THE NEW SEASON | T.W.

17 - Todos querem sobreviver

Dakota estava sentada de costas para uma árvore parecida com um pinheiro. Ela precisava de tempo para considerar a proposta que Cásper tinha feito a ela, apesar dela ter dito que não aceitaria. Dakota era virgem, só deu no máximo quatro beijos na longa vida. Trabalhou para os Argents por anos, mas nenhum deles se apaixonou por ela da mesma forma que ela se apaixonou por um deles.

Scott caminhou até ela e se sentou ao seu lado. Dakota não moveu sequer a cabeça. Ele ficou observando a rigidez incrível que ela conseguia assumir.

- Eu vou ter que matar o Capelobo? - perguntou Scott, assustado.

- Não sei. Se eu morrer na batalha, sim.

- Você não precisa fazer o quê não quer. Não precisa ter um filho com Cásper para me proteger.

- Nunca pensei nisso. Se é o seu destino combater o Capelobo, que ele se concretize. Eu só preciso te orientar para não morrer.

Scott sorriu um pouco, mas logo assumiu uma expressão seria.

- Eu ouvi que você gostava de um cara. Pode me dizer quem era?

- Ele morreu a muitos anos.

- Então não vou precisar tirar satisfação com ele.

Dakota sorriu um pouco e respondeu:

- Só Lydia deve conhecê-lo.

- Era um Argent?

- Sim. Eu diria "o" Argent.

Scott pensou por um tempo. Essa charada não foi tão difícil.

- Você se apaixonou pelo primeiro Argent? Aquele que se casou com Marie-Jeanne Valet?

- Você o conhece? - perguntou Dakota, surpresa.

- Lydia me contou a história. Isso significa que estou certo?

- Talvez.

- O que ele fez com você?

Dakota tentou segurar as lágrimas enquanto tinha uma expressão séria. Ela não se conteve por muito tempo.

- Ele tirou tudo de mim - disse ela entre os soluços - conseguiu todas as informações do mundo sobrenatural que precisava. E no fim ele me largou pela irmã da Besta.

- Você não parece tão insensata dessa forma. O que aconteceu para que você fizesse isso?

- O meu irmão, quer dizer, o Capelobo, matou a irmã dele. Naquela época todos estavam tão assustados com a Besta que tudo o que acontecia era culpa dela. Ele percebeu que eu era diferente e começou a conversar comigo nas tabernas. Eu era uma grande amiga de Marie-Jeanne.

- Isso também tem a ver com o bestiário?

- Sim. Eu acabei acreditando que ele era uma pessoa boa e me deixei ser descoberta. É claro que ele não conseguia acreditar que tinha se apaixonado por uma criatura como eu, mas ele queria ser o vitorioso e ganhar a Besta. Ele me chantageou por anos para que eu falasse para ele tudo que sabia. Disse que fazia isso porque gostava de mim e gostaria de saber de tudo para me proteger. Eu era tão idiota.

- Era? - brincou Scott, dando um empurrão no ombro de Dakota.

- Quando eu terminei as respostas ele se aproximou de Marie. Quando eu descobri, não aguentei. Eu confiava em Marie, mas não confiei mais nele. Para que eu não contasse a ela o que ele tinha feito a mim fizemos um trato: eu o ajudaria a fazer um tipo de enciclopédia desses animais e, em troca, ele não me colocaria nela para que as gerações futuras não nos caçassem.

- Então fez isso pela sobrevivência de todos? Muito altruísta - comentou Scott.

- Não estou em busca de reconhecimento. Trabalhei para o filho deles, protegendo-o sempre que possível. Criei algumas criaturas para que ele combatesse e aprendesse a se defender. Ele conseguiu preencher o espaço que faltava em mim.

- Você tinha filhos, não? - perguntou Scott.

- Sim - Dakota mantinha o olhar triste e distante. - Eu tinha dois filhos e um marido. Sinto falta deles.

- E mesmo assim deixou seu irmão viver?

- Eu não sou igual a ele. Não mato ninguém por vingança ou raiva, nem por tentar me matar. Ele ainda é meu irmão.

- Marie Jeanne matou seu irmão também.

- Ela era cruel.

- Ela queria sobreviver.

Dakota bufou e disse:

- Todos queremos sobreviver, mas isso não nos dá direito a tirar a vida de outro. Mesmo que ele seja a pior pessoa do mundo, não podemos nos rebaixar a essa maldade. Esse deveria ser o discurso de um Alfa genuíno.

Dakota se levantou e correu em direção ao centro da floresta. Scott suspirou e levantou-se também. No fundo, ele sabia que ela estava certa, mas não podia deixar que aquela criatura se safasse com tanta facilidade.