O objetivo principal de Daniel e eu termos viajado, era para divulgar o projeto da senhora Helena e foi exatamente o que fizemos no dia seguinte á nossa chegada.
Era a primeira vez que eu andava pela Corte, observando todos os detalhes, cada flor, cada casa linda á seu modo, cada prédio, cada jardim, tudo era deslumbrante. Por onde passávamos as pessoas nos olhavam e cumprimentavam.
Colocamos cartazes em todos os lugares, caso alguém se interessasse bastava ligar para a escola.
Quando estava na hora de voltarmos para a Corte, Daniel me deixou com os seguranças na cafeteria e saiu, disse para eu esperar. Minutos mais tarde ele volta com uma caixinha quadrada de veludo e a estrega para mim com um sorriso enorme. Após abrir fico maravilhada com o que vejo, era um colar dourado, o pingente era uma flor com brilhos que pareciam esmeraldas.
Olhei para ele:
-Você não deveria ter gasto dinheiro com isso. – eu disse.
-Passei por ele e achei que realçaria seus olhos. – ele senta ao meu lado – Pelo menos finja que gostou.
Seu olhar era de diversão:
-Está brincando? – eu disse – Eu amei, é lindo. Só achei que seria mais sensato gastar seu dinheiro com coisas mais importantes.
Ele riu, divertido.
-E o que é mais importante do que ver você feliz?
E me beijou. Seus lábios estavam tão suaves quanto nunca, ele estava feliz e eu sabia disso, eu sabia que de alguma maneira eu era o motivo da sua felicidade e me sentia orgulhosa por isso.
Ele interrompeu o beijo e se ofereceu para colocar o colar em mim. Era o segundo presente que ele me dava desde que nos conhecemos e estava na hora de eu retribuir. Mas o que dar para uma pessoa que já tem tudo?
-Daniel? – era a voz de um homem, ele estava bem atrás de Daniel. Os seguranças o estavam impedindo de chegar mais perto.
Ele aparentava ter 40 anos, tinha olhos azuis e cabelos negros com alguns fios grisalhos. Ele olhava sugestivamente para Daniel, era como se seus olhos quisessem dizer algo que ele não tinha coragem. Olhei para Daniel que se postou protetoramente na minha frente, talvez ele achasse que os seguranças não dariam conta do homem.
-Lembra-se de mim? – perguntou o homem.
O olhar de Daniel era confuso no inicio, mas logo se tornou furioso, Daniel o conhecia e eu tinha a impressão de que eu também.
-O que quer? – perguntou Daniel, ofegante ao meu lado. – Vá embora como fez anos atrás. Muitos anos atrás.
Foi então que entendi, esse homem, era Rick, pai de Daniel, o mesmo homem que o abandonou para que a mãe o criasse sozinha. Ele agora estava de volta. Percebi porque achei que o conhecia, ele era muito parecido com Daniel.
-Eu soube que o sobrinho da rainha estava pela Corte e achei que...
-Não achou nada. – Daniel o interrompeu, segurou minha mão e começou a andar para o lado oposto do homem – Vamos, Rosy.
-Espere filho. – o homem suplicou, fazendo Daniel parar e se virar para ele.
-Não me chame assim. – disse ele rispidamente – Deixei de ser seu filho assim que nos abandonou.
O segurança ainda o segurava, impedindo sua passagem. Vi nos olhos dele que ele queria chegar perto, abraçar o filho que abandonou, mas pela expressão de Daniel eu soube que era tarde demais.
-Eu os amava, Daniel, - disse ele – amava muito.
-Amava tanto que nos deixou para morrer. – Daniel se virou novamente e não soltou minha mão, mas agora apertava com força. Retribuí o aperto, tentando dizer a ele que eu estava lá para o que precisasse e que ele teria meu apoio.
-Não é totalmente verdade, Helena nunca entendeu o motivo de minha partida, mas eu quero contar a você para que me perdoe. Quero uma nova chance. – Notei o homem angustiado.
-Tarde demais para se redimir, Rick. – disse Daniel, se aproximando do pai. O acompanhei. – E faça-me um favor, deixe minha mãe em paz, nunca mais quero olhar na sua cara.
