Capítulo IX - Revelações dolorosas. Continuação II

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As horas passaram e o estômago da jornalista se revirava a cada movimento dos ponteiros do relógio. Quando o sol se despediu, ela tomou uma ducha quente, deixou que a água caísse em seu corpo, sentiu um aperto no peito e embora tentasse segurar, as lágrimas a venceram. Quando saiu do banho com os cabelos molhados, reparou que havia um homem moreno sentado na sala. Aparentava ter pouco mais de trinta e cinco anos, vestia calça jeans e camisa polo listrada. Ela o olhou e ele imediatamente se apresentou:

- Jorge marques, o motorista que a levará para Gramado. Teremos um longo caminho, senhora Alexia, por isso acho melhor nos apressarmos.

- Vamos – Respondeu dando de ombros. – Embora aparentasse calma, estava com os nervos em frangalhos.

Entrou no banco carona do Audi preto, segurou as mãos trêmulas e respirou fundo quando ele começou a andar. Reparou que ele dirigia cautelosamente e com a velocidade reduzida. Será que é por causa da pastilha do freio? Ele deve saber que este carro foi sabotado – Pensou.

O Caminho foi um verdadeiro martírio; uma longa, silenciosa e torturante viagem rumo a um lugarejo desconhecido. Lembrou-se das palavras de Gustavo e do plano que ele havia traçada para os dois, no mesmo instante, fechou os olhos e fez uma prece silenciosa.

- Droga, acho que o carro deu defeito. Vou buscar ajuda, madame.

O coração de Alexia disparou ao ver o homem sair do carro. Será que aquela seria mais uma artimanha para matá-la? Abaixou a cabeça e levou às mãos a nuca. Na mesma hora, Gustavo apareceu.

- Saia agora,pois não temos tempo a perder!

- O que aconteceu? Você ia parar o carro na estrada e não me buscar aqui. Por que aquele homem saiu?

- Depois eu lhe explico, mas a Tucca descobriu nosso plano e está vindo para cá. Corra o máximo que puder.

Os dois saíram ofegantes pela mata escura. Alexia tropeçou duas vezes e foi levantada por Gustavo.

- Não podemos parar. Tivemos uma mudança de plano, pois a Joana não poderá mais levá-la para a casa da sua mãe, até porque a Tucca já sabe que você iria para lá. Venha, vamos nos esconder ali.

Eles viram um casebre abandonado no meio da estrada e entraram. A casa de pau a pique parecia desmoronar a qualquer momento, mas os dois não podiam se dar ao luxo de procurar um lugar melhor. Encontraram uma cozinha improvisada, com panelas velhas jogadas no chão, um lençol velho que separava o quarto de uma sala improvisada.

- Entre e não faça barulho. Ficaremos aqui agachados.

- O que aconteceu?

- Eu encontrei Tucca no caminho e ela ameaçou me matar caso eu a salvasse. Parece que esta mulher está atrás do carro que a trouxe para esta estrada.-Disse engolindo em seco. Eu tentei despistá-la e sabotei o motorista. Pedi para que a ele deixasse no lugar marcado.

- Você o sabotou?

- Dei todo o meu salário para ele. Neste momento estou mais duro do que um mendigo de praça.- Gustavo a beijou e vi o clarão que se aproximava da casa. Não havia dúvidas: era o carro de Tucca.

- Não faça barulho, caso contrário ela irá nos achar.

- Até parece que este casebre é tão grande. Ela nos encontrará de qualquer maneira. Estamos literalmente ferrados!

Ouviram a porta ser aberta violentamente. Ao sentir que a mulher adentrava, Gustavo a abraçou e na mesma hora fez sinal para que se rastejassem para a saída da casa. Olharam o local, que aparentemente estava vazio e levantaram-se.

Vidas Roubadas- completo até 30/07Onde histórias criam vida. Descubra agora