11 capitulo: problemas interminados

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Um mês se passara desde todo o incidente com Negan, apesar de nas primeiras duas semanas não termos encontrado nenhum estabelecimento inteiro e que não estivesse sendo habitado por mais de três duzias de andarilhos, conseguimos agora chegar á um condomínio fechado, seguro e isolado de outras cidades. 
Ao menos o tempo fora suficiente para esvaziar a mente, esquecer de tudo o que ocorreu e trocar todos os abraços e historias possíveis com meu irmão.
Ainda ontem te pedi para que fizesse com que esta história fosse escutada no futuro, quando o mundo voltasse a ser o que era e quando estivesse morta, você riu. Mas te perdoo, quem sou eu para julga-lo? Também temo que o mundo nunca mude, ao menos este caderninho será uma única prova lógica da minha existência na Terra. 
-ainda escrevendo isso? - Ruan se senta bocejando.
-que bom ter acordado, eu e Melanie já estávamos quase saindo sem você - Carl diz se levantando.
-que horas são? - perguntou esfregando os olhos e se pondo de pé.
-meio dia, eu acho - olho pela janela observando o sol queimando no topo do céu.
-temos que ir se quisermos chegar ao grupo antes do anoitecer.
Penso ainda não ter mencionado onde estamos. Depois de reunir todos os suprimentos básicos do local encontrado em apenas uma casa, percebemos a falta de armamento e decidimos procurar algum posto policial ou coisa do tipo, porém acho que fomos longe demais a partir do momento em que entramos em Winterville.
-deve haver algum carro ainda inteiro por aí - Carl pisa para fora com a mão tampando os olhos da luz exterior.
-concordo.
Caminhamos por ao menos duas horas sem pausas, até o momento em que encontramos o letreiro grande e chamativo "Atlantic guns", que anunciava a vitrine quebrada de algo que já fora uma pequena loja de armas. Por um segundo colocamos a cabeça para dentro tentando avistar algo de útil.

As vitrines e prateleiras haviam sido completamente esvaziadas pelos moradores locais, pareciam ter pegado o que viam pela frente com pressa. Porém não haviam checado a porta cinza e discreta no canto do local, estava intacta. 
Entrar foi a melhor escolha que fizemos desde que tudo começou. Haviam três prateleiras intocadas e recheadas de escopetas, pistolas e revolveres cheios. Teríamos certa dificuldade em carrega-los pela cidade, então decidimos que Carl iria sair e procurar o carro enquanto cuidávamos do "achado precioso".
Já esperávamos há quase uma hora e meia quando decidi quebrar um pouco o silencio. Era difícil conversar com meu irmão graças ao longo período em que nos perdemos um do outro. Um feixe dourado de luz entrava pela fresta da porta batendo diretamente no lado esquerdo de meu rosto.
-sei que não gosta de falar sobre isso... Mas como  sobreviveu? O que aconteceu durante todo este tempo?
-alguma hora terei de contar, não é? - suspirou com a cabeça entre os braços - quando tudo aconteceu, eu, minha namorada e alguns amigos de faculdade decidimos voltar para Atlanta e reencontrar nossas famílias. Tínhamos um plano perfeito, um avião roubado, um piloto, suprimentos, era para dar certo - afundou ainda mais a cabeça, como se sentisse vergonha.
Um completo silencio se aloja entre nós durante um ou dois minutos.
-quero dizer... O problema real foi quando chegamos em Atlanta, o medo em que nos encontramos quando percebemos que não estavam lá, aquilo nos tirou de nós mesmos. Logo em dois dias após chegarmos, já estávamos completamente loucos e desnorteados. Principalmente eu - segurou o choro com a voz embargada.
-tudo bem... Não precisa fazer iss...
-eu e ela estávamos apaixonados, mas eu entendo que ela tenha se assustado, agiu por impulso - tornou a chorar - minha namorada, Jane, estava me traindo com um de meus amigos e quando descobri eu me descontrolei.
-Ru... - tento impedi-lo de continuar, estava com medo de ouvir o que tinha a dizer.
-eu matei-os! - gritou com ódio de si mesmo enterrando o rosto nas mãos.
Fiquei completamente imóvel, sem saber o que fazer ou dizer. Contemplei o silencio torturador e o desastre que havia causado.
-sinto muito... Não devia ter perguntado nada.
-eu... Não devia ter surtado, me desculpe - inclina levemente seu rosto para o lado e foca seus olhos vermelhos e inchados nos meus.
Por sorte Carl chegou e quebrou aquele momento completamente constrangedor. Nem parece mais que somos irmãos, que brincávamos juntos quando criança ou que consolávamos um ao outro quando algo ia errado. Parecemos hoje dois completos estranhos.
Partimos com o carro em direção ao nosso grupo quando terminamos de levar todas as armas para o carro. O sol já havia começado a se por, uma pintura abstrata e colorida começava a se formar no céu, como se um monte de latas de tinta coloridas houvessem sido derramadas ali, naquele mesmo fundo azul e infinito.
Acordo com a freada brusca e repentina do velho corsa azul. Abri meus olhos levemente para visualizar o problema.
 Ruan e Carl permaneciam imoveis com os olhos fixos em algum ponto fora do carro, uma risada nervosa me faz tornar o olhar para a estrada onde, bem em nossa frente, uma figura surge no meio da neblina escura.
 James mantinha o queixo erguido junto ao facão posicionado na jugular de Brian.

Até o Fim // Carl Grimes #3 TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora