Somos iguais.

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Acabo entrando em uma cafeteria um pouco vazia. Sento na mesa mais afastada ainda com minhas mãos tremendo. Meu coração estava pulando desesperado. A garçonete anota meu café expresso e deixa alguns bolinhos em minha mesa. Como um pouco para distrair minha cabeça. 
A chuva cai sem dó, da janela vejo as pessoas correrem apressadas para suas casas incapaz de me notarem ali. Senti inveja deles... senti vontade de ter como única preocupação naquele momento a chuva passageira.
Continuo olhando para janela e me assusto quando a garçonete coloca minha caneca de café na mesa. Mas o motivo do susto foi mesmo o homem sentado na minha frente.
A moça sai sem notar o pânico nos meus olhos. O silêncio continua por alguns minutos  e o homem parecendo entediado acende um cigarro e volta a olhar pra mim.
- Não pode fumar aqui...
A única coisa que sai da minha boca fazendo ele rir.
Não precisei olhar muito para ele, sabia que era o homem que entrou na minha casa a uns dias... noto que ele era bem mais velho que Max. Seus cabelos negros tinham alguns fios brancos se mostrando. Seus olhos eram azuis como os meus, mas ele era bem forte para um senhor...
- Você bebeu?
Pisco sem entender, mas logo percebo que ele se referia a garrafa.
- Sim... o que era aquilo?
Ele me olha com humor apagando seu cigarro e pegando um bolinho.
-Digamos que seja uma vitamina. Funcionou certo?
- Sim... quem é você.  E como você entrou na minha casa?
- Sua casa é mais aberta do que você imagina. Devia tomar cuidado...
Sinto nervoso, quem era esse cara e por que estava me seguindo?
- Quem é você?
Ele me ignora devorando outra rosquinha.
Deixo escapar um xingamento enquanto me levantava para sair. Não vou perder meu tempo com outro babaca desses. Tenho coisas mais importantes com o que me preocupar tipo assassinos juvenis no meu quintal.
- Você não está segura com eles.
Paro. Olho para ele que está me observando, volto somente alguns passos para ninguém ouvir nossa conversa.
- O que você quer dizer?
- Você sabe o que eu quero dizer. Eles te protegem até o momento que você deixar de ser novidade...
- Mentira...
- Você sabe que não... eles te estudam e veem sua fraqueza. E depois...
As imagens do homem sendo esfaqueado me atingem me fazendo sentar. Sinto uma lágrima descer pelo meu rosto.
- Eveline eles não podem te ajudar...
Olhei para ele. Sinto um pânico correr pelo meu corpo.
- Como sabe o meu nome?
Ele tenta me enrolar novamente, mas eu volto a me levantar.
- Eu conheço você por que somos iguais!
Olhos para sua mão e vejo a luz vermelha.

- Meu Deus

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- Meu Deus...
- Eu e você somos iguais Eveline, então somente eu posso te ajudar.
Eu estava  em choque, era muita coisa para assimilar. Sempre foi eu, sempre... Sempre fui sozinha, ninguém me entendia, ninguém sabia o que era isso... Agora ele sabe.
- Quem é você...?
- Vou explicar tudo para você com calma... mas você precisa vir comigo Eveline, esse lugar não é seguro para você.
- Eu não sei...
- Não pense nisso agora. Você não está bem... me deixe te levar para casa. E eu te explico tudo quando estiver melhor.
- Não!  Eu... Não posso voltar.
Sinto as lágrimas descerem com mais força.  Não podia voltar... Não com eles lá...
- Não se preocupe.  Enquanto eu estiver com você eles não vão te tocar...
- Por que eu devia acreditar em você?
Ele se cala. Parece pensar no que está prestes a dizer. Olha em meus olhos e então cede.
- Eveline eu sou igual a você.  Esse dom só aparece em pessoas da mesma linhagem...
- O que você quer dizer?
Sinto meu peito acelerar.

- Eveline eu sou seu avô.

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