*5*

447 56 20
                                    


Dan


Depois da virada, Liv e eu ainda tínhamos uma semana livres antes da nossa nova vida em Boston. Por isso resolvemos ir para à praia na casa do tio Paul e tia Alice e seus filhos pré-adolescentes Pauline e Ariel. Meus pais também foram. Vô Alfred e Bárbara voaram antes para Boston para realizar os preparativos da nossa chegada, bem, acho que foi mais a Bárbara que teve a idéia, já que é a perfeccionista da família.

Numa das tardes agradáveis de sol estávamos aproveitando a praia com Pauline e Ariel, eles têm 13 e 12 anos nesta ordem e são muito parecidos com os pais de todas as formas possíveis, Pauline é a cópia da tia Alice mas tem o comportamento do pai e Ariel é o pai escrito com a parte divertida da mãe. 

— Liv, vamos dar uma volta? — Pauline perguntou para minha irmã.

— Claro! — Liv, pensou que era para irmos todos, mas Pauline disse que queria falar com ela coisas de mulher. Dei de ombros e convidei Ariel para jogar frescobol, e este aceitou solicito.

Jogamos durante uns 30 minutos e as duas ainda não tinham retornado, eu comecei olhar em direção ao lado que elas foram, mas era muita gente e eu não as via. 

— Ariel, você sabe se sua irmã levou a Liv em um lugar específico? Ou só estão caminhando mesmo?

— Não sei não Daniel, Pauline nem gosta de caminhar, ela nunca caminha na verdade! — Não que eu estivesse preocupado, mas resolvi ir atrás delas. Encerrei o jogo e puxei Ariel para andar.

Andamos uns 15 minutos e nada... o quanto elas poderiam ter ido longe? Estava começando a ficar preocupado quando Ariel falou algo.

— Ali! Elas estão ali. — Olhei na direção em que ele apontava e vi as duas tomando água de coco e rindo de algo que um cara falava para elas. Franzi o cenho e caminhei até lá. 

Na medida que me aproximava me dei conta que nunca em toda a minha existência me senti intimidado com algo ou alguém perto de Liv, só que agora era diferente e acredite, não por causa do cara, e sim pelo modo que Liv estava agindo, ela estava diferente, não sei se exclusivamente com este cara ou ela tinha mudado e eu não tinha percebido. Estremeci. 

— Achamos vocês então!—Disse sorrindo tentando disfarçar o sentimento que me ocorrera a pouco. Liv pareceu meio surpresa, mas logo tratou de apresentar-me o tal cara...

— Dan, este é Peter, acabei de saber que ele é de Boston, estuda e trabalha lá.  Peter, este é meu irmão Daniel de quem já tinha falado. — Ao menos ela falou de mim. — E este é Ariel, irmão da Pauline! — Cumprimentamos ele, e o mesmo acabou se despedindo em seguida dizendo ter um compromisso.

Assim que ele sumiu da minha vista me voltei para Liv... — Esqueceu que agora você tem alguém a quem dar satisfação de suas saídas demoradas? Estava preocupado!— Digo tentando parecer calmo.

— Desculpe Dan! — Ela disse parecendo arrependida. — Não foi minha intenção, é que Pauline quis descansar e acabamos nos entretendo com Peter. — Cerrei os olhos, mas deixei quieto. Nunca briguei com a minha irmã, não seria dessa vez, muito menos por causa de um desconhecido que esperava nunca mais ver na minha frente!

— Tudo bem! É melhor voltarmos, ainda estamos com dois menores de idade e é muita responsabilidade para mim! — Disse e logo Pauline bufou.

— Está me chamando de pirralha? Pois eu não sou não Daniel!— Ela diz e sai zangada caminhando na nossa frente. Enquanto Ariel gargalha, eu fico perplexo com sua reação e Liv antes de ir atrás dela, vira para mim e fala: 

— Acho que você acabou de partir um coração maninho! — Pisca com um meio sorriso e vai atrás de Pauline. Ariel continua gargalhando. Eu olho para ele e penso: Mulheres! 

-

-

-

Voltamos da praia e fomos recebidos na minha casa com uma festa de despedida, que mais tarde soube ter sido idéia da minha avó Madalena e da tia da Liv, Úrsula, com o consentimento dos meus pais obviamente. Os avós de Liv como já esperado, não compareceram,  só os tios e os primos, mesmo assim ela não se abateu, tinha que reconhecer que ela era muito forte, eu admirava essa força dela mesmo as vezes achando ser só uma máscara, ela podia não admitir, mas eu a conheço suficiente para saber que ela tem muita mágoa de sua mãe, sempre temi duas coisas, uma que algo ou alguém me afastasse dela por completo e a outra que um dia a bola de neve fosse se chocar e não sobrasse nada de Liv. Espero que esse algo ou alguém nem exista e que esse dia nunca chegue.

Por fim nos despedimos de nossos familiares, e de nossa vida vivida até então, dois dias depois da festa, alçamos voo para Boston, e eu não conseguia esconder minha felicidade, olhei várias vezes para Liv ao meu lado para tentar acreditar que era real, demorou alguns minutos para a ficha cair, mas dali algumas horas estaríamos realizando nosso sonho. 

— Quando começa na empresa?— Liv perguntou depois de engolir um pedaço do seu sanduíche natural que o serviço aéreo serviu. 

— Na próxima semana! E você? Quando começa seu curso extra antes de iniciar a universidade? —Ela dá outra mordida no sanduíche e antes de me responder reclama que por minha culpa estava comendo daquele jeito.

— A aeromoça parou tantas vezes pra babar em cima de você que eu acabei pegando comida todas as vezes para tentar deixar você menos sem graça! — Ela ri da minha cara eu só balanço a cabeça negando que eu tinha alguma coisa a ver com seu apetite. — Respondendo sua pergunta, coincidentemente começo o curso preparatório semana que vem, mas só na metade da semana...

  — Então temos tempo para conhecer tudo e nos sentirmos em casa antes de começar a rotina. — Disse sorrindo e roubando um mousse de chocolate que ela tinha na bandeja...

  — Ei, roubando minha comida? —Eu ri.

  — Você disse que era minha culpa, só estou ajudando! —Continuei rindo.

  — Mas não o mousse de chocolate né! —Ela finge estar brava.

  — Ok! Quer que eu chame a aeromoça para te servir mais? — gargalho ao levar um falso soco da minha pequena ruiva.

Não, não estou sonhando!




Foi dada a largada, agora ninguém mais segura esses dois... tudo o que estava reprimido estará prestes a ser liberado... a pergunta que não quer calar é... Será que os dois saberão lidar com seus sentimentos tão facilmente? 

Nunca moraram juntos e agora, viverão na mesma casa, e ainda por cima com certa liberdade... eita.

Por favor... votem, comentem, participem... preciso de vocês... 

até sexta...

beijinhos da Gra

HerdeirosOnde histórias criam vida. Descubra agora