava aqui. Ela suaviza a expressão parecendo entender.

 Sinto muito Dan... 

Não tudo bem, só foi um sus... — Ela me corta depois de eu a interromper.

 Sinto muito por tudo... segura minha mão — eu nunca planejei todo esse desentendimento entre nós, eu só... — ela suspira, coloco minha mão sobre a sua.

 Está tudo bem... mesmo, de verdade. Eu só preciso de uma coisa agora. Digo olhando para nossas mãos. 

  Do que?

 Um abraço. Um abraço forte e demorado, do qual não consigo mais aguentar sem... volto os meus olhos para ela, ela sorri com os olhos marejados e num movimento gracioso abre os braços para que eu a abrace. 

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Depois de um sábado turbulento e um domingo revigorante ao lado de Liv, segunda chegou com tudo, uma verdadeira amostra do que aconteceria nos próximos três meses. Trabalho, muito trabalho.

 Hillary, venha a minha sala por gentileza. Interfono para minha secretária para averiguar as pautas da próxima reunião. 

 Sim Daniel, em um instante. Uma das coisas que exigi de meu pessoal e de qualquer funcionário na gravadora é que me chamasse pelo nome, detesto pronomes de tratamento. 

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