Escolhas simples.

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- Então. Pode falar...
Marcus parecia diferente,  usava um casaco marrom e óculos escuros. Seus cachos castanhos que sempre foram bem penteados estavam caindo em seu rosto...
- Você está péssima.
Ele diz por fim, virando a xícara de café.
- Você também não está nos melhores dias...
Ele ri. Uma risada seca e curta.
- Marcus pelo amor, desembucha! O que há de errado?
Ele tira os óculos e me encara, noto uma marca roxa abaixo de seus olhos.
- Oh meu Deus Marcus! Quem fez isso?
- Eve... tem coisas acontecendo.  E por sua aparência creio que você já sabe o que eu vim fazer aqui.
Eu gelo, seria possível ele saber sobre mim? Sobre tudo? Olho em volta do café e noto que estamos sozinhos.
- O que você quer dizer...?
- Você sabe Eve... Não se faça de boba.
Sua voz estava fria... Não parecia o Marcus que eu conhecia.  Lentamente tento pegar sua mão para sentir o que se passava dentro dele. Ele desvia do meu toque.
- Quero te mostrar algo... Mas tem que me prometer que não vai fugir.
Eu encosto na cadeira.
- Mostra...
Ele me olha nos olhos para ter certeza do que eu tinha falado e então começa a tirar a jaqueta. No começo eu não entendo o por que dele estar se despindo, mas então eu vejo.  E na mesma hora me arrependo de ter vindo ao seu encontro.
Estava lá.  No seu pescoço,  a mesma marca que os homens que estavam atrás de mim tinham... Não havia dúvidas.
- Você é um deles!
Me levanto de súbito e tento me afastar dele.
- Eve calma!  Você vai entender se me ouvir...
Jogo a cadeira para ficar entre nós.  Mas onde raios estão os donos desse lugar?
- Entender? Qual parte Marcus? A parte que eles tentam me matar ou a parte que VOCÊ É UM DELES?
-  Eve escuta... Eu não sou como eles... Não quero o seu mal. Por favor!
Eu estava nervosa demais e ele chegando perto de mais. Com um impulso começo a correr e tentar fugir dele.
- Merda volta aqui garota!
Ele vem atrás de mim.  Sinto o pânico voltar a correr sobre o meu corpo...
Marcus... Não, eu confiei em você.  Por que? Por que...?
Sentia raiva e amargura, meu peito doía enquanto eu corria. As pessoas nos olhavam com repreensão, mas eu tinha que correr...
Entro em um beco e para o meu azar era uma rua sem saída. 
Sinto Marcus me jogar para a parede e tampar minha boca com a mão.
- Você me prometeu caramba... Só... me escuta.
Sinto as lágrimas caírem de meus olhos. Eu estava perdida. E meu pensamento gritava a todo instante por Tobby...
- Eve... as pessoas que estão atrás de você.  Estão nesse ramo à muito tempo... quando digo a muito tempo eu falo de antes mesmo de Cristo. Os caçadores como vocês gostam de chamar levam isso a sério.  O que significa que é passado de família,  e não temos escolha de apenas não aceitar...
Ele tira a mão do meu rosto, mas continua perto.
- por que eu devia confiar em você?
- Por que se fosse para eu te matar teria feito quando você foi pra minha casa.
Seus olhos estavam firmes em mim. Sinto um gelo percorrer minha espinha, então foi tudo uma armação...
- Então você sabia desde aquele dia?
Outro baque no meu peito. Outra mentira...
- Eu suspeitava.  Meus pais são caçadores por natureza e me obrigaram a entrar na sua escola... Mas eu nunca quis compactuar com isso. E é por isso que estou aqui para te ajudar a fugir.
Meu corpo treme.
- Como assim?
- Só eu sei como fazer você passar despercebida por eles. Do contrário não só você,  mas todos os que estão envolvidos irão morrer... Acredite Eve... Eles sabem de tudo.

Todos os que estão envolvidos...

- Mas... Por que quer me ajudar?
Ele revira os olhos.
- Não está na cara Eve?

Seus olhos estão frios, e me fitavam a todo o instante. - Eu estou apaixonado por você.

Aquilo me deixa sem reação.  Ele me olha nos olhos e sinto meu coração saltar.
- Mas sei que você ama outra pessoa.
Ele diz por fim se afastando.
- Então vou fazer apenas porque não quero que você morra... É simples Eveline,  você topa fugir comigo?
Escolha simples ele diz.  Dizer não e ver todos que eu amo morrer.  Ou dizer sim e sumir com Marcus. Uma escolha simples, e certeira, não posso errar... 

- Eu topo.

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