**Recomendo ouvirem a musica enquanto leem o cap!
- Eveline querida! Que bom que esta de volta!
Assim que sai do aeroporto os braços esguios de Marta me surpreenderam. Me esquivem rápido demais com a proximidade.
Sem contato físico. Meu corpo quase implora...
- Oh querida, me desculpe eu esqueci...
Olhei em seus olhos e notei que suas bochechas coravam, anotei mentalmente cada fase de sua timidez aparecer. Era divertido...
Ela me olhava como se esperasse algo... Ah é, ainda não havia dito nada.
- Olá tia Marta.- Pisquei os olhos enquanto um sorriso brotava em seu rosto, tão fácil...
- Estávamos te esperando- disse ela enquanto eu inclinava a cabeça para ver muitas cabeças louras de tios, avós, dentre outras coisas. Bom toda a minha família estava ali, menos...
- Você deve estar cansada querida, o Japão é mesmo tão longe assim?
Ela se esqueceu novamente da regra de não tocar, e com a mão em minhas costas me direcionou até o corredor formado pela minha família. Passei por todos com um sorriso amarelo no rosto até encontrar o carro.
Olhei novamente para meus familiares para me certificar que ele não estava lá. Nada...
Entrei no carro com a cara mais fechada do que antes. Onde ele tinha se metido? Era para ele ter ido me buscar.
Não eles...
Marta e seu marido entram no carro logo em seguida, ambos com cara de quem acabou de tomar morfina pura, nunca entendi como eles sempre pareciam estar felizes.
- E os outros?- Minha voz saiu um pouco rouca pela mudança de clima, a cidade nova parecia nevar o tempo todo.
- Eles vão no carro do tio Sam...
Sabia que ela estava mentindo, eles estavam era com medo de mim!Se ele tivesse vindo me buscar como era combinado nada disso estaria acontecendo, eles só estavam ali por que eram obrigados, o cheiro de culpa me causava náuseas. Uma irritação começou a despontar em minha cabeça na forma de dor, eu tinha que me acalmar senão...
Tarde demais...
Do lado de fora notei uma movimentação nas arvores próximas, olhei para Marta para confirmar se ela também havia visto algo, mas como sempre eles nunca veem nada.
O carro deu partida enquanto eu tentava acalmar as batidas do meu coração. Qualquer sentimento de revolta poderia traze-los de volta, e eu não queria estar ali quando isso acontecesse.
O carro nos levou para um lugar bem movimentado, talvez o centro da cidade? Eu não sabia dizer ao certo, fazia anos que eu não andava por aqui.
-Chegamos querida!
Disse ela com um animo desconhecido na voz, assim que abri a porta do carro o cheiro de fumaça e poeira embrulhou meu estomago, um ponto positivo em ter ido morar no Japão é que lá não existe tanta poluição. Um zumbido irritante e estático continuou a me deixar irritada desde a saída do aeroporto. Olhei a volta para ver se algum fio desencapado estava fazendo tal barulho, mas tudo o que consegui ver foram pombos e prédios altos.
Marta morava em um pequeno prédio amarelo no terceiro andar, a casa dela fedia a mofo e perfume barato, notei também um cheiro de cigarro, era quase imperceptível... Mas o suficiente para notar que alguém escondia algum segredinhos...
Fique a vontade Eveline.- Ouvi uma voz atras de mim e me virei com esperança para me deparar com tio Sam carregando minhas malas, ele era o único que me fazia quase bem, seu cabelo não era tão loiro e seus olhos não tão azuis quanto do resto da família. Com esse pensamento me virei para cozinha, mas me deparei com um espelho no meio do caminho, era cômico ver tal contraste. Eles eram uma tipica família de margarina enquanto eu era a única de cabelos negros e olhos cinzentos por ali, nada de pele bronzeada ou coisa do tipo, as vezes eu me comparava com aqueles vampiros de filmes clássicos com a pele da mesma cor de um papel.
Desviei meu olhar, enquanto tirava minha única jaqueta usável de couro e a colocava em cima do pequeno e barato sofá. Olhando de um ponto de vista clinico acho que Marta comprou tudo do mais barato para sua casa... Me julguei mentalmente pelo comentário.
Olhei mais uma vez em volta da casa, talvez na tentativa de encontrar algo para salvar sua situação, mas o que encontrei foi ainda pior. No canto de uma velha estante havia um pequeno retrato, Nele haviam somente três pessoas e eu não precisei ser um gênio para adivinhar quem eram. Na foto estavam eu papai e mamãe, ambos felizes e abraçados. Eu me lembrava desse dia, foi um ano antes de eles... morrerem...
Um aperto em meu peito que a muito tempo não sentia voltou a me perseguir, o zumbido em meu ouvido aumentou me fazendo ficar com náuseas, eramos felizes... Sei disso era uma das poucas coisas que eu me lembrava... Mas então, imaginem só... Eu com apenas sete anos entrei em casa e os peguei... bom você já sabe o resto, digamos que somente a cena de meus pais assassinados no chão foi o suficiente para eu ter que passar alguns anos fazendo terapia intensiva e mais outros anos em outro pais para tentar esquecer definitivamente o que aconteceu. Não preciso nem comentar que isso não funcionou. agora dez anos depois sei que isso não funcionou em nada mesmo.
Mas falando sério em todos esses anos degastantes que tive que passar aprendi muito bem a me fingir de boa garota, e foi o que fiz, com um sorriso bobo no rosto fui obrigada a aguentar aquelas pessoas irritantes que fingiam ligar pra mim, o que foi fácil com algumas das piadas de tio Sam.
- Então o cachorro disse: O senhor esta beijando o lugar errado...
Todos na sala caíram na risada, até eu que por alguns segundos consegui me esquecer de tudo. Mas como se algo tivesse ouvido meus pensamentos, ouvi alguém bater na porta, notei tia Marta olhando de um jeito estranho para o marido que se levantou calmamente e foi atende-la, meu coração palpitou de leve. A conversa na sala continuou quase calmamente, eles tentam fingir, mas notei que eles também estavam ansiosos por algo que estava por vir.
Me concentrei o máximo que podia para tentar ouvir o que estavam falando na porta. Consegui captar a voz do marido de Marta um tanto alterada, e outra voz... Muito mais calma e concentrada que fez minha mente se alegrar.
-... Você?... O que esta fazendo aqui...?
- Eu vim busca-la.
Um sorriso começou a despontar em meu rosto.
Ele chegou...
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Lies.
Fanfiction"Eu nunca acreditei em histórias de terror, pra mim elas não passavam disso. Nunca tive que me preocupar com os monstros do meu armário, ou o que havia em baixo da cama. Nunca tive medo do escuro. Desde que me entendo por gente eles sempre foram re...