Capítulo X- Acertando as contas. Continuação II

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- Só nos faltava essa agora - Esbravejou Gustavo.- Ela fugiu! - Alexia recostou a cabeça em meus ombros e não pronunciou uma palavra. Olhei para Gustavo e respondi.

- Alexia não está muito bem, esqueça esta mulher e vamos levá-la a um hospital.

- A Tucca será um perigo para humanidade se ficar solta.

- Eu sei, mas Alexia poderá morrer se não for socorrida.

Ela foi medicada, o ferimento recebeu um curativo e o médico receitou-lhe antibióticos para que não infeccionasse. Ao chegarmos em casa, encontramos Tamara apreensiva no sofá.

Gustavo estava com Alexia no colo e levou-a para a cama. Bruna não estava mais lá, pois permitimos que ela saísse. Questionei-me sobre o que aconteceria com a minha irmã quando Tucca a visse novamente e senti um arrepio em minha espinha.

Resolvemos dormir, uma vez que não fazíamos isso há aproximadamente quarenta e oito horas. No dia seguinte, ao levantar vi uma cena inusitada na sala. Alexia estava de pé ao lado de Gustavo e Denise. No sofá estava Bruna com a cara fechada e minha mãe adotiva, que segurava fortemente seu braço.

- Joana, vocês precisam conversar melhor. Há algumas arestas a serem aparadas. – Disse Alexia.

- Vejo que você encontrou a sua verdadeira família. Ela é a sua irmã, não é mesmo? – Perguntou Dona Marta.

Respondi positivamente com a cabeça.

- Até que vocês se parecem bastante. Já falou com sua mãe biológica?

- Ela mora em um sítio no interior do Estado do Rio. Pretendo visitá-la quando esta confusão acabar – Respondi enquanto lançava um olhar acusador para Bruna.

- A mamãe descobriu algumas falcatruas de Bruna.- Disse Denise secamente.

- Falcatruas não, mais respeito comigo!

- Cale a boca, garota, pois você só terá direito de falar quando for chamada.

Meu Deus! Mamãe mandar a Bruna calar a boca significa o fim do mundo – Pensei.

- Sempre soube que a Bruna era um pouco mais... como irei dizer? Esperta. De certa forma, eu a admirava por isso, pois achava que vocês duas eram verdadeiras lesmas.

- Muito obrigada pela parte que me toca. Estou comovida com a sua declaração. – Respondi ironicamente.

- Eu apostei todas as fichas em Bruna, considerava-a mais inteligente, astuta e achava que só me traria alegrias e realizações, ao contrario de vocês, até porque, Joana não é minha filha de sangue e nunca quis adotar ninguém.

- E solidariedade nunca foi seu forte. – Retruquei.

- Deixe-me continuar. Mas eu gostei de você, admirei o seu talento em desenhar e fiquei orgulhosa de seus trabalhos. Justamente você foi quem me deu mais orgulho nesta vida.

- Por que me tratou daquele jeito?

- Eu não a queria de jeito nenhum. Você não tinha que ser nada, é adotada, bastarda.

- E justamente eu a surpreendi. Pelo que me consta, ser adotada não é nenhuma doença infectocontagiosa. Eu fui sim a trabalhadora, honesta, decente e me orgulho muito disso. Eu tive tudo contra mim. Minha mãe não me apoiava, perdi o pai que me adorava, fui presa e olhe pra mim.

- Denise sempre foi uma lesma, um estorvo e inútil. Só sabia tocar aquele maldito piano e falar calma mamãe, não brigue com ela, nunca teve brio!

Vidas Roubadas- completo até 30/07Onde histórias criam vida. Descubra agora