2 capitulo: James Gordon

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Há algo sobre Emilly, algo que você ainda não sabe, Irmão. Porém não é apenas sobre ela... Foi há um ano atrás...
{Flashback}
-Melanie! - Kyle corre até mim.
Viro me para trás sorrindo para o amigo.
-sabe aquele casal que fugiu da cidade há pouco tempo?
-aqueles dois homens que resgatamos?
-sim! Aaron e Eric! Eles tem boas novas, achei que você gostaria de saber.
-sim? Pode dizer - sorrio aguardando a novidade.
-na verdade não é bom o quanto está pensando.
Fecho meu rosto aos poucos tentando imaginar o que seria. Como se aqueles míseros segundos silenciosos de suspense me impedissem de ouvi-lo.
-bom... Até agora nossa teoria fechada sobre a morte de Emilly, é que a coitada se matou por causa da perda da irmã, não é?
-sim... E...? - aquilo já não era novidade para nós, afinal já fazia quase um ano que a garota havia morrido.
-não foi suicídio.
-como assim, Kyle? Como não?
-um homem chamado James Gordon matou-a e forjou suicídio, a morte de Annie não teve nada a ver, foi apenas uma grande coincidência.
-mas... Como souberam que foi esse homem?
-recentemente ele matou mais uma garota, porém desta vez asfixiada, depois cortou seus pulsos forjando mais um suicídio. Mas o que ele não sabia é que estava sendo observado.
-observado por...
-Aaron.
-foi por isso que ambos fugiram?
-é, não sei como os coitados estariam se não os encontrássemos.
-e o que houve com James?
-então... Você não vai gostar nem um pouco...
-o que é? Não me digam que o deixaram fugir?!
-pior... Os dois fugiram em segredo da cidade, não contaram nada sobre os assassinatos para ninguém.
-o que?! Esse psicopata não vai parar nunca, Kyle! Onde estão aqueles dois?
Ele aponta o trailer. Saio pisando fundo em direção ao automóvel, estava com uma vontade esmagadora de estrangular e esfaquear eles.
Bato a porta do trailer ao entrar, causando um estrondo extremamente alto. O casal acorda num pulo.
-O QUE VOCÊS FIZERAM?!
Eric e Aaron se entre olham assustados.
-o que fizemos? - Eric pergunta.
-por que não contaram sobre James à ninguém.
Aaron arregalou os olhos de medo, parecia se lembrar de algo assombroso em seu passado.
O namorado imediatamente abraça-o e começa a dizer em sua defesa:
-sinto muito, não sabíamos se era seguro contar para alguém, sabe... É difícil confiar nas pessoas...
-sabe quantas pessoas matou ao omitir isso?
-sei... - sua voz começa a embargar ao ver o homem envolto em seus braços derrubar algumas lágrimas - não queríamos ter feito isso - suas palavras falham com a chegada de gotas salgadas em seus olhos - é que... Estávamos com tanto medo... - não consegue dizer mais nada, seu choro se torna algo incontrolável.
Se ninguém tomasse nenhuma atitude, eu tomaria.
***
A noite chegou, o sol se pôs e a lua o subistituiu. Todos sabiam sobre o assunto, porém evitavam.
-Pessoal! - chamo à todos do lado de fora do trailer.
Minhas botas negras e sem vida afundavam na lama. Aos poucos, foi se formando um círculo de pessoas à minha volta, coçavam a cabeça e os olhos, sonolntas ao mesmo tempo que confusas.
-o que é agora Melanie? - Maggie pergunta envolvida nos braços do marido.
-vocês sabem que não estamos longe da cidade, não é?
Alguns assentem, outros observam. Passamos o último ano nas redondezas da cidade, estávamos com medo de tomar muita distância.  Carl para ao meu lado e põe um de seus braços a minha volta em sinal de concordância com meu plano.
-o que pretende? Vá direto ao ponto - pede George.
-eu, Carl, Kyle, Aaron e Eric estamos voltando por causa de James, já devem ter ouvido seus boatos ao longo do dia de hoje, quem quiser ir conosco...
-Maggie e eu ficaremos com as crianças - responde Glenn.
-podemos ir, não é, George? - Tony olha para o amigo, que rapidamente assente.
-vou com vocês - Claire se voluntariou.
-certo... Vão descansar, partiremos cedo.
Todos se viram de costas e caminham lentamente até suas barracas.
Torno meu olhar para Carl. Eu estava com medo, com medo do que veria, do que faria no dia seguinte.
-amanhã vai ser um longo dia - olho no fundo de seus olhos azuis procurando consolo.
-vai sim... - ele responde ao meu pedido silencioso de socorro com um beijo macio em minha testa.
*****
Me despeço de Judith com um abraço apertado, a mesma permanece parada junto à Hershel ainda enquanto entro no carro.
Claire se põe por detrás do volante girando as chaves.
-estão todos prontos?
-sim - respondemos baixo, quase que em uníssono.
Quando o trailer começa a andar, os dois pequeninos de sete anos acenam abraçados.
-veja como ficam lindos juntos - sorrio apreciando a bela imagem inocente que se afastava aos poucos.

