Menina de Luxo [COMPLETO]

Oitavo

Cheguei e a mamãe já estava louca. Aliás, ela sempre está louca. Ela não falou nada mostrando, mais uma vez, que é muito orgulhosa e que não vai tolerar essa minha tal atitude.
É até bom. Estragaria tudo ouvi-la falar agora.
Derek veio falar comigo.
-O que achou?
-Foi perfeito.

Derek sorriu.
-Papai pede quer vá vê-lo em seus aposentos.
-Só vou tirar essa roupa.

Subo para o meu quarto e vejo um deslumbrante vestido deitado em minha cama.
Fiquei encantada de imediato.

Tomei a minha ducha e fui ver o papai.
-Licença.
-Sente-se.

Me sentei na ponta da cama. Papai estava bebendo um de seus vinhos preferidos.
-Como foi o passeio?
-Maravilhoso.

Papai sorriu.
-Você viu o vestido que mandei a Quitéria deixar em seu quarto?
-Ah, então foi o senhor,meu pai?
-Estava sendo feito à meses.
-Ele é perfeito. Obrigada.
-Irá usa-lo no baile de apresentação.

Sinto uma grande agonia ao ouvir o que papai fala.
Ele me encara.
-O que você tem?
-Eu..-paro e penso que falar que este evento é super indesejável será um absurdo para os ouvidos do papai.
Ele não merece que eu o desaponte. Esse é o meu destino,é o destino de qualquer menina de luxo. -Eu quero que chegue logo.

Papai sorriu mais uma vez.
-Que bom. Fico feliz em saber.

Fiquei conversando com o papai. Não demorei muito para ir deitar-me.
A conversa não me fez esquecer,nem por um minuto, o que me espera. Fico pesando se isso é normal.
Decido pensar em algo bom e é claro que me veio o Antônio em minha cabeça,a nossa tarde, aquele lugar lindo.
Parece ser tão errado para uns ,mas me parece ser tão certo ficar com quem eu me sinto bem de verdade.
O sono me pega de leve e eu vou cedendo.

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É isso, é hoje.
Eu acordei bem antes do que deveria, fiquei olhando pela janela os pássaros voando em perfeita harmonia. Eles pereciam ter a certeza de que aquele sim é o lugar deles.
-Eu só queria ter a certeza de que ao lado dele é o meu lugar.-sussurro sozinha.
-Com quem está falando?-escuto a Dora perguntar atrás de mim. Me viro rápido e a abraço.
-Que bom que está aqui.
-Eu não perderia isso por nada.-ela fala sorridente.-E que cara é essa,Bella?

Saio de seus braços.
-Eu não sei...-falo pegando no vestido que usarei hoje a noite.
-Você não quer!?

Fico parada escutando a mais pura verdade. Eu não quero!
Dora se senta em minha frente.
-Isso vai mudar, ta?! Você vai olhar para ele e essa insegurança vai sair daí, você vai olhar para ele e vai sentir que quer ficar com ele , e quando tiverem o primeiro contato vai saber que ele é sim o amor da sua vida e que o destino não poderia ter sido mais generoso com você. -Dora fala com lágrimas nos olhos. Ela está sim, super apaixonada pelo Arthur.
-Assim espero, irmã.

Dora levanta e me abraça. Eu me sinto bem. Deixo que a saudade saia aos poucos.

Descemos para tomar chá. O palácio já estava cheio de gente. Eu não sei porque eles precisam de tanta gente.

Encontro com as meninas de luxo de alguns reinos vizinhos.
-Bella! Parabéns!-fala Sophia.

Ela me abraça e as outras meninas chegam.
Não fui de ter muitas amigas e também nem gosto. A Dora que deve estar super feliz com isso. Agora ela saiu de perto de Arthur, se juntou com as suas e amigas e agora vão falar besteiras ,como sempre. Espero que seja assim durante todo o dia. Eu não quero ser o centro dele, por mais que eu seja. Por mim todas as pessoas podem ficar como se eu não estivesse aqui, pois na verdade eu nem estou. Eu estou com os meus cabelos voando com o vento, encima da meu cavalo e vendo o Antonio correr ao meu lado.

