Não a machuque.

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Escolas... São sempre tão iguais.

E essa não seria diferente, código rigoroso, de um colégio católico orgulhoso pelos seus 75 anos de exemplo e diciplina na cidade. Uniformes sempre impecáveis e notas mais brilhantes ainda. De acordo com a diretora/freira (sim, diretora BARRA freira), do lugar, era uma honra eu estar estudando ali. Uma honra e logicamente a ajuda do meu tio com uma caridosa quantia por mês.

 Fala sério...

A conversa foi bem simples e duradoura, logo eu estava com a minha grade de horários, materiais e meu "uniforme" novo.
"Ah, senhorita Silver não esqueça de prender os cabelos".
E assim se encerrou nossa conversa.
- Um tanto mandona para uma freira não acha?
Sam ainda estava comigo, sorri com o seu comentário.
- Espero que as coisas melhorem com o tempo. - disse já de volta ao carro.
- Com certeza irão, você vai ver logo você irá dominar esse lugar.
Ele deu partida no carro e fomos direto para casa de Max, ou deveria dizer minha casa nova?
Já estava tarde e logo iria anoitecer. Aquela freira realmente falava demais.
- Acho que ele já voltou...
A voz de tio Sam mudou de tom ao se dirigir a Max, notei que ele também ficou um pouco mais nervoso. Nunca vou entender essa birra toda com Tio Max...
- Quer entrar um pouco tio Sam?
- Melhor não minha linda... Já está tarde e logo as estradas ficam escuras.
- Tudo bem então... Te vejo em uma próxima chance.
Nos despedimos rapidamente e logo fui para casa.
- Onde você estava?
Assim que bati a porta dei de cara com Max. Um Max bem estressado para falar a verdade, notei em sua nuca algumas gotas de suor, o que me fez pensar se ele era do tipo que fazia corridas ao por do sol.
- Na escola. Sam esteve aqui e me levou.
- Sam? Seu tio Sam? Estranho... ele não avisou que viria.
- Eu também me surpreendi. Tem algo para comer?
- Pizza... na geladeira.
Notei que Max continuava confuso, ele olhava para a janela com um olhar vago, já fazia um tempo desde que cheguei que noto que Max tem esse jeito meio vazio, me pergunto se ele sempre foi assim...
Coloquei um pedaço de pizza para esquentar enquanto pensava em tudo o que aconteceu durante o dia. Não consigo evitar sentir um calafrio na espinha.
Quem eram aqueles adolescentes? Talvez só mais um grupo de Punk's, no Japão eu conheci alguns, mas seria perigoso para mim ficar sozinha principalmente com a ausência de Max. O que mais me preocupava eram as criaturas, elas estavam aparecendo com mais frequência. Sem dizer a luzes... Minha cabeça estava cheia, era muita coisa para pensar. Me assustei com o apito do micro ondas avisando que a comida estava pronta. Comi depressa para tomar um banho e ir dormir... o dia parecia não acabar.

****

- Tem certeza?

- Sim Jeff, ela viu as criaturas também. Ela matou um deles!

- Não é possível matar eles!

Jane bufou de raiva, já era a vigésima vez que explicava tudo o que havia acontecido com a garota mais cedo.

- Ei Jeff não enche - disse Toby - eu estava lá okay? Eu também vi, aquela garota parecia pegar fogo... pelo cabelo! E então ela jogou a Jane longe e atirou alguma coisa naquela criatura. Eu nunca vi alguém assim...

- Você quer que eu acredite que aquela humana tem poderes? Ha ha é patético!

- Quer saber? Vai a merda Jeff!! Vai você então da próxima e veja com seus próprios olhos. Se eu ver essa garota de novo é bem capaz de eu arrancar seus olhos pelo empurrão que ela me deu!

Jane saiu batendo a porta da enorme sala da mansão.
Toby notou os olhos de Jeff brilharem, até poderia arriscar que ele estava sorrindo ainda mais se não fosse pelo enorme corte em seu rosto. E mesmo sem querer sentiu um impulso muito grande de afasta-lo dali...

- O que tem em mente? - sua voz sai sem emoção.
- Eu vou ve-la.

Jeff se encaminhou para a porta, mas foi interrompido por uma mão que segurava seu ombro.

- Lembre do que o chefe disse, não a machuque!
- Eu faço minhas regras...

Dizendo isso ele saiu batendo a porta. Deixando Toby para trás. Agora ele sentia raiva, uma raiva que chegava a cega-lo.

- Não Jeff... Não com ela...

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