Daniel se virou, mas num movimento rápido, Rick desviou do segurança e passou por ele, agarrando meu braço livre. Seu olhar era de súplica, mas o que eu poderia fazer? Apenas Daniel sabia do sofrimento que passou. O olhar dele parecia dizer: "Por favor".
-Deixe-a em paz. – disse Daniel, furioso ao perceber o que o pai tinha feito – Não se aproxime dela.
Daniel me puxou para trás de si e o segurança puxou o homem, mas com mais brutalidade. As pessoas que passavam olhavam para nós, curiosas.
-Daniel, eu só quero que saiba que...
-Não quero saber nada que venha de você. – Daniel virou as costas e se afastou, me levando junto.
Dei uma ultima olhada para trás e vi quando o homem desistiu de lutar e, de cabeça baixa, se virou e seguiu seu caminho.
Chegando à Corte segui Daniel até seu quarto, ele parecia muito atordoado e tive medo que fizesse alguma coisa.
Ele foi até a janela, estava respirando fundo tentando se acalmar. Alguns minutos depois se virou para mim:
-Desculpe por aquilo. – disse ele, triste.
Eu estava na cama dele, olhando para além da janela, foquei nele:
-Não tem que se desculpar por nada. – eu disse
-Se eu soubesse que ele ia aparecer, nunca a teria levado para lá, se eu soubesse que... – ele não completou, baixou a cabeça e se virou para a janela, ainda furioso.
-Como saberia? – eu disse, andando lentamente até ele. – Não temos com adivinhar o que teria acontecido, não se culpe por nada.
-Vê-lo depois de tantos anos foi... – ele fez uma pausa, enquanto eu chegava perto e o abraçava por trás – Terrivelmente desorientador.
Ficamos em silencio enquanto eu sentia sua respiração se acalmar:
-Eu nem sei o que dizer. – eu disse
Ele riu, um riso sem humor algum:
-Você não precisa dizer nada. – ele se virou para que eu o olhasse nos olhos – Só de estar aqui já faz com que eu me sinta melhor.
-Eu queria poder fazer alguma coisa pra você esquecer isso que aconteceu e não ficasse triste.
-Basta me beijar.
Ele não precisou falar duas vezes. O beijei e senti sua respiração tranquila novamente e isso fez eu me sentir melhor também. Incrível como um simples beijo pode fazer milagres.
Daniel não quis ficar mais que dois dias na Corte depois do que aconteceu, foi só o tempo de terminarmos o que fomos fazer e voltamos para a escola.
Anne ficou triste com minha partida, mas prometi que viria a seu casamento e ela prometeu que mandaria o convite.
Chegamos á escola e fomos recebidos pela diretora e por... Andrew?
Me espantei ao vê-lo. Fiquei feliz ao saber que ele não havia me abandonado e fiquei tensa ao pensar no que aconteceu entre nós, e mais tensa ainda ao saber que eu precisava contar á Daniel.
Andrew não parecia de mau-humor. Ele disse que havia feito uma pequena viagem para encontrar parentes de fada, mas que não tinha sido bem sucedido. Seu plano era tentar despertar um poder de rastreamento, onde poderíamos encontrar outros como nós. Ele havia lido aquilo em um livro na biblioteca e tentou fazer, mas sem sucesso.
Ficou orgulhoso ao saber que as coisas haviam evoluído por aqui e também disse que não iria embora tão cedo.
Daniel contou á mãe o que aconteceu na Corte, ela ficou pensativa e, eu percebi, nervosa, mas logo em seguida pôs um sorriso no rosto e mudou de assunto.
Algumas semanas depois recebemos ligações de pessoas que se diziam ser como procurávamos. Três ligações para ser mais exata, mas não desanimamos. O tempo estava se esgotando e encontrar pessoas como eu era mais difícil do que eu pensara.
Eu esperava, sinceramente, que Karla não estivesse tão bem quanto nós.
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Escola de Vampiros - Ameaçada
VampiroQuando Rosy pensa que sua vida está perfeita, não imagina que tudo está apenas começando... Agora ela se vê ameaçada por um passado que insiste em segui-la e pior, ela esta sendo perseguida por uma pessoa que considerou sua amiga...Em uma aventura q...