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Quando abriu os olhos, Raymond estava de volta ao hotel. Completamente sozinho, ele sentiu medo pelo que aquilo poderia significar. Sara estava em perigo? Estava com elas? Por que haviam separado o escritor da mulher misteriosa?
Tudo o que ele sabia era que precisava mandar as sete de volta para o livro antes que causassem mais confusões e fizessem mais pessoas se machucarem. Como ele faria aquilo, não sabia, mas sabia que não poderia ser através de qualquer uma das sugestões de Sara porque, infelizmente, confiar na mulher não era uma opção. Odiava pensar naquilo, mas as psicopatas podiam estar certas.
Raymond olhou ao seu redor. Estava no quarto Número Oito do Hotel Nothern Lake, de onde nunca tinha saído. Além de uma cama de casal e uma mesa com uma máquina de escrever, o quarto estava vazio e silencioso. Parecia um retiro simpático para prepará-lo para o abate, e ele sentia que, a qualquer minuto, as psicopatas entrariam e o arrastariam para uma morte dolorosa.
O escritor se aproximou da máquina, curioso. Parecia um porto seguro ao qual se agarrar. Quando chegou perto, notou que havia algo escrito ali:
— A imaginação é a porta de entrada da insanidade — leu em voz alta. — Eu escrevi isso?
Não se lembrava, mas de algum modo aquelas palavras lhe eram familiares, como se ele as tivesse dito através de algum personagem. Mas qual? As psicopatas? Diana? Fazia alguma diferença?
Raymond balançou a cabeça e foi até a porta do quarto, decidido a encontrar Sara e sair daquele lugar. Sentia que a cada minuto ficava mais louco. Em alguns momentos perdia o foco e até confiava nas psicopatas; em outros, só queria achar Sara e ajudá-la com seu plano. Era como se sua cabeça finalmente estivesse entrando em colapso com a quantidade de informações digeridas, sem saber quais atitudes racionais tomar. Decidiu que não confiaria em nenhuma delas, mas que tentaria salvar Sara porque, até aquele momento, não tinha provas de que ela era de fato ruim.
Quando saiu do quarto, teve uma surpresa: o corredor do lado de fora não pertencia a um hotel, mas sim a um hospício. Mais precisamente ao Instituto Robert Ryan, de onde suas psicopatas haviam saído e onde todo aquele pesadelo parecia estar centrado. Ele sempre acabava voltando para aquele lugar. O quarto às suas costas também havia mudado, transformando— se na perfeita definição de uma cela de um paciente. Na porta, seu nome estava escrito em letras curvas e em canetinha preta, atrás de um plástico precário.
— Mas o que...
Ao longo do corredor, os quartos estavam ali, um do lado do outro, com os números e os nomes das psicopatas entalhados em papel sulfite com caneta preta. Ele começou a se movimentar, andando entre eles. Atrás das pequenas janelas e dos vidros sujos as sete sorriam para o escritor.
— Você nos numerou de acordo com os quartos — disse Kiara, o assustando. A porta de seu quarto agora estava aberta, e ela parada com o ombro apoiado no batente.
— E os nomes vieram de acordo com as nossas personalidades — completou Carmem, agora também livre.
— Mas, uma coisa que nunca nos disse, foi por que chamaria o livro de Os Sete Psicopatas se somos todas mulheres — questionou Lily.
— O que não foi preciso ser dito, porque sabíamos a resposta — Florence deu de ombros.
— E qual é a resposta? — Raymond perguntou.
— No fundo, você sabe.
Ele não soube quem disse aquilo, mas teve a impressão de que foram todas, como se as sete não passassem de uma única entidade.
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7 Psicopatas (COMPLETA ATÉ DIA 25/11)
HorrorRaymond Ernest é um escritor decaído. Depois de criar um thriller que vendeu milhares de cópias pelo mundo, ele se encontra em um profundo bloqueio criativo, não tendo inspiração nenhuma para escrever. Enquanto tenta superar a crise literária...