Capítulo XI- Meu sonho e pesadelo se encontram. Continuação II

200 52 36
                                    


- Você quer nos matar, sua louca! Dirija devagar.

- Cale a boca, Joana – Disse ao lançar discretamente um objeto pesado contra a minha barriga. Era uma caixa marrom com um papel pequeno colado com um durex. Olhei a com raiva e fiz uma careta de dor, mas depois fiquei intrigada com aquela caixa. Discretamente tentei ler o que estava escrito: arba ragaved. Oãn o exied rev.

Mas que Diabos é isso? Por que ela jogou esse troço em cima de mim, ainda por cima com este bilhete incompreensível.

- Devagar ai ein mocinha, senão eu te furo – Disse Eduardo enquanto apontava algo pontiagudo em direção a minha barriga.

- Não vou fazer nada, seu crápula. – Respondi grosseiramente. Olhei novamente para a caixa e fixei meu olhar naquele bilhete. Na mesma hora, as palavras de Eduardo vieram a minha mente: Devagar ai ein mocinha...

Reparei que na segunda palavra estava escrito a devagar de trás para frente. Tentei ler o restante.

Abra devagar. Não o deixe ver. Então é isso! Ela mandou-me uma mensagem cifrada nesta caixa. Mas por que Tamara faria isso? Seria uma espécie de armadilha? Achei melhor ficar quieta e não abrir. Os minutos se passavam e adentrávamos em uma estrada escura de mato alto. Reparei que ela olhou disfarçadamente para mim e virou-se para o volante. Olhei para Eduardo que mantinha aquele objeto apontado para mim. Pus lentamente as mãos na caixa sem saber o que fazer com ela. Tamara olhou novamente para mim, percebeu que minhas mãos estavam próximas a abertura daquele poço de mistério e deu uma freada brusca.

- Cuidado sua idiota! – retrucou Eduardo. Na mesma hora, a caixa abriu e fechou revelando-me o que havia dentro dela: uma arma.

Por qual motivo esta louca me daria um revolver? A não ser que...

Eu sempre detestei armas de fogo, mas não pensei duas vezes, pois era a minha vida e das minhas irmãs que estavam em jogo. Puxei o conteúdo de dentro da caixa em direção a sua nuca.

- Quietinho senão eu atiro!

Eu tremia dos pés a cabeça, pois jamais me imaginei segurando aquele troço. Nem na época em que fiquei presa cheguei perto de uma arma. Ele tentou pegar o revolver da minha mão e na mesma hora o carro deu uma freada. Eu só vi um punho fechado seguindo em direção a sua cara. Tamara deu-lhe um soco certeiro.

- Nossa, você é forte mesmo. Quase acabou com o homem.

- Aprendi com o papai. Eu pensei que você não tivesse coragem de ameaçá-lo. Mas acho que não foi tão impossível, pois já esteve na cadeia. Aprendeu muito por lá?

- Ora, cale a sua boca e me diga por que armou esse circo todo? O que nós estamos fazendo neste carro?

- Não há tempo para explicações. Vamos amarrá-lo, pois preciso levá-la a um lugar não muito bonito.

- Para onde vamos? Posso saber?

- Denise foi sequestrada e Tucca está com ela. – Respondeu-me enquanto amarrávamos Eduardo com o rolo de barbante que ela trouxera.

- O que? – respondi em um grito abafado.

- Exatamente. Agora vamos, pois há vidas correndo perigo. Meu pai resolveu sair do esconderijo para se entregar a polícia e Alexia está seguindo para o cativeiro de Denise.

- Como você conseguiu trazer Eduardo?

- Eu o convenci de que estava no lado deles e tinha me aproximado de vocês para descobrir sobre a investigação. Logicamente ele não acreditou e por isso tive que trazê-la. Disse que iria sequestrá-la para que Tucca a matasse.

- Como está a minha irmã! – Perguntei horrorizada.

- Fica tranquila, pois a Tucca não fará nada contra a Denise – Respondeu-me com uma pausa. – Ainda. Ela não vai matar sua galinha dos ovos de ouros. Na verdade, segundo os planos de Tucca, você seria avisada do sequestro de Denise e viria por livre e espontânea vontade para salvá-la, mas eu acho que se nós tivermos um trunfo, será mais fácil negociar.

- Tucca não se importa com ninguém. Para ela, Eduardo não fará nenhuma diferença.

- Você é quem pensa. Ele é o chefe da organização. – Respondeu-me olhando-o com desdém

- Não é a Tucca?

- Ela é a cabeça de tudo. Organiza e pensa em todos os detalhes.

- Eu não entendo, pois nas reuniões ele parecia apenas obedecer.

- Isso é um disfarce, pois nem todos os membros da quadrilha sabem quem é o verdadeiro chefe. Todos pensam que é a Tucca.

- Como você descobriu?

- Foi meu pai que contou e inclusive me instruiu sobre a melhor maneira de ganhar a sua confiança.

- Foi assim tão fácil?

- Se ele não fosse tão orgulhoso seria mais difícil. Eu disse que queria entrar para a quadrilha, que o admirava muito e desejava ser como ele. O restante foi moleza, pois ele só precisou vê-la sendo trazida pelo braço com cara de frustração e raiva devido a minha suposta traição para acreditar na minha história.

- Você é um gênio!

- Não, eu apenas sou filha de um ex-bandido. – Disse ao fitar-me seriamente.

Terminamos o trajeto como Alexia e Gustavo. Sem dizer mais uma palavra. Era o início de uma viagem de horror.

Vidas Roubadas- completo até 30/07Onde histórias criam vida. Descubra agora