Capítulo IX- Revelações dolorosas. Continuação

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Uma semana depois, fui ao esconderijo de Alexia, embora tivesse sido advertida a não fazer isto. Não sabia o motivo, mas algo dentro de mim achava que deveria apoia-la. Sentia-me desorientada e derrotada pela armadilha que minha irmã havia plantado contra mim. No mesmo dia, Denise me ligou para informar que a data do embarque das crianças para o Canadá seria no dia 23 de março; daqui a três semanas. Bruna ficou responsável por eles. Uma mulher que só pensava no próprio umbigo cuidando de recém-nascidos.

Enquanto isso, na redação, Gustavo andava de um lado para o outro angustiado. Tinha uma suspeita, mas não poderia fazer acusações, pois não tinha provas. Ele tinha razão de ficar tenso, pois se estivesse certo, Alexia estaria em péssimos lençóis. A terrível desconfiança se confirmou no dia seguinte ao conversar com o subeditor do Jornal; um homem de quarenta anos, cabelos grisalhos e olhos azuis.

- O que está acontecendo, rapaz? É um excelente jornalista e agora recebo queixas suas! Não gostei do que me disseram. Não entrega as pautas em dia, falta, chega atrasado. Se continuar assim...

- Eu sei, Alberto, desculpe, mas eu estou preocupado com a Alexia naquela casa que Tucca arrumou.

- Que casa é essa, meu rapaz?

- A casa da sobrinha dela, no Irajá. Não gostei daqueles seguranças que e o jornal contratou. Todos mal encarados!

- Que seguranças? Não contratamos seguranças e nem sabíamos que Alexia estava no Rio. Tucca nos garantiu que ela tinha voltado para o Sul.

- O que?- repondeu Gustavo com os olhos arregalados. O subeditor observou o tremor de suas mãos.

- Exatamente, rapaz. A Tucca nos garantiu que Alexia estaria segura no Rio Grande do Sul. É uma surpresa que ela esteja aqui.

- Então aqueles seguranças, a casa...

- O jornal não tem nenhuma participação neste esconderijo.

- Meu Deus! Então aquilo não é um esconderijo. As minhas suspeitas se confirmaram! A Alexia está em cativeiro. Tucca a prendeu! Foi ela a traidora e não a Tamara. Preciso sair agora.

- Volte aqui, rapaz.

- Não posso. A vida de Alexia está em jogo. – Gritou ao sair correndo do jornal.

Na casa de Irajá, Alexia conjecturava, pois precisava falar com Tucca sobre o desembarque das crianças

- Tucca, onde está você? – ela subiu a escadaria ao ouvir sua voz. Ela deve estar no terraço, preciso falar com ela sobre os planos da quadrilha. Talvez um desses seguranças brutamontes poderão me ajudar. – Pensou.

Ela subiu às escadas a procura de Tucca. Quando chegou ao último degrau, ouviu a voz de ouviu a voz de Tucca no telefone e parou ao ouvir a conversa.

- Bruna, você terá que ficar com essas benditas crianças por mais vinte dias, sim. É muito bem paga para isso. Pare de reclamar, pois não podemos mandá-los ao Canadá agora. Você viu a dificuldade que enfrentamos para falsificar as certidões de nascimento?

Alexia apoiou as mãos na parede para não cair da escada ao levar as mãos à boca. Completamente aterrorizada, sentiu uma vertigem ao olhar para o chão que parecia ruir sob seus pés. Sem perceber, chorou copiosamente e respirou fundo para lutar contra a sensação de desmaio que a acometia. Vagarosamente, desceu sem fazer barulho para não ser notada. Foi apunhalada por uma de suas melhores amigas da forma mais cruel possível. Tudo fez sentido para ela, um macabro jogo de quebra cabeças foi montado na sua frente. A insistência para que ela não investigasse a quadrilha, a viajem para Porto Alegre, as perseguições dos bandidos a todo instante. Tucca era a raposa que caçava o coelhinho indefeso. Fingiu protegê-la e a atacou ao mesmo tempo. Antes de dar o primeiro passo, seu celular vibrou.

Vidas Roubadas- completo até 30/07Onde histórias criam vida. Descubra agora