PSICOPATA NÚMERO 5

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     Carmen Holland cresceu de uma maneira conturbada

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     Carmen Holland cresceu de uma maneira conturbada. Sua mãe, que faleceu quando ainda era nova, era uma vendedora de cosméticos caros, cujo público não passava de senhoras querendo regredir alguns anos. Era uma mulher bonita de porte astuto e conversa afiada, mas que não prestou atenção na estrada certa noite e enfiou o carro no tronco da árvore de uma estrada qualquer. No banco de trás do veículo havia três malas, duas com roupas e uma com cosméticos, e foi assim que a polícia deduziu que ela planejava fugir naquela noite. Carmen não havia percebido até então, mas a mãe odiava aquela cidade. E o pai. E a filha.

     Após a morte de sua mãe, Carmen passou a viver com o pai. Pagavam as contas com o dinheiro que ele ganhava nas minas, mas não era muita coisa. Sem o salário da mãe e seus cosméticos para ajudar, viviam sempre no limite de ter o que comer e nada além disso. Por aquele motivo, talvez, Carmen, aos catorze anos, arrumou um emprego no cemitério da cidade. Ela era paga para varrer folhas no gramado e para recolher flores mortas que parentes deixavam pelos túmulos, mas adorava seu trabalho. Todo dia conhecia alguém novo - vivo ou morto - e todo dia observava pessoas chegando e saindo com olhos inchados e ombros curvados. Percebeu ainda nova que pessoas eram valiosas e frágeis.

     Quando seu pai teve que se afastar do emprego nas minas por conta de um problema de saúde, a família foi indenizada e os dois conseguiram sobreviver quase um ano com o dinheiro. Àquela altura Carmen tinha dezesseis e uma vida inteira planejada dentro de sua cabeça. O primeiro passo era sair do emprego no cemitério: gostava dele, mas seu sonho dentro da medicina não podia morrer. Ela queria muito conhecer mais histórias e pessoas, ver mais do que a morte, presenciar o momento da passagem.

     Infelizmente, seus planos foram arruinados. O pai, já quase maluco, ficava cada dia pior. Sua doença, rara até certo ponto, fazia com que sua pele descascasse como se ele tivesse saído de um incêndio levando apenas queimaduras graves para casa. Sangrava, doía, ardia, o fazia querer morrer e queimar por completo no inferno. Na sua cabeça, nada podia ser pior que aquilo. Ele estava errado.

     Carmen decidiu deixar a faculdade de lado por um tempo, continuando no emprego no cemitério para ajudar em casa. Certa vez, quando estava de folga, chamou o pai para dar uma volta no parque e a resposta foi outra pergunta:

     — Pode me trazer uma faca da cozinha, por favor?

     Ela pegou, mas não imaginava que, quando estivesse entregando a ele, o homem seguraria seu pulso e passaria a faca pelo seu braço como se ele fosse uma pedra de amolar.

     — Por que está fazendo isso?! Pare!

     Mas o homem não parou. Não respondeu. Continuou a feri-la, vendo o sangue escorrer pela pele até que não sobrasse nada além de carne viva e dor.

     Os gritos de Carmem acordaram os vizinhos, mas ninguém chamou a polícia. Sua vizinhança era agitada. Por isso a menina ficou horas com o braço sangrando, sem conseguir chamar a emergência pelo telefone porque o pai a deixara presa em seu portão.

     — Sua mãe fugiu por causa da vaidade - disse o homem ao ouvi-la chorar — Não vou deixar que cometa o mesmo erro.

     Realmente, ele estava certo. A tática fora infalível. Nos próximos dez anos de sua vida, Carmen permaneceu isolada, com medo das marcas em seu corpo. Não queria que ninguém as visse, muito menos que o pai voltasse a atacá-la. Foi só quando ela estava perto dos trinta que tudo mudou.

     Um dia, enquanto tomavam café, o pai teve um infarto. Ela poderia tê-lo ajudado, ter chamado uma ambulância. Tinha certeza que, se fosse rápida, o salvaria. Mas ela não foi. Quando ele caiu no chão, Carmem ajoelhou ao lado dele e depois correu para o telefone. Discou o número, ouviu a voz do outro lado perguntar qual era a emergência, mas acabou não dizendo nada. Colocou o telefone de volta no gancho e se afastou da cozinha, não querendo ouvi-lo se debater.

     Mais tarde, voltou para recolher o corpo. Ela tinha que dar um jeito de sumir com ele, mas não tinha forças para arrastá-lo. Como não tinham amigos e o pai nunca saia, deixou-o no chão da cozinha, todo dia tirando um pedaço para se desfazer aos poucos, e uma vez, quando cortou uma de suas mãos, pensou que ela daria um ótimo churrasco.

     Foi capturada cinco anos depois, por Thomas White. A carne do pai havia acabado e ela queria mais, então matou três pessoas de sua cidade e duas de fora.

     Carmen morreu no incêndio do Instituto Robert Ryan, com as outras seis colegas, quando um membro do grupo cometeu um erro que colocou tudo a perder. 

... 

CONTINUA

7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DIA 25/11)Onde histórias criam vida. Descubra agora