Fizeram o desjejum antes que o sol pudesse esquentar as copas das árvores...e logo estavam a caminho.
_Vejam! São girafas! Elas são tão raras..._admirou-se Belinda.
_Essa região é cheia delas...é um berçario!_disse Kalel.
_Onde estamos?
_Orpfah... Vale de Bitim...
_Nunca fui tão longe de casa!..._disse Zoe.
_Isso porque vivemos em um lugar perfeito, não precisamos sair!
_É sempre bom conhecer...pessoas e coisas novas Zofar, pra saber comparar e escolher!_disse Belinda.
_Bom, ultimamente nem precisamos sair para vermos...pessoas novas..._resmungou ele.
_Isso não deveria ser ruim...é?!_retrucou Belinda.
_Não... no seu caso..._disse Zofar, vendo que Belinda ficara amuada. Pela segunda vez, reparou o quanto era bonita...e que nenhuma outra garota da aldeia, a não ser Zoe, era capaz de chamar tanta atenção...a força e a delicadeza andavam juntas nelas, como se fossem feitas do mesmo barro...porém, belezas físicas diferentes.Desde que a vira, montada em seu cavalo, diante dos portões de Haloway, sentiu-se estranhamente atingido pela imagem daquela linda garota, mas reagiu como se isso fosse uma traição ao que acreditava sentir por Zoe, então tratou de manter-se distante. Agora porém, vendo-a...seu coração parecia lutar entre duas correntes...
Belinda por sua vez...estava muito triste, mas, isso não a impediu de enchergar aquele guerreiro, durante os dias que passou na aldeia, caminhava entre os moradores, e todos eram sempre gentis, faziam de tudo para que estivesse acolhida em sua nova casa, mas ele falava com todos, sorria...porém, não parecia enchergá-la! Era diferente dos guerreiros de Brumas, pois eles se desmanchavam em cuidados com ela...reparou que o motivo era seu interesse na filha do líder da aldeia.
_Ela não parece gostar dele..._pensara Belinda enquanto fazia a refeição junto aos aldeões no refeitório.Já estavam caminhando há um bom tempo e logo chegariam ao Monte Kerale.
_Vamos parar aqui, sejam rápidos, comam e depois continuaremos, devemos aproveitar a luz do dia ao máximo._disse Kalel apeando do cavalo.
O lugar era tranquilo, havia algumas árvores que forneciam sombra e a vegetação serviria de alimento aos animais. Não seguiam a galope para pouparem os cavalos, mantinham um ritmo bom, porém como levavam o peso extra dos odres contendo água, que também dividiam com eles.
_Os animais bebem mais água que nós,_alertou Zoe._logo teremos que encontrar um rio.
_Não há rios por aqui, o que talvez encontraremos é uma pequena lagoa que se forma do degelo no monte.
_Que seja, servirá para os cavalos..._disse Zoe afastando-se do grupo, pretendia ficar um pouco só, sua cabeça parecia querer romper-se, não costumava ficar doente e não queria que percebessem. Mas, estava sentindo muita dor. _...Talvez o sol esteja me afetando..._pensou levando consigo a raiz que sua mãe lhe dera em caso de alguém precisar, ela não poderia imaginar que seria ela mesma.Zofar e Belinda estavam conversando, pareciam se entender, pelo menos, a dor e a tristeza eram esquecidas por alguns instantes, enquanto ouvia-o falar com seu jeito sério, como se tentasse esconder-se...
_Sinto muito por tudo que perdeu..._disse ele por fim, surpreendendo-a.
_Obrigada...
_Por que quis vir à essa viagem? Poderia ter ficado, já havia enfrentado todo o caminho de Brumas até nós!
_Eu...precisava sair de lá, estava sufocando...mas, já percebi que não dá pra fugir...
_E do que tentou fugir?!
_De gostar das pessoas...me apegar a vocês...não quero perder tudo outra vez..._disse baixando o olhar.
Zofar teve vontade de levantar-se e ir até ela, abraçar seu corpo delicado e dizer-lhe que não temesse, mas...não o fez.
Apesar de estarem a sós, Kalel saira na mesma direção em que Zoe fora.
Mastigar a raiz e esperar, era tudo que podia fazer até a dor passar. Não sentia fome, somente uma angústia no peito...não saberia dizer se o mal era realmente físico ou efeito do que acontecera entre ela e Kalel. Tentava entender por que as coisas foram acontecendo daquela maneira, como uma avalanche...descobrir-se apaixonada, ser beijada pela primeira vez, e logo em seguida, rejeitada!
Quanto mais tentava entender, mais sua cabeça doía...
_Você está bem?_de olhos fechados, reconheceu a voz de Kalel. Não esperava que viesse ao seu encontro, por isso assustou-se.
_Não percebi que havia demorado tanto assim...já estão indo?
_Não exatamente...você não me parece bem...o que está sentindo?
_Apenas dor de cabeça, mas já vai passar, a raiz logo fará efeito.
_Se quizer, podemos ficar mais um pouco, e assim você descansa...
_Não, não precisa se preocupar comigo, obrigada._disse tentando voltar ao lugar onde os outros esperavam, mas escorregou no cascalho e se não fosse amparada por Kalel, certamente teria se machucado.Estar outra vez em seus braços, apesar das circunstâncias, foi o suficiente pra voltar a sentir as mesmas sensações de antes, o coração batendo forte...ele a manteve junto ao peito, sua respiração ofegante, por conta do movimento inesperado, fazia chegar até ele o cheiro da raiz que mastigara, misturado ao perfume natural de sua pele, fazendo seus pêlos arrepiarem-se...como uma lareira que outra vez tem suas brasas revolvidas, permitindo a chama reacender-se livre...não conseguiam ignorar o que aquele simples contato provocava em ambos...levou apenas alguns segundos, mas o bastante para se desligarem do mundo ao seu redor.
_Zoe!_chamou Zofar preocupado, tendo Belinda logo atrás.
_Ela está aqui,_respondeu Kalel, finalmente recuperado, devido a interrupção de Zofar._acho melhor eu ajudá-la. _disse e antes que pudesse dizer alguma coisa, ergueu-a nos braços.
_Não precisa me carregar!_protestou sem resultado.
_Já mastiguei essa raiz, sei os efeitos, ela vai sedá-la por alguns minutos, você precisa descansar. Espero que não tenha ingerido muito.
_Não, apenas o suficiente pra dor passar.
_Vamos... ficaremos um pouco até você se recuperar._disse seguindo o caminho de volta.
_O que houve com ela?_quis saber Zofar ao encontrá-los.
_Nada demais, apenas precisou mascar uma raiz que a fará dormir um pouco...
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O Despertar da Luz
FantasyImagine o mundo sem Deus, imagine o mundo tendo que lutar sem Deus. Mas, até mesmo no caos, quando clamamos somos ouvidos, temos o poder de despertar a luz. 2495 d.C., a humanidade escolheu dar as costas ao seu Criador. E, num ato de rebeldia, tal c...