3 capitulo: arena de suicídios

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Acho que me esqueci de contar o que aconteceu depois de desmaiar, não é? Sinto muito pelo suspense no fim do capítulo, mas vou contar agora o que aconteceu exatamente...
{Flashback}
Acordei sobre algo duro, gelado e úmido. Algumas vozes baixas ecoavam a minha volta, quase inaudiveis, eram difíceis de se entender.
As vozes se mesclavam umas com as outras, algumas graves e outras finas.
Minha visão era falha, haviam algumas cores ou pontos brilhantes embaçados que com o tempo começavam a se formar com nitidez.
"vejam ela acordou".
"Melanie?!" Aquele era Carl? Kyle? Com o tempo, muitas vozes começam a chamar meu nome, agora já eram distinguíveis, assim como seus rostos.
Me lavanto encarando todos a minha volta. Estávamos em um cubículo sem móveis, provavelmente um apartamento que nunca foi,e nem será vendido.
-por que estamos aqui? O que houve?
-tivemos que encontrar um lugar para ficar depois do seu desmaio era o prédio mais próximo de nós, mas o único apartamento destrancado era este - Kyle abre os braços, como se me apresentasse ao local com um alegre "bem vinda".
Sim eu me lembrava de desmaiar, me lembrava de Vanie, Annie, Emilly e...
-James! - grito em pânico - o que fizeram com ele?
-James? - Claire se espanta.
-como assim, Melanie? - Carl se aproxima pondo a mão sobre minha testa.
-onde ele está, Carl? - me aproximo de seu rosto confusa.
Agora, com todos os olhares confusos se depositando sobre mim, me sentia uma completa louca. Mas eu juro que o vi, estava lá! No fim da rua! Ele estava, sim.
-devia ter sonhado - menti e mudei de assunto fingindo esquecer, porém não esqueceria nunca - já encontraram alguém?
Eric responde com um balançar de cabeça decepcionado.
-então vamos sair daqui, eles talvez estejam por aí... Sei lá... Escondidos em algum lugar? - Kyle tenta animar o grupo.
O que mais me encantava no garoto era esta forma que ele agia e encarava as coisas. Passou por muita coisa, tem motivos suficientes para desistir, porém persiste com uma pontada de esperança no olhar.
-sim - concordo, no fundo eu já não acreditava mais naquela história, mas algo me mantinha com a vontade de continuar a procura.
-já está anoitecendo, não temos muito tempo - Tony anuncia observando o sol por uma fresta na cortina, forçada por seu polegar e indicador.
O processo de levantar e arrumar as coisas na mochila não dura mais de sete minutos.
Saímos do prédio alaranjado, cujas janelas estavam quase todas quebradas.
O sol estava quase a tocar o horizonte formando sombras altas e exatas dos prédios e casas na rua.
O laranja e o azul se entrelaçavam e mesclavam numa combinação perfeita de novas cores no céu.
Vasculhamos mais uma vez, checamos prédios, casas, não encontramos nada. Mas pelo menos desta vez aguentei o peso das lembranças sobre meus olhos.
Já era noite, provavelmente meia noite. A lua cheia estava em cima de nós iluminando o caminho que faltava para chegar ao prédio.
Estávamos tão exaustos, que no exato momento em que entramos no apartamento, despejamos nossos corpos no chão desligando a mente em profundo estado de pausa.
*****
-Melanie? - Carl balança meu ombro de forma dócil.
Me levanto esfregando os olhos.
-temos que ir
Ao terminar de cruzar a cidade encontramos nosso trailer. Era decepcionante e ao mesmo tempo humilhante entrar e sair da cidade sem nenhum aumento no número de pessoas.
Damos partida no trailer, abrimos o portão e saímos cabisbaixos da cidade.
Estavamos andando quando de repente um grito nos fundos do trailer nos faz saltar.
-Malcom! - era Glenn.
O susto fez George parar o automóvel para ver qual o problema.
-Glenn? - Maggie o chama.
Desceu para a rua, com os olhos fixos na estrada, ele gritou mais uma vez, mas desta vez para nós:
-vejam pessoal! É o Malcom! - ele aponta um andarilho saindo da floresta.
Este, uma vez já conhecido por malcom, agora caminhava sem forças e motivação, com passos lentos e arrastados, grunhidos baixos que serviam como pedidos de socorro.
-devem haver mais de onde ele veio.
E estava certo. Ao andar ao menos seis metros nos deparamos com aquela cena horrível.
Em uma clareira, pessoas com pescoços cortados e facas nas mãos, enforcadas, pulsos cortados e muito mais.
Era uma arena de suicídios.
*****
A tarde não foi muito agitada, todos ficamos em silêncio pelo resto da viagem. De braços entrelaçados aos de Carl, eu tentava entender o que acontecera mais cedo naquela clareira.
Talvez aquele homem queria apenas matar por entreterimento, talvez queria chamar atenção, mas de qualquer forma, era um completo psicopata que devia ser interrompido.
Ele deixava a sua marca por onde passava, matava as pessoas, e assinava com seus nomes no final.
Nós estavamos prontos para a guerra, iríamos combater com qualquer um que entrasse em nosso caminho. Porém não sabíamos que este alguém não era tão fácil de ser derrotado.
Chegamos ao lugar onde estávamos acampando, porém não encontramos o que queríamos ver. Minha mente se distorceu, meu estomago embrulhou e meu coração apertou.
Só consegui soltar sutilmente pelo curto espaço que havia entre meus lábios:
-não pode ser...
{Flashback}
-querida? O padre Gabriel quer que todos vão para o salão da igreja.
-claro - fecho a caderneta e ponho a depaixo do colchão.
Saímos do quarto já direto no altar.
-Tia Mel? - a menininha de oito anos corre até nós.
-tudo bem querida? - ela estava tão grande, batia já quase em meu ombro.
Era difícil ve-la crescer e amadurecer, com o tempo sua pureza estava se desgastando.
Ela era a única prova viva de que a bondade era algo real.

Até o Fim // Carl Grimes #3 TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora