1. A Estranha na Floresta

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Alguém andava pelo mato, o farfalhejar das folhas sob seu pé nu e molhado era audível. Um carro se aproximava na estrada, não tão longe da pobre moça sem rumo. Uma caminhonete 4x4 de cabine dupla atravessava a floresta pelo asfalto encoberto de folhas secas. O lugar cheirava a fotossíntese e asfalto molhado, era uma noite chuvosa.

A moça se aproximava cada vez mais do carro, era previsível o que aconteceria a seguir. E como um animal que foge do seu predador, a moça é atropelada. O motorista desce do carro e tenta socorre-la.

- Temos que te levar para o hospital - diz ele se ajoelhando ao lado do corpo estirado da moça.

O homem então se espanta, assim como a moça. A mulher estava nua, coberta apenas por pinturas corporais de urucum. Seu cabelo era liso e comprido e seu braço parecia quebrado, exatamente no punho. Sua pele morena estava coberta por gotículas de chuva.

- Não preciso de hospi... - ele coloca o indicador nos lábios e ela arregala os olhos.

O jovem oferece seu casaco para aquecê-la do frio da noite. Seus lábios roxeavam e tremiam, assim como seu corpo escultural.

- P-p-preciso... - o homem pega a moça no colo e a coloca no carro deitada no banco traseiro.

Ele assume o volante e tenta se secar. Por baixo do casaco que ele havia emprestado havia uma regata que deixava seus músculos à mostra. Cabelos loiros, olhos castanho escuro e um abdômen sarado, um verdadeiro ator de filme Hollywoodiano.

- Quantos anos tem? - pergunta o homem na direção. A mulher já deveria estar aquecida o suficiente para lhe responder.

- Em números ou séculos? - rebate ela, fazendo com que o homem de uma risada.

- Números.

- D-dezessete - a mulher tinha uma respiração falha.

- Onde estão seus pais? - questiona o motorista, autoritário.

- Morreram a muitos anos.

O jovem motorista se espanta com a naturalidade com que a garota diz isso. Ele se sentiu mal por ter tocado neste assunto, apesar de ser necessário.

- Quem é responsável por você?

- Eu.

Ele respira fundo e tenta pensar em métodos da moça ser mais acessível. O jovem então se lembra que havia esquecido de perguntar o nome da garota.

- Qual seu nome?

Ela se demora em responder. Era possível ouvir a respiração rápida e gélida. Parecia estar se acalmando a medida que chegavam perto do centro da cidade, a floresta estava acabando.

- Buriti.

O homem fica confuso com o nome espalhafatoso da moça. Ela olha para seu punho, ele a observa pelo retrovisor. Já parecia melhor, quase curado. O jovem ainda mantinha uma curiosidade sobre as origens de Buriti.

- É israelense? O que significa?

As luzes da cidade incidiram sobre o carro. Os postes altos carregavam uma coloração amarelada e tão prurida quanto os pés da moça no banco de trás. A chuva já se acalmara, avançando para o outro lado de Beacon Hills.

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