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Liv


Ruan conseguiu me fazer sentir bem em um momento muito improvável. 

Ele avisou Johana que estava comigo e depois jantamos uma macarronada ao molho pesto que estava simplesmente divina... não tinha idéia de que ele cozinhava, - mesmo sabendo que sua mãe é perita no assunto - , e também não fazia idéia do quanto estava com fome, acho que repeti umas três vezes. Após o jantar sentamos no único sofá da sala vazia com uma taça de vinho branco cada um... eu não tomava nada alcoólico com frequência, mas senti que nesta noite seria preciso. 

Me senti tão bem com a companhia dele que acabei por falar tudo o que descobri por conta esta manhã e a conversa que tive com Dan no dia anterior, em troca ele deixou-me á par do acontecido no teatro... a reação de Dan o assustou tanto quanto ele saber que Peter era meu irmão.

— Liv... Peter está muito preocupado com a situação que causou... ele queria muito falar com você, mas eu não deixei, quer dizer... eu sugeri que esperasse a poeira baixar... e depois você o procuraria, quando estivesse pronta... — ele fala com cautela, analisando cada reação minha —
 mas... no entanto enquanto estive com você aqui, e pelo que contou, não é Peter que a preocupa... estou certo? — lacrimejei.

— Não... Peter é a parte mais fácil, ele é um presente pra mim, já o adorava antes, e sei que não será difícil amá-lo como irmão, ainda mais podendo conhecer meu pai através dele... — digo esboçando um sorriso triste, afinal meu pai, meu verdadeiro pai não está mais entre nós. — Eu não sei como Dan vai reagir a tudo isso, principalmente se meu pai... Gabriel, sabia da história durante todo este tempo e nunca falou nada. — suspiro fundo e tomo todo o vinho que continha em minha taça... olho para garrafa no chão e Ruan faz um aceno negativo com a cabeça tirando a taça da minha mão.  

— Você acha que seu pai sabia? — Ele pergunta diminuindo o espaço entre nós.

— Pra mim, isso não importa muito, minha mãe nunca me falou a verdade sobre nada durante todo este tempo, isso me faz sentir como se eu não existisse de verdade! — olho pra baixo, e as lágrimas voltam á tona, Ruan segura delicadamente minhas mãos e a leva ao seus lábios depositando um beijo suave em cada uma delas. Sorri.

— Não conheço a sua mãe, mas sempre serei agradecido a ela porque você existe sim e está bem aqui na minha frente... eu sei que tudo o que ela passou não justifica te esconder a verdade, mas você não pode dizer que ela não te ama... — Levo minhas mãos até seu rosto.

— Nossas histórias não são tão diferentes Ruan, você também tem fantasmas do passado que te assombram a muito tempo... — ele engole seco e fica na defensiva — a vida não parece ser muito justa pra nós dois não é mesmo? — ele assente retirando minha mão do seu rosto e entrelaçando-as com a sua.

— Podemos vencer isto juntos!?—Ele diz com a voz embargada... então tive a certeza de estar no lugar certo com a pessoa certa... 

— Podemos e vamos! — Afirmo...— Mas agora só quero curtir esse momento de paz ao seu lado... — Digo e encosto minha testa na sua... — Obrigada por estar aqui comigo... não há outra presença que eu fosse querer mais. Estar aqui com você e analisar tudo o que aconteceu me faz ver que nós complicamos demais a vida, criando regras sem pé nem cabeça. Você estar do meu lado agora, torna minha vida mais fácil... e eu não sei se vou conseguir te afastar de novo. — Ele se afasta atônito.

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