Prólogo

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~*~*~

Kate

Todo conto de fadas sempre tem que iniciar com um estonteante "era uma vez". Mas nesse enredo, eu decidi não começar com essa longínqua frase que atormenta cada nervo meu, porque nessa história, as coisas são BEM diferentes.

Para deixar mais claro, melhor partir do princípio antes que tudo me deixe no tédio... Minha mãe faleceu de uma doença terminal quando eu tinha apenas um ano de vida, não me especificaram exatamente o que seria, e eu nunca tive coragem o suficiente para perguntar. Nem sabia falar naquela época, e muito menos à pensar direito quando a perdemos. Logo, assim que completei dez anos, meu pai achou melhor uma filha passar a joventude com a presença de uma mãe, claro que um homem não saberia como lidar com uma filha na fase de amadurecimento, e principalmente quando crescesse um pouco mais. Contudo, para mim, tudo não se passava de uma total tolice e perda de tempo. Qual seria o sentido de querer se casar depois de ter me educado sozinho depois de nove anos?

Era melhor nem questionar...

Foi nesse instante em que ele... bem, se casou! Não com uma mulher incrível, que poderia ser um ótimo exemplo para mim... Para ser franca, ela estava muito longe de ser uma boa madrasta, mas era óbvio que ele não percebia.

Seu nome era Jackeline Vincent, uma mulher com ambições claras e objetivas, a qual após ter se oficializado como viúva de um grande homem de negócios – este antes um grande sócio da empresa de meu pai –, estaria disposta à conseguir o que quiser para que sua vida voltasse a ser gloriosa. Posso admitir também que na primeira vez que a vi, pensei na possibilidade de Jackeline ser uma perfeita madrasta, e negava acreditar que não. Porém todas as suas máscaras caíram quando, sem estar na presença de meu pai claramente, ela me subestimava mais do que tudo, ou ao menos me menosprezava igual um pequeno rato.

Mas em face a face com meu pai, seu comportamento mudava "da água pro vinho", e Jackeline se tornava a mais bondosa das mulheres que neste mundo já existiu... Eu estava perdida, porque não jurava que uma pessoa poderia ser tão pessonhenta a ponto de enganar os outros sem fazer esforço algum. Como então meu pai acreditaria em mim? Uma criança contradizer a palavras de um adulto... Realmente, não valia a pena contar para ele.

Mas voltando à história, estava mais do que claro que Jackeline queria ser a primeira prioridade de meu pai, me colocando sempre de escanteio quando podia... junto com suas duas filhas ingratas que eu não poderia deixar de fora desta conversa.

Agora fazendo parte da minha família, Jackeline e suas filhas Traicy e Jessie, que a todo tempo possível, buscavam me inferiorizar ao ponto de mandarem em mim, para minha infelicidade.

Quando atingi os meus 14 anos, foi a vez de meu pai me deixar. Em uma noite tempestuosa, sem saber direito o que estava a sua volta, ele morreu em um acidente de carro, sem poder resistir... Com essa notícia, me abalei por dias às quatro paredes de meu quarto, que parecia quase me sufocar.

Não conseguia dormir, não comia, não pensava em mais nada ao não ser querer ficar sozinha em meio as minhas lágrimas de luto e solidão. Todo aquele caos emocional só poderia ser um sinal de que, alguma coisa muito ruim estava para acontecer, e eu estava em apuros pedindo apuro.

Depois desse acontecimento devastador, tudo se tornou mais nebuloso... Meu pai não havia deixado testamento, o que só indicava que a nova proprietária sobre a empresa da minha família, do casarão, e por último mas não menos irrelevante, de mim... era Jackeline!

Como é de se esperar, ela não soube ser uma boa empresária, e em menos de um ano, quase levou o empreendimento de meu pai à falência. Diante deste fator, o dinheiro começou a ficar muito apertado no bolso, e alguns custos foram totalmente cortados, como foi o caso de muitos funcionários que se demitiram quando seus salários decairam. Conclusão estava em substituir seus ofícios com os meus, me posicionando como uma "empregada" mais do que capacitada para poder cuidar do casarão.

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