10. O Corvo

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Dakota caminhou sobre o forro de madeira. Todos olharam para os lados para se certificarem que nada os seguia. Eles se enfiaram para dentro e subiram até o andar acima, no quarto de Scott.

A cama ficava ao centro, cercada por livros, uma escrivaninha e um banheiro. Era uma suíte grande com uma vista da floresta na janela. O ar era bom, cheiroso.

- Pronto. - disse Stiles.

Scott deu um empurrão em Dakota para que ela caísse sobre a cama. Foi o que aconteceu. Ela bateu o lado esquerdo do rosto no colchão com muita força, mas logo se recuperou sentando-se na cama e olhando furtivamente para todas as pessoas na sala. Ela abriu um sorriso.

- O que querem saber? - perguntou Dakota.

- Quero saber de onde veio aquela coisa. - disse Scott.

- Quero saber o que veio fazer aqui. - disse Stiles, em seguida.

- Eu quero saber como você sabe tanto sobre mim e qual a sua relação com os Argents. - terminou Malia.

- Bom, eu... - Dakota parou subitamente e arregalou os olhos. 

Ela se levantou e foi até a janela. Se esquivou sobre o parapeito e observou o topo de uma conífera (classe de árvores como os pinheiros). Todos se aproximaram da janela para ver o que ela observava.

Um corvo rodeava a árvore, meio tonto. Sua asa parecia machucada. Scott tentou ver com seus outros olhos o que acontecia.

- Eu já volto. - disse Dakota.

- Espere! - gritou Stiles.

Dakota já estava na escada, correndo como um guepardo. Stiles, Scott e Malia corriam atrás dela, porém Stiles acabou ficando para trás. Ela adentrou na floresta com um corpo estranho.

- Ei! - chamou Scott antes de se transformar.

Eles correram até chegarem a uma parte vazia da floresta. Dakota tinha sumido e eles tinham deixado ela escapar. Todos se sentiram péssimos por deixar uma pessoa ir de uma forma tão fácil. Eles realmente acreditaram que ela era boa.

Todos ouviram um grito. Vinha da direita. Eles correram atrás do som que perpetuava durante o percurso. Parecia estar mais perto conforme andavam. E estava mesmo.

Conseguiram ver Dakota. Ela estava de pé olhando para algo no chão. Estava nua novamente, mas de uma forma diferente. Suas roupas estavam jogadas para um lado e seu corpo estava traçado com riscas pretas e vermelhas. Sua energia podia ser sentida dali.

Scott foi o primeiro a correr. Chegou perto o suficiente para ver onde ela olhava. O corvo que sobrevoava as árvores se debatia no chão. Ele tinha braços e nariz no lugar de penas e bicos. Seu corpo continuava como de um pássaro, mas alguns membros eram humanos. Malia correu até Dakota e tentou agarrá-la por trás. Ela foi lançada para uma árvore quando encostou na garota. Dakota parecia estar em uma espécie de transe. Seus olhos brilhavam em um vermelho ardente, que logo mudava para azul, depois amarelo, verde e uma imensidão de cores.

De repente o corvo parou de se mexer. Scott, que observava a um canto todo o ritual, se aproximou e verificou os sinais vitais do pobre corvo. Dakota continuava em transe.

- Afaste-se! - avisou Dakota com um olhar dirigido a Scott. - Ele encontrará o próprio caminho, só precisamos esperar.

Scott se afastou e esperou para saber o que estava acontecendo. O corvo voltou a se debater com pernas e braços agora. Era a coisa mais esquisita que já tinha visto, e de esquisitices Scott entendia muito bem.

O corvo já não era mais um corvo. Um homem, nu e em posição fetal, se encontrava traçado de riscas no corpo.

- Levante. - ordenou Dakota.

O homem se levantou vagarosamente. Stiles se aproximou para espiar o grande espetáculo de cores que saia do grande homem. Era loiro, musculoso e aparentemente bonito. Seus olhos não tinham uma cor específica, assim como os de Dakota.

- Qual o seu Ninho? - questionou Dakota. Ela já não parecia mais em transe.

- Amazônia. - respondeu o homem.

- Acorde.

Dakota se aproximou do homem e colocou sua mão gentilmente sobre seus olhos e os retirou quando ele caiu sobre a vegetação.

- Não tinha nada disso na pesquisa - comentou Stiles. -, principalmente a parte da nudez.

Malia deu um tapa na parte da traseira da cabeça de Stiles em sinal de repreensão. Scott deu um risinho contido.

Dakota olhou para eles. Seus olhos já estavam normais novamente. Seria difícil explicar para eles o que acabara de acontecer.

O homem se levantara de novo. A cor de seus olhos já se estabelecera. Eram verdes. Seu corpo continuava nu, porém tracejado. Ele parecia meio confuso.

- Quem são vocês? - perguntou ele, assustado.

Dakota se virou gentilmente para ele e se aproximou. Ela colocou o braço sobre o ombro do Corvo e sorriu.

- Meu nome é Buriti. Você não me conhece ainda mas eu sou sua orientadora agora.

- Eu sou um corvo, não participo dessas coisas sobrenaturais.

- Você agora é um de nós. Uma Caipora.

- Eu não sei ser uma Caipora. Eu nem ao menos sabia falar.

- É para isso que estou aqui. Eu sou a Orientadora. Vai passar por mim e depois assumirá o seu próprio Ninho. Infelizmente você não pertence a Beacon Hills, mas irá ser treinado aqui.

- Como me tornei essa coisa?

- O Reprodutor lhe escolheu para isso, então você fará a vontade dele.

- Vocês têm tarefas estipuladas? - perguntou Stiles.

Dakota se virou para ele e respondeu:

- Sim. Depois lhe falo um pouco mais sobre nós, agora tenho um aluno por aqui.

- Quem são eles? Por quê tem cores diferentes nos olhos? - perguntou o Corvo, assustado e intrigado.

- Essas são as almas deles. Com o tempo te ensinarei a ver além disso.

- Existe algo além da alma?

- Existe muita coisa além da alma.

Dakota se voltou e andou até Scott. Ela deitou a cabeça e pediu:

- Poderia abrigar mais um em sua casa? Posso te dar mais informações sobre nossa reprodução se deixá-lo ficar.

- Tudo bem.

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Anísis

THE NEW SEASON | T.W.Onde histórias criam vida. Descubra agora