---pois é, irmão, eu estava muito assustada. Nunca tinha ficado tanto tempo sem Judith, além de não saber o que faríamos com James quando chegássemos. Detalhe: isto foi dia 09/06, um ano antes de meu casamento.---

A viagem foi tranquila, e isso contrastou com a nossa volta do local.
Lá estava o portão, e estávamos nós também. Carl me envolve em seus braços fazendo me sentir segura.
Quando Tony termina de abrir o portão e avançar para dentro, o trailer também adentra o local.
Estava tudo tão quieto, ninguém nem ao menos se importou em checar quem estava entrando.
-há algo errado, algo muito errado - uma voz masculina comenta, porém não me dei o esforço de verificar quem era.
Carl percebe meu medo e tremor.
-vai ficar tudo bem - sua voz me acalma um pouco ao menos.
Meus pulmões logo são tomados por aquele conhecido e velho ar melancólico transmitido pela cidade, as ruas eram escuras, apesar de ainda estar de dia. As nuvens azuis escuras e densas preenchiam o céu, bloqueando a luz do sol.
A comunidade não demonstrava sinais de vida, não havia luz, não havia nada, literalmente nada.
Nenhum sinal de mortos ou vivos, era uma cidade fantasma, como se ninguém nunca houvesse morado ali.
Juro ter ouvido ao longe grunhidos, e um grito estridente. Porem soube que era coisa da minha cabeça quando ouvi um sussurro soprado em meu ouvido, era um pedido de socorro de Emilly.
-Melanie você está bem? - Maggie percebe meu estado de desespero.
Os braços de Carl me envolviam em um abraço apertado, eles me garantiam que este nunca sairia de perto de mim.
-estou - minto com um breve sorriso.
Era certo que meu cérebro não funcionava bem sobre pressão e terror. Porém só foi claro para mim quando as visões começaram.
Paramos o trailer e descemos.
-vamos dar uma volta e ver o que encontramos, tudo bem?
Agora éramos apenas nós em meio àquela enorme cidade. Era uma comunidade de apenas dez pessoas, e alguns outros caminhantes.
Estávamos passando ao lado do campo de trabalho escravo, onde ocorreu nossa batalha contra Vanie.
O mundo começara a girar lentamente em torno de mim, assisto aos nossos fantasmas do passado a guerriar uns contra os outros, tiros ecoam, sangue espirra, corpos caem. Sei que era apenas da minha cabeça, mas era tão real, tive medo. Por alguns longos instantes me senti sozinha.
Tantas lembranças ruins, eram tantas... Não achei que conseguiria dar mais um passo naquela cidade sem assistir aos meus traumas passados se projetando à minha frente. Para falar a verdade, não consegui.
Estávamos agora na frente do prédio onde adoeci, agora assistia a queda de todos, eu assistia a minha própria queda aos olhos da morte.
O mundo gira um pouco mais rapido, era tudo tão depressa, estava ficando tonta.
Agora estávamos em frente ao prédio de onde Emilly caiu, seu rosto lateja em minha mente, o sangue tingindo seus cabelos castanhos ao vinho.
Passamos pelo cemitério onde enterramos-a. Assisti à mim e Kyle conversando cabisbaixos.
O mundo gira mais rápido a cada passo tornando tudo mais difícil.
Antes de cair no chão, avisto no fim da rua mal iluminada, uma sobra carregando um facão afiado. Era James.
{Flashback}
-Vamos dormir, querida - Carl me apressou - o que está escrevendo?
-não é nada - dei- lhe um beijo na testa, guardei a caderneta e apaguei o abajur.

Até o Fim // Carl Grimes #3 TWDOnde histórias criam vida. Descubra agora