Instintos.

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- Ah que merda!!
Grito jogando a faca para o outro lado. Noto minhas mãos cheias de sangue.
O corpo inerte do homem já não podia ser reconhecido...
- O que houve Tobby?
Jane ofegava do outro lado do corpo.
- Ela... ela sumiu. Olhei para o chão,  não podia encarar os olhos negros de Jane.
- Isso eu notei. Vinte minutos atrás. - então ela limpou sua faca na roupa e caminhou em direção a floresta.
- Onde pensa que vai?
- Pra casa, preciso de um banho.
- Como pode ir embora assim? Precisamos encontra-la.
Jane parou. Notei que suspirou e seus ombros cairam um pouco.
- É isso o que somos porra! Ela viu apenas a verdade. Pare de agir como se isso tudo não te afetasse.
Dizendo isso ela se virou e correu para a floresta.
- Merda!
Digo chutando o corpo sem vida no chão.  Eu me senti furioso, algo dentro de mim se ascendeu em fúria quando vi que ela estava em perigo. Como ele podia toca-la? Se o homem já não estivesse morto eu teria feito novamente.
Vou em direção a sua casa com a chuva caindo sobre mim. Precisava ver seu rosto,  precisava tentar de alguma forma acalma-la... Mas que droga estava acontecendo comigo?
Mas assim que entrei notei que a casa estava vazia,  o pânico correu sobre mim. Onde ela estaria?
Meu corpo treme de leve com o pensamento de ter mais de um dos homens atrás de Eve. Meu sangue ferveu com o pensamento.
Algumas horas depois vejo a porta se abrir e Eve entrar, ela parecia atormentada e isso fez o meu peito arfar... Pobre garota...
Ela andou até o sofá e caindo começou a chorar.  Ela não apenas chorava, mas seus ombros se agitavam violentamente.  Era uma mistura de dor, solidão e medo. Eu sabia pois já havia passado por isso. Ela precisava de um tempo e eu daria o que fosse preciso a ela...
- Tobby...
Antes de sequer me virar noto ela me chamando. Sua voz saiu fraca, mas eu soube. Ela me queria...
Sai das sombras onde estava e fui até seu encontro. Ela notou minha presença,  mas ao invés de correr ou mostrar medo, ela se atirou em meus braços.
- Oh Tobby...
Seu cheiro delicado atingiu meu corpo de imediato.  Odiava o efeito que ela tinha sobre mim e fiz o possível para me segurar. Minhas mãos foram até seus cabelos negros em uma tentativa de acalmar seu corpo. Ela chorava enquanto aos poucos ia se acalmando. Eu a queria... e droga ela estava tão perto que não conseguia manter o raciocínio.
- O que fizeram com você?
Minha voz saiu rouca, a tentativa de não demonstrar raiva havia falhado.
Ela levantou seu rosto me encarando com seus enormes olhos azuis.
- O que você fez com eles?
Então estava ali... nos olhos dela. A repulsa que sempre me assombrou.  Na mesma hora me senti enojado. Me levantei quase de imediato, seu corpo fez falta ao meu. Mas eu tinha que encarar a realidade, ela não era pra mim. E eu tinha que acabar com isso.
- Fiz o que sempre faço.
Me aproximei de seu ouvido.
- Matar pessoas.
Minha voz saiu mais fria do que planejado, mas bastou para ela se estremecer. Tirei isso como uma deixa e sai da casa dela.
Ainda me sentia estranho, mas não pude segurar a lágrima que caiu sem permissão do meu rosto.

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