Agora as meninas voltam as atenções para mim.
-Então ,Bella, está animada?
-Sim...-minto.
-Soube que o príncipe do reino Cecília é lindo. Você tem sorte.

Essa é uma sorte que eu não queria ter. Ou estou sendo dramática demais?
"Eu quero logo que o meu baile chegue" "Eu quero que o meu príncipe seja tão lindo quanto" "Eu queria estar em seu lugar agora"
Eu já estou cheia.

As meninas agora mexem em meu cabelo.
Eu tenho a mente livre para pensar em outras coisas enquanto as mãos leves da Sophia alisam o meu cabelo.
Fecho os olhos e quando abro vejo alguém se mexer entre as flores do jardim.

-Eu vou aqui e já volto, meninas.-falo e logo saio.

Vou em direção ao jardim e não vejo nada.
-Perdeu alguma coisa sua alteza?

O meu coração palpita. Já sei de quem se trata. Ele não tem outro jeito de chegar.
Me viro sorrindo.
-Oi, Antônio.

Antônio sorri.
-Como está hoje,menina de luxo?
-Do mesmo jeito de sempre.-falo tocando em uma das roseiras.-Eu não me sinto segura. -falo distraída.
-E acha que deveria?
-Talvez. Eu não tenho certeza.
-E do que você tem certeza?

Penso bem antes de responder.

-Tenho certeza das coisas que sinto quando estou com você,Antônio.-falo ainda distraída. Eu não tenho coragem de olhar para ele. Eu acabei de falar algo que jamais deveria sair da minha boca, mesmo que eu sentisse isso ficar cada vez mais forte.
Olhe para o Antônio, pois já estou me sentindo sozinha aqui. Ele não fala nada,nem ao menos sinto a sua respiração.
-Está errada.-ele fala com uma feição super séria.
O que escuto nao é nada agradável para os meus ouvidos.
-Porque?-me armo de coragem para perguntar. Respiro fundo.
-Esse é o seu destino.
-Se eu quiser.
-Acho que está errada de novo.

Tudo isso é uma perda de tempo. Antônio é apenas uma distração.
Toco novamente nas roseiras. Fico chateada pois eu sei que depois disso tudo ,eu ainda terei que ver o Antônio em minha própria casa. Agora eu sei porque me sinto tão mal assim, é dele que eu gosto. E sabe, isso não é novidade. Não estou nem um pouco supresa. Isso é o que explica o meu estômago revirar e o ar me faltar quando estou ao lado dele, eu sei que é por isso que eu não me sinto segura, pois é ao lado dele que eu sinto que está tudo certo. E agora? Uma menina de luxo tão certa e cuidadosa que acabou gostando de um cavaleiro do seu destinado reino. Isso é estúpido.
A minha cabeça ferve e acabo ferindo o dedo em um dos espinhos da roseira.
Antônio olha depressa para mim. Essa é a última coisa que eu quero me preocupar agora.
Antônio segura a minha mão e aperta o meu dedo. Ele limpa o sangue em sua roupa.
Ele a levanta bem devagar e a coloca em seu rosto. Sinto o Antônio soltar o ar que estava prendendo por causa do nervosismo, talvez.
Eu faço o mesmo. Fecho os olhos lentamente enquanto sinto o seu rosto tão macio quanto o rosto de um bebê.
"Está errada" escuto as suas palavras novamente. A minha cabeça me alerta. Talvez ele tenha razão.
Tiro com força a minha mão do seu rosto, mesmo sem querer, e saio andando, deixando o Antônio ainda com os olhos fechados, e com o efeito da minha mão o acariciando.