8 capitulo: plano de sangue

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{Flashback}
-por aqui - a dra. McCann aponta a minúscula portinha prateada.
Seria um tanto quanto difícil devido aos meus leves traços de claustrofobia.
-sim - digo abrindo-a.
-damas primeiro.
A primeira a entrar é McCann, logo em seguida eu e Carl.
Adentrando pelo tubo prateado, sinto o ar ficar cada vez mais escasso e pesado, meu coração acelerava e é como se as paredes brilhosas apertassem-nos cada vez mais, estavam encolhendo e encolhendo, até nos fecharem por completo.
O tubo de ventilação não era o local ideal para se atravessar, porém não tinhamos outra escolha.
-é bem aqui - McCann cochicha apontando uma pequena portinha prateada de ventilação.
Abriu delicadamente.
-olá? - cantarolou chamando a atenção de todos no local.
Maggie se jogou para trás do namorado assustada.
-não tenham medo - aproximo meu rosto do buraco - têm de vir rápido.
Judith foi a primeira a tomar atitude, se pôs de pé e pediu para que alguém a ajudasse a subir, já que nos localizavamos no teto.
Quando a garotinha alcança a nossa altura, o resto do grupo na sala toma coragem suficiente para acreditar em nós, sabiam que eu nunca me renderia.
Quando todos terminam de subir ao tubo de ventilação, seguimos engatinhando em silêncio.
Estava abafado, e era como se as paredes escolhessem por onde eu passava, o que me dava a pressa para ir o mais rápido possível e sair daquele inferno de cativeiro.
-temos de descer, chegamos ao fim - ouço a voz baixa de McCann ecoar pelas paredes prateadas através da longa fila de pessoas a minha frente.
Quando esta volta a andar, finalmente enxergo o enorme ventilador à minha frente e os integrantes do grupo descendo ligeiramente pela entrada.
-Melanie - ao descer do teto ouço uma voz familiar em minhas costas.
Viro me lentamente conseguindo ver meu grupo ajoelhando no chão a me encarar.
-achou que sairia daqui tão facilmente? - Negan ri - olhe à sua volta, vê aquela porta - ele aponta para a saída, estava tão próxima... - aquela é a porta de entrada para o inferno, o que vocês teriam aqui não é nem próximo do que teriam lá fora. Daríamos-lhes comida, água... Mas vocês nos traíram...
Olho nos olhos de Carl, o que faz Negan rir nervoso.
-Sabe, Melanie... Quando assistia á este grupo, pensei que era uma boa líder... Porém hoje, quando vi você arriscar a vida de todos eles - aperta rancorosamente a bochecha de Hershel, fazendo o reclamar - para ficar com o seu namoradinho... Então... se vocês querem sair, saiam! Mas digo lhes uma coisa... Nós os caçaremos até termos explodido os miolos de cada um deste grupo nojento - empurra Carl para o chão e torna a encarar McCann - esperava mais de você, doutora.
Antes de virar suas costas ele olha fixamente para mim e diz:
-vocês têm dez minutos antes de começarmos nosso "joguinho" - riu - Que vença o melhor, porquinhos.
*****
-Faz quanto tempo? - grito ofegante ainda correndo.
-sete minutos, tia Mel! - a garotinha em meu colo responde assustada.
Olho para trás, a grande construção branca, apesar de se distanciar um pouco mais a cada segundo, ainda podia ser vista.
O esforço de continuar correndo era enorme, porém a dor penetrante em meus ossos era ainda maior. Minha perna ardia de dor, quase pude sentir meu osso queimando por dentro, a agonia do medo não me permitia parar.
Fecho meus olhos com força e tento me dar o impulso para continuar, porém era impossivel. Afrouxei meus passos ligeiros lentamente até conseguir parar de vez.
-por que parou, Melanie? Está tudo bem?
Faço que não com cabeça deixando a menina no chão e apoiando me com as mãos nos joelhos de cansaço.
-oito minutos - a menina anuncia se sentando na grama.
Sorte seria se a garotinha não houvesse torcido o tornozelo naquela raiz em que tropeçou há pouco.
-e se... Podemos subir nessas árvores e passar a noite aqui - Claire sugere amarrando a bota.
-é uma boa ideia - Tony concorda.
-mãe... Estou com fome - Hershel diz baixinho puxando levemente o tecido da saia de Maggie.
-tudo bem... - me levanto e posiciono frente ao grupo - serão três pessoas em cada árvore - olho para o sol que tocava delicadamente o horizonte - está anoitecendo, é melhor começarmos a subir.
***
Pela noite, já era tarde quando ouvi os passos e as vozes grossas de ódio passarem.
-eles tem de estar em algum lugar por aqui.
-é, não conseguiriam correr tanto assim.
Senti minha respiração acelerar junto aos batimentos cardíacos, agora mais fortes, as mãos suarem e tremerem.
Se alguém fizesse algum mísero som, ou se algum deles tivesse a idéia de olhar nas árvores, seria nosso fim.
Carl se estica e põe a mão em meu ombro ao perceber meu estado, sorte a minha que seu galho não era muito distante.
A noite produzia silhuetas tenebrosas em todos os lugares, junto à ruidos medonhos.
Pude ouvir que todos os passos se afastaram, o que me tranquilizou por certo tempo.
-vamos ficar bem - ele cochicha voltando sua mão para seu colo.
Apenas assinto e fecho meus olhos. Era uma droga ter medo de altura, este era o maior medo que tinha, não consegui dormir aquela noite e ainda tive o prazer de ter de contar os segundos silenciosamente com os terríveis sons noturnos junto à distância que tinha do chão.
Pela manhã ouço bocejos e olhos a se abrir.
-todos já foram? - Carl pergunta à mim.
-não apareceram mais depois daquela hora.
Até que naquele mesmo instante, as vozes do meu grupo se cessam e são outras as vozes que tornam a ocupar o ar.
-faltam só mais essas nessa região, quero um em cada árvore.
Passos se aproximam, o medo toma conta de mim, o desespero enche meus pulmões. Olho para Carl tentando encontrar uma solução, mas ele parecia estar no exato mesmo estado em que eu.
Galhos se quebram no chão abaixo de nós, olhei para baixo e pude ver olhos negros me observando com um sorriso amarelo e malicioso.
Fomos encontrados.
Continua...

Até o Fim // Carl Grimes #3 TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora