Capítulo 32

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Aurora está em sua casa com seus pais no interior e tenta da melhor forma possivel transparecer um semblante alegre para que não achem que algo está errado e a encham de perguntas, porém nunca foi boa em esconder as coisas, muito menos dos pais que desde sempre a conhecem muito bem.

- Minha filha este fim de semana vamos preparar um almoço especial, seus avós, alguns tios e primos virão nos visitar – diz sua mãe animada.

- Hunrum... que bom mamãe – tenta parecer animada.

- Está tudo bem com você Aurora? Desde que chegou aqui parece meio disstante.

- É impressão sua mamãe – força um sorriso – Acho que ainda não me recuperei de todo stress da faculdade – aproxima-se da mãe e deposita-lhe um beijo na testa – vou lá dentro terminar de arrumar a casa.

A mãe a observa e conhecendo tão bem a filha não se convence com essa explicação, algo não ia bem.
Naquele mesmo dia ela conversa com o marido sobre  o que pode estar acontecendo com Aurora e ele propõe tentar descubrir o que há com ela.

À noitinha enquanto Aurora está sentado fora de casa observando o céu estrelado, o pai em pé incia a conversa.

- O céu está muito lindo, não é mesmo filha?

Aurora retorna de seus pensamentos olhando para o pai e novamente para o céu.

- Está sim pai, muito lindo.
O pai aproxima-se e passa os braços no ombro da filha que levanta-se e o abraça.

- Quando você era pequenina amava ficar olhando o céu fascinada com a beleza da lua e das estrelas, e quando estava nublado chateava-se porque não tinha estrelas no céu, e eu lembrava-a que por detrás das nuvens escuras elas continuavam a brilhar, que a lua e as estrelas cediam lugar às nuvens escuras para que quando voltassem seu brilho e beleza fossem ainda maior.
Aurora olha admirada para o pari enquanto fala sobre sua infância e o abraça apertado.

- O senhor sempre sabe o que dizer papai.

- Você é o que tenho de mais importante na vida filha, e nunca gostei de vê-la triste.

Aurora abaixa a cabeça e suspira.

- Acha que estou triste?

- Sua mãe e eu sabemos que algo não vai bem Aurora, somos seus pais e nos preocupamos muito.

- Vocês estão certos – diz com os olhos marejados – Não consigo mais fingir papai.
- Aurora, tem algum homem nessa história?

Aurora olha-o surpresa de como seu pai parece sempre saber do que as coisas se tratam.

- É...

- Vamos filha confie em mim. O que aconteceu?
Aurora conta-o todo o ocorrido e ele a ouve atentamente até o final.

- Filha você tem todo o direito d estar chateada, com certeza ele errou muito, mas olhe para você filha, veja como você está! Nunca a vi chorando por um garoto nem na época da adolescência em que esperava este tipo de coisa. Aurora, que você sente por este tal, Felipe?

Aurora olha para o pai tentando encontrar as palavras certas, no entanto a única coisa que consegue é olhar novamente para o céu. Ele se aproxima mais uma vez da filha e assenti.

- Às vezes o silêncio é a melhor resposta – olha-a carinhosamente – vou lhe dizer o que deveria fazer com esse cara, devia ir lá tirar satisfações e quebra-lhe a cara ou algo do tipo – diz sério – Mas Aurora você já é uma mulher e precisa tomar suas próprias decisões. Eu peço que pense muito, muito bem no que fará porque há certas coisas na vida nas quais não podemos voltar atrás, e em algumas delas nossa felicidade está em jogo. Se ele está realmente arrependido, se teve medo da sua reação, se sente o mesmo que você sente por ele... – suspira – Nem estou parecendo um pai falando – sorri – Eu sou seu pai Aurora, e se hoje sua felicidade depende dele eu apoio, e se no futuro for diferente, e nada der certo e o mundo parecer desabar, o seu velho pai estará aqui para te amparar em meus braços e contar histórias como quando você era criança porque para mim você sempre será minha Aurorinha. Eu te amo filha!

Os dois abraçam-se e Aurora derrama lágrimas, de saudade, de tristeza, de alegria e gratidão.

- Também te amo pai, te amo muito e a mamãe também,

Sem que percebam a mãe de Aurora observava tudo da porta da casa e ouvira toda conversa, e também chorava percebendo o quanto a filha havia crescido e se tornado uma mulher, e percebe que independentemente de quaisquer problemas que sua família possa ter, ela é o que tem de mais importante e a felicidade da filha é o que mais almeja.
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O tempo parece passar rapidamente e faltam apenas algumas semanas para as aulas recomeçarem. Felipe continua ministrando aulas em alguns cursos na universidade, tentando seguir em frente e parecer estar bem.

- O que são esses papéis Felipe? – Nanda pergunta à Felipe.

- São documentos.

- Documentos?

- Sim, eu devia já ter contado, então agora é a hora.

- Ai Felipe, diga logo! – diz nervosa.

- Pedi transferência para o campus de outra cidade.

Fernanda fica sem reação e depois pergunta:
- Você vai embora? – lacrimeja.

- Desculpa irmãzinha – limpa as lágrimas da irmã – Eu não queria, mas... Nanda você não faz ideia de tudo que estou sentindo, do quanto é sofrido estar naquela universidade praticamente todos os dias, passar por aquela lanchonete, ficar observando os estudantes indo e vindo e saber que não a verei – diz com os olhos marejados – Ela mal me ouviu antes de ir embora, acha que a enganei... E agora que falta pouco para às aulas recomeçarem o que vou fazer? Não Nanda, eu não vou suportar isso e não quer que fazê-la passar por isso também. Eu a amo, e não sei se aguento mais indiferença. Sei que estou sendo covarde fugindo do que sinto, mas não encontro outra solução, isso me corrói.

- Irmão – segura suas mãos – Eu te amo muito, muito mesmo, e se isso for o melhor para você mesmo não gostando da decisão, apoiarei.

- Obrigado Nanda! E não pense eu irei abandoná-los – abraça-a – Eu os amo muito.

Estamos chegando ao final, espero de coração que apesar dos erros (risos) estejam gostando 😊.

O Estranho da Lanchonete Onde histórias criam vida. Descubra agora