Capítulo IX - Revelações dolorosas

233 56 45
                                    



Ela conhecia todos os riscos que corria, mas seguiu em frente. Fomos para o esconderijo do pai de Tamara. Gustavo esperou lá fora enquanto eu e Alexia o aguardávamos naquele casebre localizado em Santa Cruz.

Quase não acreditei quando o vi. Tinha a aparência de um homem muito respeitável e se estivesse de terno, todos diriam que era um homem de negócios, o que na verdade ele fora um dia. Aberto Abrantes aparentava ter mais ou menos cinquenta anos e nos recebeu com uma expressão de poucos amigos.

- Vocês realmente vieram. Sabem que podem morrer se desafiarem esta quadrilha.

- Exatamente – Respondeu Alexia. Eu não perderia a chance de entrevistá-lo. Por que o senhor entrou para essa máfia?

- Eu recebi a proposta de um amigo. Soube dos altos lucros da organização, mas não sabia que seria com crianças, até porque tenho uma filha.

- Filha esta que o senhor rejeitou. – Respondi.

- Achei que ela tivesse me traído, mas vejo que a Tamara está com a razão. Fui um idiota, estraguei tudo e acabei com a nossa família. Ah, Alexia eu queria lhe agradecer por tê-la abrigado em sua casa quando a expulsei de minha vida. Finalmente convenci minha mulher a recebê-la depois de tudo o que aconteceu. A propósito, ela não está envolvida com esta invasão. Minha filha não é criminosa e nunca trairia quem lhe estendeu a mão. Alguém a seguiu.

- Quem?

- Não posso dizer. Descobrirá no momento oportuno, mas agora é apenas isso que eu posso dizer. Sei que a moça está revoltada por ter sido mandada inocentemente para a cadeia, mas se querem viver, parem já com isto. Minha filha já está segura, longe do Rio com a mãe e sugiro que façam o mesmo.

- Por que eu? - Perguntei

- A sua irmã sempre esteve envolvida neste crime. Ela tinha inveja de você, pois era mais talentosa. Queria arruinar a sua vida e pediu para armar essa armadilha. No início não concordamos, mas quando a polícia quase nos descobriu, achamos que seria uma boa ideia.

- Como tiveram coragem! – Gritei. Fui contida por Alexia, que pôs a mão em meus ombros.

- Arrependo-me de tudo o que fiz. Por isso dou esta entrevista a vocês. Vou me entregar à polícia no momento oportuno, quer dizer quando essa matéria ocupar as páginas do Diário Mundial.

- Por que não se entrega agora? Podermos ir e desbaratar esta quadrilha. Só depende de você.

- Ainda não é hora, Alexia. Se pretende continuar com esta loucura, saiba que está muito próxima de alcançar o seu objetivo. Agora vão embora, pois podem estar sendo seguidas.

Voltamos e quando saímos da Avenida Brasil, nosso carro foi alvejado com tiros. Abaixamos a cabeça aterrorizadas e corremos a todo vapor. Na mesma hora o telefone de Alexia tocou. Era Tucca.

- O que está acontecendo. Que barulho e esse? Onde você está, Alexia?

- Nosso carro está sendo alvejado. – Neste instante uma bala passou perto de mim e quando me abaixei minha blusa rasgou deixando a minha mancha de nascença a mostra. Gustavo olhou para trás, viu-a e quase bateu com o carro ao constatar a semelhança de nossos sinais.

- Faça o seguinte. Encontre-me neste local. Já mandei uma equipe de seguranças protegê-la. Tente chegar viva, ok?

Alexia desligou o telefone e seguimos para o endereço descrito. A casa grande e espaçosa era no bairro de Irajá. Ao chegarmos, encontramos dois homens armados na porta.

Vidas Roubadas- completo até 30/07Onde histórias criam vida. Descubra agora