02 - A Tempestade Enfim Chega

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      Raymond sentou na cadeira almofadada do estúdio de rádio e esperou em silêncio enquanto o locutor do programa anunciava a sua presença. Estava frio por conta do ar condicionado e seus dedos quase não sentiam o toque da madeira lisa da mesa, mas mesmo assim Ernest continuou sorrindo. Ninguém podia vê-lo, mas era importante. Simpatia era a chave de quase tudo.

     Quando Raymond percebeu, era a sua vez de falar. Ele buscou a voz no fundo da garganta e pigarreou:

     — Boa tarde, Alan. É um prazer estar aqui!

     O outro concordou e também sorriu, seguindo adiante com a entrevista:

     — Você é Raymond Ernest, autor do best-seller mundial Os sete psicopatas, que foi lançado há alguns meses — mas isso todos em Nothern Lake já sabem — riu, logo acrescentando: — Você é o orgulho desse pequeno vilarejo!

     Raymond agradeceu. Alan continuou:

      — Você pode nos contar um pouco sobre a história do livro?

     — É a história de um hospital psiquiátrico localizado entre as montanhas, distante de tudo e de todos. Na ala feminina, existem sete pacientes, em especial, que desenvolvem um plano de fuga. As sete usam a noite para se vingar dos enfermeiros que as maltrataram durante os anos em que estiveram internadas. Dentro desse grupo há todos os tipos de mulheres, com todas as idades e níveis de demência. A história narra essa noite de terror vivida pelos funcionários, além de contar os relatos pessoais de cada uma das sete psicopatas.

     Quando Raymond terminou, Alan o olhava vidrado. Parecia um fã.

     — Uau! Arrepiante! — comentou — Eu li o livro todo em uma noite e posso dizer que não há nada parecido no mercado. É genial.

     — Obrigado.

     — Mas, diga-me, Raymond, haverá uma continuação? Escutei boatos por aí e queria aproveitar a sua ilustre presença para esclarece essa dúvida.

     — Sim, sim, Alan, haverá. Já comecei a escrever e não deve demorar muito — mentiu.

     Raymond só conseguia pensar em Brian e em como ele ficava furioso quando o escritor negava novos projetos. O agente dizia que era um assassinato às esperanças dos fãs, e Raymond precisava de seus fãs.

     — Já tem um título? — Alan perguntou.

     — Tenho, mas é segredo — riu.

     Alan concordou e deu continuidade à entrevista, perguntando curiosidades sobre a história, detalhes de sua vida pessoal e pedindo para que Raymond chamasse a próxima música. Quando a entrevista acabou, o escritor agradeceu ao velho amigo pelo convite e saiu do estúdio, encontrando Brian no corredor encarpetado do prédio. Ele segurava um copo de café em cada mão e parecia orgulhoso.

      — Você se saiu bem — parabenizou — Desviou das perguntas sobre a separação de forma delicada e não se exaltou.

      Raymond pegou um dos copos.

      — Eu sei o que eu faço, Brian. Vivi sem um agente por muito tempo.

      — Eu sei disso. Até porque a sua carreira está um lixo.

      — Ha-ha. — ironizou — Minha carreira está ótima.

      Quando Raymond bebeu o liquido quente dentro de seu copo, praticamente o cuspiu para fora. O gosto era horrível.

7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DIA 25/11)Onde histórias criam vida. Descubra agora