4 capitulo: a melodia silenciosa da melancolia

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Me lembro daquele dia como se fosse ontem. O dia em que pensei te-la perdido para sempre. Com o decorrer do capitulo você entenderá, irmão.
{Flashback}
-não pode ser...
A cena era aterrorizante, soube no exato segundo que carregaria aquela imagem em minhas costas para sempre.
Só o pensamento de que nunca mais veria Judith, me causava calafrios, ainda mais quando pensava em como estaria sofrendo nos calabouços de James, se é que ainda estava viva.
Havia sangue manchando a neve macia. As barracas estavam todas no chão, parece que alguém lutou por sua vida neste local, o sangue indica que este alguém não sucedeu.
-Judith! - começo a cavar feito louca em meio aos destroços.
A neve congelava meus dedos, mas o que realmente me importava no momento era encontrar a garotinha.
-deus! - pulo para espantada ao lançar um cobertor avermelhado para trás.
Um corpo, um rosto familiar, agora podre e congelado. Havia um buraco no lado esquerdo de sua cabeça, a pistola vazia permanecia em suas mãos, os dedos apodrecidos seguravam fortemente o gatilho, nos dando a impressão que o tiro foi do próprio homem.
-Pai?! - Claire se joga ao meu lado de joelhos, deixou se despencar em lágrimas ao cair sobre o corpo do homem - Não! Desgraçado! - ela grita , o fogo do ódio se alastrava no peito, podia ser visto queimando em seus olhos.
-sinto muito - abaixo minha cabeça permitindo que minhas lágrimas caíssem sobre a neve.
Derek sempre fora um bom homem, honesto e sincero. Nunca matou ninguém, nem nunca desejou matar. Porém homens como este não duram no mundo de hoje, os que sobrevivem sabem como matar, sabem como seguir em frente, sabem como se tornar máquinas frias de destruição.
-minha pequenina - murmuro aos prantos para Carl, que neste meio tempo já me abraçava com lágrimas caídas sobre mim, despejou um beijo de temor e dor sobre meus lábios.
Antigamente costumávamos nos oferecer consolo através de abraços e beijos nas bochechas. Porém queremos sempre mais, o desejo que nos une, aumenta a cada segundo de tensão. Hoje seus lábios são os únicos que me fazem esquecer de tudo, do mundo à nossa volta, das lágrima em meus olhos, e do sangue ainda quente de Derek em meus dedos.
Ele, assim como todos, sabia que eu me sentia responsável pela menina, era como uma segunda mãe para ela. Cuidei como se fosse minha própria filha desde seus dois anos até hoje.
Possuia apenas sete anos, não poderia morrer, muito menos sofrer. Ela ainda tinha muito o que viver, seja feito isto a qualquer custo.
*****
A noite já caira, porém o pranto continuou durante a viagem.
Havíamos recolhidos tudo o que restou, para falar a verdade, nada foi roubado, apenas algumas mochilas que deixávamos na barraca de suprimentos. Mas não tenho certeza de que fora James quem as levou.
Aliás, dei uma curta avaliada no local antes de partirmos, acho que descobri algo. A quantidade de sangue era muita, não se encaixava com o tiro que Derek havia levado. Talvez aquele sangue seja de James, ou até mesmo de outro alguém do nosso grupo. Talvez Judith.
-Melanie, descanse um pouco - Carl aconselha iniciando uma massagem suave em meus ombros.
Faço que não com a cabeça. Como ele consegue ser tão forte em momentos tão dolorosos como este. Sei que por dentro sua alma estava a se despedaçar aos poucos.
-não consigo - digo tentando me controlar, era tão forte o desejo de cair em seus braços e me deixar levar pelo mar de lágrimas que me atormentava tanto.
-está tudo bem em chorar - ele se põe a minha frente.
-eu não... - minha voz (que por sinal já estava completamente embargada) falha. Eu queria parecer forte, porém era fraca demais para isso - eu não... - tento falar mais uma vez, sem sucesso.
Me jogo dentre seus braços e apertando o com força. As lágrimas rapidamente se formavam em meus olhos e despencavam sobre sua blusa, o processo era o mesmo com ele.
O tempo passava, lágrimas eram derramadas, corações se trincavam, e mais sangue era derramado.
Na calada da noite, era possível ouvir a melodia silenciosa da melancolia.
*****
Pela noite todos dormiam, eram aproximadamente quatro ou cinco da manhã, os segundos agora pareciam como anos.
Ouvia se apenas soluços, meus, de carl e Claire. George dirigia com os olhos fixos na estrada, nenhum pensamento passava por sua mente.
-ela vai voltar... vai sim... - Carl me consola.
Tudo era calmo e silencioso até que o trailer é bruscamente freado. Nossos corpos são lançados à frente.
Muitos se levantam e preguntam coisas como "o que foi isso?" ou "está todo mundo bem?".
-George! O que está fazen... - ando até ele, porém antes que pudesse terminar minha fala, algo me surpreende - não é possivel... - vislumbro para a imagem diante de meus olhos, James estava pronto para confrontar conosco.
-desçam todos do automóvel! - ele ordena através de gritos - com as mãos onde eu possa ver!
Assim fazemos, o homem, a multidão atrás dele, cada um possuía um fuzil apontado para nossos rostos.
Quando todos terminamos de descer ele nos obriga a ajoelhar no chão com as mãos na cabeça, queria analisar cada um de nós.
-acharam que escapariam tão fácil de mim - ele ri - acharam que eu não observei os por dias, que estavam protegidos naquele acampamento fajuto? Estávamos esperando apenas o grupo se dividir um pouco para... - ele junta suas mãos forte e rapidamente - vocês acharam que eu era um maluco sem motivo algum para fazer aquelas "atrocidades"? - ele ri alto - e... Acharam mesmo que estava sozinho?
Eu estava cabisbaixa, com o rosto levemente virado para o lado e olhos fechados. Esperava o pior, mas não queria vê-lo acontecer.
-ei querida - ele se agacha à minha frente, virou minha cabeça para si delicadamente e acariciou meu rosto com suavidade - não vamos mata-los, já não prescisamos mais. A dívida está paga... - sorri malicioso descendo a mão vagarosamente por meus ombros, sei onde ela chegaria em poucos segundos - aliás, seria um grande desperdício matar alguém como você... Vai ter bastante utilidade aqui - sua mão ia descendo devagar.
Carl se contorce de ódio e desespero, queria se levantar e esmurrar o rosto do homem, porém se o fizesse seria fuzilado no mesmo instante.
James para com a mão ao ver o movimento do jovem ao meu lado. Ele se levantou sorrindo.
-este deve ser o namorado - ri - é um garoto de sorte - minha vontade era de sair correndo dali e arranjar alguma forma de mata lo, da maneira mais lenta e dolorosa possível - mas enfim... Sem mais delongas, quero lhes apresentar à um amigo - vira se de costas e grita por um nome: - Negan!
{Flashback}
E este, irmão, este era o nome da maldade, o nome da destruição, o nome do terror.
E Judith, a garotinha que eu pensava estar morta, agora dorme entre meus braços.
-Tia Mel...? - pergunta ainda de olhos fechados.
-desculpe te acordar, querida, volte a dormir - dou um beijo em sua testa e fecho a caderneta.

Até o Fim // Carl Grimes #3 TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora