3. Risco

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Os passos de Melissa se apressaram, o barulho subiu um andar. Os tiros de Parrish cessaram a pouco, os passos de alguém aumentaram.

A Enfermeira abriu devagar a porta do quarto, observando o movimento dos outros funcionários. Todos corriam para baixo, tentando retirar os pacientes feridos daquele andar e trazê-los para cima.

Abrindo a porta, Melissa se deparou com uma situação um tanto quanto curiosa. Dakota estava acuada a um canto, suando. Seus olhos estavam arregalados e azuis, diferentes do preto noturno que carregava. Eles brilhavam no escuro do quarto, pareciam diamantes azulados. Melissa a agarrou pelo braço, levantando-a com um puxão e acordando-a do seu transe. A pobre garota balançou a cabeça e olhou assustada para Melissa.

- Eu sei o que você é. - murmurou Melissa para acalmá-la. Dakota ficou confusa. - Eu só não sabia que vocês não tinham ossos.

Ela puxou a garota para o elevador. Dakota ainda tinha o avental do hospital. Enquanto ela dormia, o médico provindeciara seu banho e roupas. Ela estava limpa, sem os desenhos, e com roupas - ou melhor, um avental que deixava um ar entrar pelo traseiro.

Melissa apertou freneticamente o botão para o térreo, já sabendo que encontraria colegas de trabalho por lá. Ela provavelmente diria que estava levando a paciente para tomar um ar, que ela se sentia sufocada no quarto. A enfermeira não teve tempo para abrir a boca quando chegou ao térreo.

Corpos ensanguentados jaziam no chão, todos sangrando por uma abertura lateral no pescoço. Os corpos tinha sinal de resistência, ela não podia ficar observando tudo isso.

- Querida - disse Melissa para Dakota, que aparentava ter entrado em estado de choque -, vá até meu carro e entre.

- Como vou saber qual é? - perguntou Dakota.

- Pode sentir meu cheiro?

Dakota se concentrou nisso. Ela sabia que o olfato humano era horrível, precisava de algo melhor. Com um pequeno esforço, ela transformou seu nariz pequeno e moreno em um focinho de lobo, preto e molhado. A metamorfa se concentrava no odor adocicado de Melissa, que agora estava em choque.

- Tudo bem. - disse Dakota, por fim.

A garota escondeu o nariz de lobo e encarou Melissa, embasbacada.

- Não sabia que podiam fazer isso.

A mulher jogou as chaves do carro para Dakota e correu para ajudar, seguindo uma linha reta para ouscutar os corações. A metamorfa correu até Melissa, que assentiu para que ela fosse. A roupa da enfermeira gentil já continha respingos de sangue vermelho vinho, sangue arterial carregado de oxigênio. Dakota desviu um olhar e seguiu em frente.

- Dakota! - chamou alguém quando a mesma passou pela recepção.

Dakota desviou o olhar para um homem, jogado a um canto embaixo da pilha de corpos. Ela se apressou e empurrou todos os corpos que haviam em cima do homem loiro e bonito. Cinco corpos com furos na garganta foram jogados de um lado para o outro na tentativa de tirar Parrish dali. Ela conseguiu, mas ele já estava bem debilitado.

Parrish se encontrava com a mão no punho da arma, já sem balas. Ele também tinha um furo na garganta, mas esse ainda sangrava. Parrish gemeu de dor e colocou uma das mais no pescoço, a mão que não estava com a arma. Dakota olhou para os lados e observou as macas indo e vindo para todos os lados, a maioria ensacados.

THE NEW SEASON | T.W.Onde histórias criam vida. Descubra agora