Os mocinhos.

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- Tem certeza de que não quer ficar aqui até amanhã?
Jason estava me ajudando a me arrumar antes de sair. Por algum motivo ele adora essas coisas de roupas e penteados.
- Não posso... tenho coisas importantes na escola hoje. E meu lugar é na casa de Max, se ele voltar tenho que estar lá.
-Você gosta muito do seu tio não é? - disse ele ajustando a parte de baixo do vestido branco que eu usava.
- Gosto... Max é a única pessoa do mundo em quem eu posso confiar.
- Imagino que tenha sido difícil saber que esta em perigo estando com ele...
Olho para o espelho, o vestido branco que Jason fez pra mim era tão delicado, e o babado me fazia parecer uma boneca.
- Ouvir aquilo foi a coisa mais difícil... mas sei que meu tio não seria capaz de me fazer nada.

- As vezes penso que ele é o seu pai... pelo modo como você fala dele. -Seu tom sai triste.
- Não... meu pai morreu quando eu ainda era pequena, não me lembro muito dele...
- O meu também. Mas eu me lembro dele.
Nossos olhos se encontram e posso notar sua dor, será que ele também notava a minha?
-Obrigada Jason, mas preciso ir agora.
- Claro... faça uma boa viagem até a escola. E se cuide.
Nos despedimos e então segui meu caminho até a escola.

****
A

s horas se passaram arrastadas por mim, nada de importante realmente aconteceu. Mas eu precisava de um tempo para relaxar.
O sinal toca me tirando do devaneio momentâneo.
Separo minhas coisas e saio apresada da sala. Só queria chegar em casa logo. Mas nem sei se poderia chamar aquele lugar de casa...
- Ei garota!
Continuo andando. Fingindo que não era comigo, afinal, eu não era a única ali.
- Novata! Ei você é surda?
Sinto meu braço ser puxado e quando me viro dou de cara com um garoto. Seus olhos estavam quase cobertos por uma franja de um tom negro. Sua pele era clara e deixava suas bochechas e nariz rosados por conta do frio. Ele usava um uniforme impecável enquanto o meu se encontrava no fundo da minha gaveta.
- Que foi?- eu digo por fim.
- Você esqueceu isso aqui na mesa.
Ele me estende um caderno. E como sempre minha mente continua atenta. Passo um tempo olhando para o caderno. Fazendo o garoto pensar que eu sou retardada.
- Ah... obrigada. Eu estou um pouco desatenta hoje...
Não olho para ele, apenas pego o caderno.
- Percebi... É verdade que você veio do Japão? - ele me olhava como se estivesse vendo uma nova espécie de inseto.
- Isso mesmo.
Olho para ele.
- Legal... Então meio que você fala Japonês...?
- Latim que não seria.
Ele leva um tempo para entender mas logo da risada. E sem perceber eu também sou contagiada pelo seu sorriso.
- Você é divertida novata. Gostei de você. Bom, caso precise de alguém se sua atenção te trair novamente, pode contar comigo.
Ele dobra um papel e coloca na minha bolsa.
- Esse é meu número caso esteja se perguntando. Ah e eu me chamo Marcus caso também esteja se perguntando.
Ele se vira para sair, mas para no caminho.
- Você tem um nome?
- Sim eu meio que tenho um nome... Pode me chamar de Eve.
- Melhor do que Sakura...- Diz ele pensativo e sem perceber acabo rindo enquanto ele sai.
O clima estava propenso a chover. Uma ventania fez com que eu me arrependesse de ter saido de vestido.
Pego o atalho pela floresta e corro o mais rápido possível, entre alguns passos sinto alguém atrás de mim. Olho para trás, mas não vejo nada. Continuo correndo enquanto os passos ficavam cada vez mais altos. Sinto minhas mãos se esquentarem e a luz se ascender. Corro até minhas pernas cansarem. Então eu paro.
Olho ao meu redor e antes de perceber alguém me ataca por trás, caio de cara nas folhas sujas do chão. Sinto gosto de sangue...
Me debato e grito o quanto posso, mas a pessoa tinha uma força fora do normal. Sinto a explosão de energia sair de mim e arremessar a pessoa não muito longe. Me levanto com cuidado e vejo um homem careca e forte, muito forte se levantando. Ele usava um terno preto, seus olhos tinham um brilho de cor amarelo e ele tinha uma tatuagem no pescoço que percebi ser um tipo de triângulo.
Grito perguntando quem ele era ou o que queria comigo, mas ele apenas se aproxima cada vez mais. Então grito por socorro.
Sinto minhas pernas fraquejarem e antes que o homem chegasse até mim ele é acertado por algo. Ou melhor, alguém...
Jane aparece atrás do homem e o puxa com uma força sem igual. Ele cai no chão e vejo que Tobby também está la. Ele acerta o ombro do homem com uma faca o fazendo gritar, e eu só consigo ficar congelada sem me movimentar. O homem tenta se levantar, mas Jane o acerta com um chute no rosto quebrando seu nariz e ele volta a cair no chão. Quero pedir para eles pararem. Mas minha voz não sai. A cena se transformava em um filme de terror. Tudo o que eu via era puro ódio nos olhos deles. E pela primeira vez eu senti medo...
Eles esfaquearam o homem sem dó, diria até que eles sentiam prazer naquilo. Sinto vontade de vomitar ao ver a barriga do homem se abrir.
Oh Deus o que era aquilo...
Minhas pernas voltam a reagir e faço a única coisa que poderia fazer... corro.
Corro o mais rápido que consigo. Passo pela floresta e volto ao caminho da escola. Continuo correndo ignorando as pessoas e seus olhares de julgamento.
Eu não podia voltar... eu sabia... desde o começo. Eu sabia mas não queria acreditar. Era tudo uma metáfora não era? Claro que não!
Ele estava certo... isso não é uma droga de conto de fadas!
Eles não eram os mocinhos... eu tinha que encarar a realidade.
Eles eram assassinos.
Eles matavam por diversão.
E eles estavam atrás de mim...






***pessooaal agradeço ao apoio até aqui e só dando um aviso alguns caps estão com problemas que até agora não entendi. Posto o cap e parte dele não aparece :/ então peço desculpas se algumas partes ficarem sem sentido.

Lies.Onde histórias criam vida. Descubra agora