O dia foi de intenso trabalho na aldeia, o muro já estava bem adiantado.
Os habitantes de Haloway estavam todos reunidos no refeitório para uma ceia coletiva.
_Vamos, será uma ótima chance de conhecer a todos de uma vez._disse Zoe animando o hóspede.
_Você não precisa temer, somos um povo amistoso, Príncipe Kalel. _reforçou Zaira.
_Não tenho medo, e por favor, senhora Zaira, chame-me apenas de Kalel, aqui não sou um Príncipe.
_Só não ligue se um grandalhão chamado Zofar fizer uma centena de perguntas, ele acha que tem obrigação de nos proteger o tempo todo.rs...
_Não implique com Zofar querida, ele não faz por mal, realmente se sente responsável e isso é louvável.
_Reconheço suas qualidades mamãe, mas ele exagera...rs...Todas as cabeças viraram-se para olhar o visitante que acabara de entrar ao lado de Zoe e sua família. A curiosidade estampava o rosto de todos em Haloway. Na verdade já sabiam de quem se tratava, que Kalel era um Príncipe, e isso alimentava ainda mais a imaginação de todas as garotas da aldeia. Zofar estava especialmente agitado àquela noite, não tirava os olhos de Kalel, ajeitando-se no seu lugar. A mesa de seu clã ficava ao lado do clã de Seth, o que o deixava bem próximo a Zoe.
_Venha Kalel, sente-se aqui, todas as famílias possuem suas mesas, é nossa forma de honrar a todos, um dia Haloway ficará pequena para tantos descendentes que teremos! _disse mostrando um lugar à mesa.
_Que isso torne-se real pra todos, senhora Zaira, rs...
_E saiba que todos são bem vindos aqui, nos tornamos um só povo quando decidimos viver juntos neste lugar.
_Acredito que vivam felizes...vejo isso no rosto de cada um, exatamente como era em Hagnamar...
_Kalel, tenho certeza que gostará da comida de Uadira tanto quanto aprecia a de mamãe..._disse Zoe sentada ao seu lado.
_O cheiro está maravilhoso!O refeitório era um espaço muito grande, cabendo confortavelmente acomodados todos os moradores que ocupavam imensas mesas retangulares com bancos cumpridos feitos de cedro, arte dos habilidosos carpinteiros da família Chiang.
_Vamos! Não esqueçam de agradecer pela colheita e pela caça! _lembrou Seth, dando início às graças, curvando a cabeça._Vamos comer!_disse Uadira _Prove o guisado de gamo, esse foi caçado por Zoe.
_Não me disse que era caçadora, qual é sua especialidade? Não diga! Arco e flecha?
_Exato!rs...
_Você não viu nada! Nossa Zoe matou dois leões! Ela foi nossa campeã este ano.
_Uma competição! Com tantos guerreiros e você conseguiu!? Surpreendente...
_Você também acha que uma garota não deveria participar de caçadas!?
_Pelo contrário, garotas, rapazes, somos iguais quando usamos a arma corretamente.
_Uma mulher não pode com a força de um guerreiro._interviu Zofar.
_Realmente...é por isso que o treinamento ensina a usar a cabeça para suplantar a força bruta, lhe garanto que até um gigante pode ser derrotado por um menino, se este for esperto._respondeu Kalel.
_Se você estivesse inteiro, adoraria que tentasse provar o que diz..._provocou Zofar.
_Não preciso estar completamente recuperado para lhe mostrar isso...embora me sinta perfeitamente em condições.
_Guardem suas energias para lutas reais senhores, hoje é noite de render graças. Lutaremos quando necessário.A ceia prosseguiu em paz e todos se confraternizaram com o Príncipe de Hagnamar como se já o conhecessem a vida inteira. Mesmo com uma pontada de tristeza por sua família não estar ali, conseguiu, por alguns instantes, sentir outra vez o que era fazer parte de um povo. Teve vontade de fazer por ekes o que não pode por sua própria gente. Protegê-los da insana ganância de Mahlek e seu terrível exército.
As famílias voltaram cada uma às suas casas, porém a noite não acabaria tão calmamente assim...
Depois de deixar tudo em ordem, Uadira e outras mulheres com ela, fecharam o grande refeitório, felizes por todos saírem satisfeitos mais uma vez.
Mas, ao atravessarem a praça, notaram o barulho de cascos de cavalo batendo contra o solo, eram muitos. As luzes de Haloway iluminavam o campo ao seu redor, cerca de dez metros à frente, na sua circunferência, conferindo visão à torre de vigia. O guerreiro encarregado de montar guarda àquela noite, Cyrus, subiu depressa e percebeu a aproximação de um pequeno exército de mais ou menos vinte e sete cavaleiros. Soou o alarme, para que os outros se preparassem para um eventual confronto.Eles vinham pela clareira, aparentemente sem intenção de esconder-se, aceleraram a marcha em direção a Haloway. Liderados por um forte guerreiro, que se pôs à frente do grupo, pararam diante do portão da aldeia.
A tensão tomou conta dos semblantes...
Todos já sabiam sobre Mahlek e seu ataque sobre Hagnamar, por isso havia o temor de que os guerreiros recem chegados fossem atacar.Os guerreiros de Haloway a essa altura, já se encontravam em suas posições. Zoe e Kalel também se colocaram a postos.
_Você não precisa estar aqui, temos guerreiros o suficiente. _disse Zofar, dirigindo-se a Kalel.
_Acho que quando se trata de uma guerra, ajuda nunca é demais.
_Zofar, não temos tempo para crises territoriais, enquanto estiver aqui, ele é tão halowee como qualquer um de nós._disse Zoe dando por encerrada a discussão.
_O que está havendo aqui._quis saber Seth.
_Há um grupo lá fora, diante do portão senhor._disse Cyrus.
_Não podemos abrir._considerou Zofar._não sabemos se são de paz.
_Há uma mulher com eles, ela e um guerreiro estão à frente dos demais._disse Cyrus.A tensão pairava no ar e todos se perguntavam se Haloway estava preparada para um confronto com forças inimigas...aquela situação dimencionou a fragilidade da aldeia, estavam acostumados a guardar os limites contra predadores menores que o homem...nunca antes a maldade humana tentara cruzar os portões de Haloway.
Tochas iluminavam os semblantes dos guerreiros, que calmamente permaneciam em formação do lado de fora. Até que o grande guerreiro que vinha à frente, pronunciou-se.
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O Despertar da Luz
FantasyImagine o mundo sem Deus, imagine o mundo tendo que lutar sem Deus. Mas, até mesmo no caos, quando clamamos somos ouvidos, temos o poder de despertar a luz. 2495 d.C., a humanidade escolheu dar as costas ao seu Criador. E, num ato de rebeldia, tal c...