PSICOPATA NÚMERO 3

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Ao ficar presa dentro de um prédio em chamas quando tinha doze anos, Kayla Roberts desenvolveu uma paixão preocupante pelo fogo

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Ao ficar presa dentro de um prédio em chamas quando tinha doze anos, Kayla Roberts desenvolveu uma paixão preocupante pelo fogo. Desde aquele dia, nunca se esqueceu da sensação quente perto da pele, dos móveis derretendo, das pessoas gritando. Aquelas lembranças a faziam se sentir segura à noite.

Um ano após o incidente, outra ocasião envolvendo fogo aconteceu. Dessa vez fora menor, com ela e um colega de classe enquanto os dois trabalhavam em um projeto da escola. Eles construíam um vulcão - nada muito original, mas a máquina de cola quente entrou em curto e o papelão que usavam pegou fogo. Kayla não se preocupou em apagar, não ajudou o colega quando as chamas alcançaram a manga de sua blusa e subiram pelo seu braço esquerdo. Ela gostou de ver, gostou dos gritos e da sensação quente tão próxima de novo.

Quando seu pai chegou e apagou o fogo consumindo o projeto e o colega de Kayla, o vazio a atingiu de novo. Havia acabado, e enquanto durou a fez se sentir tão bem... tão viva. Mas também fez o seu pai desconfiar dela. O homem jurava tê-la visto sorrir para o colega em chamas quando entrou na garagem para conter o acidente. Aquilo o fez pensar e ser cuidadoso. E Kayla agora estava sob supervisão.

Ela foi mandada a um psicólogo com a desculpa de que o trauma deveria ter sido grande. Seu colega quase não podia mais mexer o braço, e ela presenciara tudo. Quando Kayla chegou lá, conversou com seu médico por uma hora. Disse que gostava do fogo, que era bonito, mas não disse que gostava dele consumindo pessoas.

Kayla continuou com as visitas por seis meses até que ficasse cansada. Um dia, enquanto esperava para ser atendida no salão de entrada, viu a secretária do médico sair para fumar. De longe admirou o isqueiro, o fogo consumindo o cigarro. Não tirou os olhos da fumaça. Seu coração acelerou. Suas mãos suaram no frio.

— Pronta? - a voz o médico a acordou.

Ele estava de pé, com a porta do consultório aberta. Kayla levantou e entrou na sala com ele.

Naquele dia, conversaram sobre outras coisas. Ele fazia perguntas estranhas, diferentes das habituais, e anotava mais que o normal. Kayla sabia que tinha algo errado, que as coisas estavam mudando. Teve certeza daquilo uma semana depois, quando ele contou sobre o diagnóstico de que ela era uma incendiária.

É, ela pensou, talvez eu seja uma incendiária.

Kayla não tinha problemas em admitir aquilo. A única coisa com a qual tinha problemas era a frequência obrigatória em grupos com mais pessoas como ela. Kayla odiava aquelas pessoas, odiava os remédios, odiava o café gelado. Odiava mais ainda o fogão elétrico da sua casa, trocado após o diagnóstico.

Até aquele momento, Kayla apreciava o fogo e apenas isso. Gostava quando um acidente acontecia, mas não era uma necessidade. Não era algo que precisava para viver, mesmo que a fizesse se sentir bem.

Tudo mudou após o início do tratamento. Ela começou a ficar sedenta e desesperada, como se fosse uma necessidade. Por isso colocou fogo no ginásio da escola durante um jogo de basquete. Matou dez colegas e feriu sete ao fechar as portas por fora e desligar os alarmes de incêndio. Os bombeiros chegaram rápido, caso contrário haveria mais vítimas, mas Kayla estava satisfeita com seus resultados.

Após seu primeiro incêndio proposital e o diagnóstico de incendiária ela foi mandada para o Instituto Robert Ryan, onde conheceu seis outras psicopatas tão insanas quanto ela. Kayla ficou lá por um tempo e, mesmo que não pudesse brincar com fogo, sabia que sempre veria fumaça.

Morreu anos depois, ironicamente através de um incêndio, quando um plano de fuga deu errado e as chamas a traíram pela primeira vez.  

...

CONTINUA

7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DIA 25/11)Onde histórias criam vida. Descubra agora