O Despertar da Luz

III-Zoe

Chegou a manhã da grande caçada! Todos os guerreiros, dos mais experientes, aos mais jovens, estavam empenhados nessa empreitada. Toda caça era armazenada em barris com sal, e assim se conservava de uma primavera à outra. Dessa vez tínhamos que ir mais longe pra termos certeza que cercaríamos as presas maiores. Um grupo saía com lanças, outro com espada ,e aida ainda outro, com flechas.

_O que faz aqui? Essa é uma caçada para homens. _disse Zofar ao avistar-me.
_Acho que vai perder a largada se continuar se preocupando comigo.
É lá junto às outras garotas o seu lugar, veja estão acenando!
_E o que você acha disso? Me dê um sinal, e serei seu campeão.
_ Estou admirada! Como você é popular! Espero que aproveite bastante. E no final tenha o que mostrar pra todas elas...agora se me der licença, tenho uma caçada, serei eu mesma a campeã. Se não se importar em perder pra uma mulher...é melhor correr,eles já saíram...

As flechas que todos os arqueiros usavam eram marcadas, qualquer animal abatido seria creditado ao arqueiro que o acertasse. Modéstia à parte, sempre fui a melhor arqueira de toda Haloway.

Sabendo que todos os homens estariam nas zonas das manadas, onde os guinus se reuniam, fui para o lado oposto, do rio,onde provavelmente, tentariam esconder-se do perigo, e eu sabia exatamente onde eles iriam pra ficar longe das investidas dos guerreiros...

Do alto de uma grande árvore podia ver toda a extensão do nosso território e ter uma visão privilegiada da movimentação dos animais e eles vinham direto ao meu encontro...

Sem fazer barulho , fiquei a favor do vento,e esperei...logo o local parecia um berçário de todo tipo de espécie de herbívoros, que se alimentavam despreocupadamente, alguns até se acasalavam.
Preparei o arco e com movimentos repetidos acertei o maior número de presas que pude,as outras correriam e cairiam nas armadilhas que coloquei no caminho,no dia anterior.

Voltei à aldeia e trouxe a carroça, empilhar os animais um a um foi uma tarefa árdua, o cavalo sofreu para arrastar toda aquela carga. O terreno acidentado e estreito das trilhas dificultava a volta.
O veículo era reforçado, estávamos acostumados a ter que carregar água do rio.
Estava na metade do caminho quando percebi a agitação do cavalo, só poderia significar uma coisa...predadores à espreita.

Pensei rápido,o lugar era estreito eu não teria como lutar a menos que pudesse ter a vantagem da distração, não sabia que tipo de animal estava ali, o jeito seria arriscar.
A árvore mais próxima era um grande carvalho seu troco largo de galhos grossos oferecia uma subida estratégica, se meu oponente não fosse hábil nas escaladas isso poderia ser uma ótima ideia, ou eu teria que lutar contra um guepardo...animal acostumado a dormir sob às sombras nos galhos...

Não esperei pra ver, dei um salto, o mais que depressa que pude, alcancei uma altura segura e esperei que o oportunista se revelasse, não demorou muito, e pude constatar, eram dois felinos famintos, leões...sentiram o cheiro de sangue e vieram comferir. Mas,se dependesse de mim,não seria tão fácil assim!

Ainda me restaram três flechas. A caça sobre a carroça os deixariam ocupados o bastante para não se darem ao trabalho nem de querer matar o cavalo,mas isso também significaria que eles desejariam ficar por mais tempo ali. O que eu não estava disposta a esperar.

Os leões derrubaram o corpo de um guinu jovem e como eu imaginava, se estranharam e brigando pela comida, esqueceram-se de mim.

Mirei no primeiro leão, não queria acertar em qualquer lugar, apenas na nuca ou no peito, a morte seria rápida e certa, respirando fundo, soltei a flecha, ela voou e cravou no pescoço do felino que ficou ali mesmo, o outro, porém percebendo, algo errado, agitou-se e veio em minha direção com ferocidade, só me restaram duas flechas e um furioso leão,que agora lutava para escalar a árvore que nos separava.

Atirei a segunda flecha, mas não acertei, ele apenas recuou para então tomar impulso e mais uma vez tentar me alcançar, só mais uma chance, uma flecha me restava...
_Respeito muito a sua ira,mas esse território é meu,portanto...é você quem terá que sair,por bem ou por mal...
O rugido do leão fazia estremecer a alma,mas eu não podia fraquejar.
Uma flecha, uma única chance de poder descer e continuar viva.
Não seria tola de mirar no meio dos olhos, poderia acertar ossos e isso não o mataria, então percebi que exatamente o que fazia pra me assustar seria seu fim.
O rugido ainda mais alto e poderoso do leão também foi o seu último.

A flecha abriu caminho entre suas presas para cravar-se em sua garganta, silenciando aquele feroz oponente para sempre. Ainda aguardei alguns minutos até que não houvesse sinal algum de vida, nem a possibilidade da existência de um outro felino à espreita. Quando desci, o agitado cavalo parecia reclamar dos momentos de tensão vividos.
_Vamos Stefano, prometo recompensá-lo por sua coragem em não ter fugido daquelas feras! Obrigada por não me deixar sozinha amigão, ganhará uma gostosa refeição! Rs....