IX-Belinda

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Somente quando vencida pela exaustão, conseguiu adormecer. As lágrimas pareciam ter-se esgotado, resolvera guardar sua dor em algum lugar da alma, até que fosse possível prantear seu amado pai e o povo inocente de Brumas.

Mas, a batalha, o calor do combate, ainda estavam vívidos em sua mente e logo transformaram-se num pesadelo...

  "Andando através do corredor de pedras, do subsolo. As mulheres e as crianças estavam à minha frente, alguns guerreiros, bem próximos, nos davam passagem segursa.  Mas, num ímpeto, corri pelo corredor, não dando tempo de me segurarem lá, voltei à escada, e subi avidamente.
Prates, espantado com minha presença, ainda assim, não me deu a chance de passar. Forcei seu braço, e o ameacei. Temeroso, me deixou passar. Empurrando as pesadas portas de mogno e ferro ocultas por uma tapeçaria, cheguei a sala do Conselho. Prates vinha em meu encalço,eu sabia que recebera ordens expressas para proteger-me. Lancei meu corpo com força, de lado, abrindo a porta da sala.  Meu coração acelerou... meu pai estava caído ao chão, Hugh, ao seu lado, segurava sua mão, com força. Muitos soldados em volta deles. Eu comecei a correr, em direção a eles. Mas, aqueles seres estranhos, pareciam ter sentido minha presença ali. Vieram ao meu encontro, pelos lados, por todos lados. Quando vi, Prates já estava ao meu lado. Não sei como chegou tão depressa.
Demos as costas, um ao outro. Combatíamos aquelas criaturas estranhas. Um deles, o maior, tinha um machado, muito grande. Se jogou sobre mim, bateria diretamente em minha cabeça. Prates colocou seu escudo na frente, jogando-se ante a mim. Ele havia perfurado três camadas de aço e uma de bronze, em seu escudo. Um estrago. Tirei minha adaga do meu quadril, e joguei-a, por cima de Prates. Atigindo, traspassando o ombro daquele ser. Com um golpe de espada, Prates rasgou a barriga de um deles. Me virei, um deles arranhou muito meu braço. Sabia que ficaria uma cicatriz. Cortei sua cabeça, sem pestanejar, descontando minha raiva nesse golpe, não deixei que se antecipasse. Corremos em direção a meu pai..."

Belinda acorda ofegante, suando, lembrando-se de cada momento.
Não dormiu, quase nada, após o sonho...

_Tem que tentar comer. Não poderemos parar tão cedo. _avisou Hugh, que já estava de pé._ precisa alimentar-se.
Vira o sol nascer, pela fresta da caverna.
Toda chegada de primavera significava que parte da população se ocuparia em sair ao campo à coleta de frutas, outra parte caçaria e ainda outra faria a colheita, pois plantavam alguns tipos de cereais. Tornaram-se criadores de ovelhas,cabras e cavalos,animais que aos poucos conseguiram multiplicar-se.
Tudo era transformado em conservas e armazenados de maneira a suportarem os meses de inverno. Comer aquelas frutas, o queijo, o pão ...tudo isso tinha um outro gosto agora...

Olhou para os homens do outro lado da caverna, todos eles haviam perdido alguém de sua própria família, não tinha o direito a chorar sozinha sua dor, eles também estavam sozinhos no mundo. Hugh nunca se casara, não tinha filhos, apenas relacionamentos passageiros, quando questionado, não poucas vezes...dizia não ter pressa.
Talvez se houvesse mulher e filhos, não suportasse perdê-los...e poderia estar morto, porque certamente lutaria por eles até não lhe restar forças...

Quem sabe, ainda houvesse a chance de ver seu amigo construindo uma família...se encontrassem alguém...

_Quero agradecer a cada um de vocês por tudo que fizeram por mim e por meu pai, e por todo povo de Brumas...sei que se houvesse alguma chance de salvá-los, vocês o fariam. Nem por um minuto pensem que não foram bravos. Papai tinha orgulho de cada um de vocês, e eu também.

Com essas palavras muitos deles respiraram aliviados, e um pouco menos pesados, puderam seguir viagem. A dor não iria deixá-los tão facilmente, mas, a culpa não os fariam prisioneiros.

_Vejo a sabedoria de seu pai em você._disse encorajando-a._vamos conseguir.
_Hugh...obrigada por estar aqui.
_No que depender de mim, sempre estarei.

O Despertar da LuzOnde histórias criam vida. Descubra agora