Vagalume

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- E você pensou que ninguém iria descobrir seu idiota?

- Ai Jeff! Seu babaca toca em mim de novo e eu acabo com você!

- Vamos ver o que o Slender dirá quando descobrir que você foi sozinho na casa da garota e quase a matou...

-Talvez eu não tenha sido o único...

***

Ouço as vozes me tirarem do transe, mas meu corpo continuava sem conseguir se mover. Tento levantar a cabeça e uma dor alucinante me atinge fazendo eu soltar um gemido involuntário.

- Ela esta acordando!

Ouço a voz e me obrigo a abrir os olhos mesmo com meu corpo protestando, tudo a minha volta esta girando e leva um tempo para eu notar aonde estou.

Era uma sala escura com apenas uma leve luz iluminando onde eu estava, neste momento percebo que estou sentada amarrada a uma cadeira. Começo a me debater na tentativa de sair, mas luto em vão. Eu estava em panico e sabia que ficar assim só ia piorar tudo... Neste momento ouço risadas vindas da escuridão. Eu gritaria se minha boca não estivesse tampada por um pedaço de pano.

- Então essa é a tal garota...

- Fique quieto Jack! Ela irá nos ouvir...

Mais risadas.

-Hmmm...

- Ela acordou.

Aos poucos as sombras iam entrando no foco de luz e eu pude ver quem eram. Prendi a respiração, se o objetivo era não entrar em panico eu estava falhando gravemente. Algumas pessoas eu lembro de ter visto na floresta outro dia, tinha o babaca que invadiu minha casa e o outro com a cara cortada, mas também havia uma criança, um cara fantasiado de palhaço e dois garotos de mascaras. O mais cômico era que os meninos de mascara eram os mais "normais".

- Tira a mordaça da cachorra!- Disse a garota de cabelos negros.

Por sorte a criança que veio em minha direção  sorriu de um jeito fofo ao tirar minha mordaça, não sei por que, mas aquilo de certa forma havia me tranquilizado um pouco. 

- Agora pirralha você vai nos ouvir e cooperar... do contrario eu vou fuder com essa carinha bonitinha que você tem.

Permaneci em silencio olhando diretamente para seus olhos completamente negros.

- Ótimo... espero que não se sinta mal, mas tomamos a liberdade de pegar algumas coisinhas suas na sua casa, que por sinal é bem bonita...

- Eveline Silver, 17 anos. Sem passagens pela policia, pais mortos na infância...

Dizia o garoto de mascara branca, enquanto folheava algum tipo de ficha sobre mim, assim que ele falou sobre meus pais meus olhos foram de encontro aos dele e pela sua cara notei que as energias já estavam se manisfestando pelo meu corpo, ele deu um passo para trás e começou a rir.

- Vocês virão???? Olhem os olhos dela haha você não matou eles, matou Eveline?

Abaixei a cabeça para tentar recuperar os sentidos.

- Não se sinta envergonhada... todos nós matamos nossos pais... ou alguém haha.

Olhei para ele novamente desejando que meus olhos soltassem raios como os do Superman, mas essas energias estupidas saiam quando bem entendiam...

- Eu não sou uma assassina...

Todos voltaram a rir, menos o garoto que invadiu meu quarto.

- Ora essa Jane haha essa garota é um porre!

Mais risadas, sinto meu corpo formigar de leve, um calor confortável começou a me esquentar, era como se de repente uma confiança estivesse tomando conta de mim, e eu quase me juntei a eles na risada, o que estava havendo comigo? Volto a baixar minha cabeça antes que eles notassem.

- E você acha que eu não sei? Mas o papai quer que a gente cuide dela...

- Você sabe que o Slender odeia quando você chama ele assim não é?

- Oh Jeff... e é exatamente por isso que eu continuo chamando...

Eles começaram a discutir sobre besteiras entre si, enquanto isso minha vista começou a se desfocar novamente e eu senti meu corpo em chamas, era uma força que eu nunca havia sentido antes... Era poder!

Uma batida forte da onde seria a porta fez todos se calarem por completo.

- Slender chegou?- disse pela primeira vez o garoto que me tirou de casa, eu pude notar um tom de panico em sua voz, deixo uma risada escapar, mas ninguém nota.

- Claro que não Tobby, a casa é dele por que ele iria bat...

Outra batida, dessa vez bem mais mais forte, eles dão um passo para trás vindo em minha direção, eu já sabia que elas tinham me encontrado, agora era só escolher. Criaturas ou adolescentes assassinos. Volto a rir, mas dessa vez bem mais alto e de um jeito descontrolado.

- Mas que merda é essa?- Disse o outro garoto de máscara azul se virando.

- Porra! Ela ta pegando fogo!

Energia vermelha... Agora sim eles veriam o que era diversão.

- Vocês mexeram com a garota errada...

Meu Deus... essa não era eu falando, com certeza não era. Minha voz saiu dupla e muito mais grave que o habitual. Alguns deles riram de mim e outros apenas me olharam com descrença.

Mas antes de fazerem qualquer coisa outra batida violenta na porta e ela se abriu em um estrondo. As criaturas entraram lentamente como se estivessem procurando por algo, eu não sentia medo...

- Que coisas são essas???

Quase todos gritaram juntos, eles podiam ver? Mas isso não era possível...

As sombras se aproximavam com calma, seguindo os passos da sombra que notei ser a líder já que ela era mais consistente e conseguia se arrastar pelo chão, eu era a unica na linha de frente, todos estavam atrás de mim, mas não ia deixar isso me abalar. A sombra líder enfim chegou até mim.

Seu rosto ou que devia ser estava a milímetros do meu, meu leve panico fez as luzes com agilidade se tornarem azuis, merda...

- Vocês virão isso?- Notei que a voz vinha do garoto de mascara branca. Todos ficaram em silencio.

A sombra lentamente tocou minha testa com suas garras finas e o que vem depois nem eu sei se tem explicação...

- Eve...

Era a sombra... ela estava falando comigo?

- Quem é você? - minha voz saiu em um fio fino de palavras.

- Você não está segura...

Era uma grande novidade... sabia exatamente que não estava segura, amarrada na sala de adolescentes psicóticos, mas não ia falar isso em voz alta, como dizia o ditado... ta no inferno abrace o capeta.

- O que?- Eu disse mesmo sabendo exatamente o que a criatura queria dizer.

- Você não está segura... C-Com...

As sombras começaram a voltar lentamente para porta enquanto a líder parecia estar perdendo força.

- Com o que?!

Sinto o leve toque frio da sombra deixando meu rosto aos poucos, e sem pensar duas vezes seguro o que imaginei ser um de seus braços, minhas mãos tomam um tom azulado de repente, e a sombra volta a tomar forma.

- Você não estará segura com... Max.

Então eu a deixei ir...

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