Carma

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Pequena atrevida, Oliver pensou enquanto sentia a água suja respingar em seu rosto imaculado e logo atingir suas vestes impecáveis. Provavelmente, se sua mãe o visse naquele momento, teria um grande ataque; Thea, com certeza caçoaria do seu estado lastimável...Já o seu pai, lançaria aquele olhar de aprovação para Felicity. Qualquer atitude de coragem impulsiva surpreendia o seu pai. Por mais impulsivo o Queen fosse por diversas vezes, não achava agora, a atitude de Felicity muito louvável. Ao contrário.

Por isso, não compreendia o motivo de ainda não ter explodido com ela. Muito menos, por ter oferecido sua mão numa atitude, aparentemente, automática. Ele nunca dava sua mão, sem antes pensar três vezes. Nem quando ia fechar um negócio com algum sócio. Era um completo mistério não conseguir articular nem um palavra no momento, ao invés, se ocupou em encarar Felicity, fixamente.

Ela retribuía o olhar, com as narinas levemente dilatadas, indicando raiva.

― Por que diabos você diz que a lei ficaria ao meu lado, quando eu arruinei suas chances de fechar um contrato valendo milhões? ― Seus olhos cuspiam labaredas e Oliver não lembrava de ninguém nunca o ter lhe encarado daquela maneira tão diretamente.

Claro que havia tido algumas experiências antes, onde acabava recebendo aquele olhar, mas isso era apenas com os inimigos...E no momento, não conseguia colocar Felicity nesta mesma categoria. Deveria, mas não conseguia.

A situação era no mínimo inacreditável.

Seus olhos cristalinos se estreitaram. Ele começava a ponderar na ideia de compartilhar ou não aquela informação com Felicity, após tanto tempo. A verdade era que a secretária não lhe devia nada, além de alguns neurônios torrados junto com a sua paciência, ao decorrer dos meses em que ela fora contratada. Ela interromper sua transação com Isabel, havia sido apenas uma oportunidade perfeita para Oliver se vingar de todo o estresse que ela o havia submetido.

Em parâmetros legais, Felicity não lhe devia nada, pelo o contrato que Isabel escolhera não assinar ao serem interrompidos. Sua única culpa ali era por ser extremamente anti-profissional e enxerida, e Oliver tinha a total certeza que a lei não lhe condenaria por isso. Na verdade, havia se aproveitado do nervosismo da secretária, para bolar todo aquele plano de "um contrato por um contrato" e agora, Felicity não poderia fazer nada além de cumprir os dias estipulados sendo a sua escrava.

Se a lei iria lhe amparar antes, agora não iria mais, por isso optou em deixar aquela verdade só para ele.

― Só quis te instigar. ― Mentiu, odiando-se por isso. Quando mentia tão descaradamente assim? Algo realmente não ia bem com a sua cabeça.

Felicity desconhecia as mudanças que a fisionomia do sádico adquiria quando ele mentia - uma vez, que ela nunca presenciara o fato -, mas uma tinha leve desconfiança que ele o fazia agora. Apertou mais os olhos.

― Eu não acredito em você. ― Declarou, com seriedade.

Mesmo com as mãos completamente sujas, ainda assim Oliver começou a apertar a ponta do nariz, pensando o quão insana era aquela situação ridícula.

Por que suas pernas não o tiravam dali?

― Não pedi que acreditasse. ― Mandou de volta, colérico e como resposta, recebeu mais lama no rosto.

Por puro reflexo, fechou os olhos, ao invés de tentar se proteger com os braços do ataque infantil de Felicity.

Quando julgou que era seguro, voltou a abrir os olhos e fitou Felicity com intensidade.

100 Dias com Oliver QueenOnde histórias criam vida. Descubra agora